Fitoterápicos (Foto: Pisauikan/ Unsplash)

Os medicamentos fitoterápicos são extraídos de vegetais (Foto: Pisauikan/ Unsplash)

Diferentes de plantas medicinais, os medicamentos fitoterápicos são aprovados pela Anvisa e alguns deles, inclusive, distribuídos no SUS. Mas, não é porque se trata de um tratamento natural, que dispensa o acompanhamento de um especialista. Veja abaixo um guia completo com dicas sobre fitoterapia e como ela pode ajudar (e muito!) no equlíbrio da sua saúde.

O que é fitoterapia?

O termo fitoterapia foi descrito no século XX, pelo médico francês Henri Leclerc. "Refere-se ao estudo e ao uso de plantas, seus princípios ativos ou substâncias químicas, com objetivos medicinais", explica a naturóloga Rita Mesquita. Ou seja, para a prevenção e tratamento de distúrbios e doenças. "Também há a visão terapêutica das plantas com base em suas propriedades energéticas, no caso das medicinas vitalistas, como a medicina chinesa, ayurvédica e antroposófica", complementa.

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Qual sua origem?

"A fitoterapia é tão antiga quanto à história da humanidade. relatos de estudos sobre plantas apontam para o ano 8500 a.C. Por volta do ano 3000 a.C., começou na China quando o imperador Cho-Chin-Kei descreveu as propriedades do ginseng e da cânfora", explica Raísa Paula, médica especialista em medicina metabólica e longevidade.

Mas, o maior avanço da fitoterapia aconteceu a partir do século XIX, com o progresso científico na área química, permitindo a análise, identificação e separação dos princípios ativos das plantas. "Foi em 1978 que a Organização Mundial da Saúde passou oficialmente a reconhecer o uso de fitoterápicos com finalidade profilática, curativa, paliativa ou com fins de diagnóstico", afirma a médica.

Segundo Rita, a fitoterapia moderna combina o conhecimento secular com as mais recentes descobertas científicas. "Portanto, um medicamento fitoterápico é fabricado sob certas condições, sendo cientificamente testado, avaliado quanto à sua qualidade, eficácia e tolerabilidade", diz.

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Como funciona

"Há cerca de 20 mil tipos de plantas utilizadas na fabricação de produtos farmacêuticos em todo o mundo. São folhas, flores, toda a planta acima do solo, madeiras, frutos, botões, cascas, sementes, caules, raízes, pontas de galhos e bulbos tornam-se agentes terapêuticos", conta Rita.

De acordo com a naturóloga, na fitoterapia, nenhuma substância individual isolada da planta é usada. "É sempre uma combinação dos mais diversos constituintes que atuam como uma mistura de substâncias no corpo humano. A fitoterapia moderna segue os princípios da medicina baseada na ciência, pois pressupõe uma relação dose-efeito", diz. Portanto, a padronização e os métodos para a produção dos fitoterápicos são muito importantes. Todos devem ter quantidades definidas de ingredientes ativos, qualidade e eficácia consistentes.

"Assim, a fitoterapia, como um sistema complexo, atua em vários níveis. Permite ir mais longe na busca dos fatores patológicos, na causa dos possíveis mecanismos envolvidos na raiz do desequilíbrio. Tem ações tanto nos sintomas, como ao nível do terreno biológico de forma sistêmica", afirma a especialista.

Dessa forma, as propriedades medicinais de uma planta resultam dos seus efeitos somados pelos seus constituintes individuais, os fitoquímicos. "Por exemplo, as antraquinonas tem um efeito laxante. Os flavonoides são antiinflamatórios, enquanto as saponinas atuam mais com o aspecto expectorante", explica.

Entre os benefícios que a fitoterapia traz ao organismo, há a melhora do sistema imunológico, menos efeitos colaterais nos tratamentos e não costuma causar dependência. "Também permite tratamentos personalizados é de fácil acesso. Atualmente, inclusive, alguns medicamentos fitoterápicos são oferecidos pelo SUS, no modelo PIC (Prática Integrativa e Complementar). Um exemplo é a Maytenus ilicifolia (espinheira santa), geralmente indicada para dores no estômago, gastrite, úlcera, queimação e azia", diz a especialista.

