Dez coisas que os humanos fazem que os gatos odeiam

Os gatos são carinhosos, sim. Mas é importante que o tutor entenda as características próprias de cada animal. Assim como existem aqueles que gostam de um colo, também há outros que não se sentem muito confortáveis com essa atitude — seja vinda do responsável, seja vinda de visitas.

De acordo com Juliana Damasceno, doutora em psicobiologia e especialista em comportamento felino, como os gatos possuem uma necessidade de ter um controle sobre seu corpo, esse ato pode ser interpretado como uma contenção.

“É como se ele tivesse sido capturado por um predador, por isso, a reação é de ficar tentando sair daquela situação”, explica a colunista do Vida de Bicho.

A médica-veterinária especializada em felinos Fabiana Cecília Cassiano destaca a importância de entender o tempo e o limite de carinhos confortável para cada pet. Aliás, existem alguns que preferem carícias na cabeça ou simplesmente ficar por perto. “Não os forcem a fazer algo que eles não queiram.”

Quando o tutor acorda o animal e ele se espreguiça, o comportamento pode parecer ser algo positivo. Mas, na verdade, muitos felinos, ao serem despertados, ficam em estado de alerta — o que não é bom para seu bem-estar.

“O gato, inclusive, não tem os mesmos fatores de sono profundo e prolongado que nós. Então, eles podem ficar assustados e perderem a qualidade do sono”, destaca Juliana.

“Eles precisam dormir aquela quantidade de tempo, então o ideal é estabelecermos horários para as interações e evitar acordá-los.”

A barriga é uma parte do corpo do gato que muitos gostam de tocar, mas, se o pet reagir de maneira agressiva, é porque está se sentindo incomodado, uma vez que essa região é muito sensível.

“É como quando alguém nos faz cócegas. Damos risada, mas tentamos impedir a pessoa, porque temos uma sensibilidade alta”, explica Juliana.

O ideal é evitar esse contato na barriga e realizar carinhos em outras partes, como nas bochechas, que são compostas por glândulas capazes de secretar feromônios — substâncias que promovem prazer para os felinos.

O banho é um fator estressante para o gato. Além de os felinos já realizarem uma autolimpeza corporal bem elaborada, a água é um elemento aversivo. Por isso, esse ato não deve ser frequente.

Conforme Fabiana, o “banho só é recomendado para algumas raças ou em situações clínicas específicas, como algumas doenças de pele, mas sempre na menor frequência possível”.

Aliás, Juliana complementa que, quando o gato não consegue se higienizar, pode ser um sintoma de alguma condição física ou emocional.

As roupas e os acessórios podem ser esteticamente agradáveis para os humanos, mas colocá-los provoca desconforto aos gatos. A orientação de Fabiana é evitar o uso sem necessidade. “Se for de vez em quando, como para uma foto rápida, não terá problema. A questão é o excesso.”

Outro item que incomoda os gatos são os guizos em coleiras. Isso porque a audição dos animais é muito sensível, podendo, até mesmo, causar algum dano a essa região — além do estresse.

A recomendação de Juliana é evitar, ao máximo, a compra de acessórios com guizos e, caso o tutor adquira uma coleira que venha com a peça, retire-a antes de colocar no animal.

Sons altos e movimentações bruscas são capazes de amedrontar os gatos. “Eles ouvem sete vezes mais que os humanos, então, barulhos os incomodam e estressam muito”, destaca Fabiana. É importante evitar ruídos próximo aos pets, como brigas.

“Sempre que formos ter contato com gatos pela primeira vez, a maioria irá se assustar com barulhos muito altos”, alerta Juliana.

Por terem o olfato muito apurado, perfume é outro item que gatos não gostam — mesmo aqueles feitos especialmente para pets. Além do cheiro forte, Fabiana explica que os pets se incomodam quando têm o próprio odor encoberto.

O mesmo vale para produtos de limpeza. É preciso ter uma atenção especial nesse ponto porque, como ressalta Juliana, “a relação que os gatos têm com os odores do espaço é muito importante, então é importante evitar produtos com cheiro muito forte”.

Se você não tem o costume de limpar a caixa de areia do seu gato, o indicado é mudar esse hábito. Os pets não gostam de usar recipientes sujos, principalmente por terem uma forte característica higiênica.

“O manejo da caixa de areia, com retirada de fezes e urina, deve acontecer pelo menos duas vezes ao dia”, orienta