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Fitoterapia (Foto: Stefan Rodriguez/ Unsplash)

É preciso ficar atenta: fitoterápico não é a mesma coisa que planta medicinal (Foto: Stefan Rodriguez/ Unsplash)

Há diferença entre fitoterápicos e plantas medicinais?

Existe sim! Os fitoterápicos são medicamentos aprovados pela Anvisa obtidos com emprego exclusivo de matérias-primas ativas vegetais. "A fitoterapia conta com um processo de industrialização padronizado, que evita qualquer tipo de contaminação por microrganismos e outras substâncias. É considerado mais seguro por trazer em sua formação a composição correta e ter a quantidade dos ativos", explica Raísa. 

Já a planta medicinal é todo e qualquer vegetal que possui ativos que podem ser utilizados com fins terapêuticos. Normalmente, são utilizadas na forma de chás e infusões.

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O que são fitoquímicos?

"Os fitoquímicos são constituintes químicos produzidos pelas plantas, e também pelas plantas medicinais. São produtos que, por seu metabolismo secundário, servem como forma de proteção e perpetuação da espécie", afirma Rita. Alguns servem, por exemplo, para repelir predadores, outros para atrair polinizadores. "As plantas não produzem por nós, mas sim por elas. Mas nos serve também como forma de tratamento", diz.

São compostos químicos, portanto, encontrados naturalmente nas plantas, produtos do metabolismo vegetal. Nos alimentos sua principal fonte são os vegetais, frutas, legumes, nozes, e grãos inteiros.

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Fitoquímicos nos alimentos

"Os fitoquímicos podem ser observados por meio da coloração e dos aromas específicos dos alimentos. Há cerca de 100 mil fotoquímicos diferentes e 10% deles são encontrados nos alimentos vegetais", explica Rita. Eles são agrupados de acordo com sua estrutura química, como por exemplo, os flavonoides que são de cor vermelha, azul e roxa. Veja abaixo: 

Laranja e amarelo: mamão, cenoura, damasco, laranja. "São ricos em betacaroteno, antioxidante, que fortalece o sistema imunológico, e também em vitamina A", explica Raísa.

Vermelho: tomate, goiaba vermelha, melancia, morango. "Ricos em licopeno, antioxidante que previne doenças do coração e diversos tipos de câncer", diz a médica.

Verde: brócolis, couve, repolho, mostarda, acelga, kiwi. "Possuem luteína, zeaxantina e clorofila,  que protegem os olhos, desintoxicam o corpo, regulam a pressão e reforçam o sistema imunológico, o sistema circulatório e o músculo cardíaco. São ricos em vitaminas A e C", afirma.

Azul e roxo: berinjela, repolho roxo, amora, uva rosada entre outros. Previne contra doenças cardiovasculares e câncer, reduz o colesterol.

Branco: cebola, alho, cebolinha, alho-porro. Contém alicina, que atua contra infecções e contribui para a redução do colesterol, triglicérides e pressão sanguínea.

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Que precauções é preciso ter ao ingerir fitoterápicos?

"Como toda medicação tem efeitos colaterais e precisa ser prescrita e orientada por um médico ou nutricionista especializado", avisa Raísa. Segundo a médica, cada ativo tem seu mecanismo de ação e dose, que pode variar de forma preventiva (menor dose por prazo maior de tempo) ou curativa (maior dose por menor prazo de tratamento). "Indicações de ativos e doses só pode ser feita por um profissional. Não faça uso de medicamentos, mesmo fitoterápicos, sem acompanhamento médico. Sua saúde em primeiro lugar, sempre!", diz.

Rita lembra, ainda, que o profissional habilitado será capaz de avaliar se o fitoterápico possui alguma interação medicamentosa ou restrições para o paciente. "Além do acompanhamento seguro e eficaz na busca do melhor resultado", conclui Rita.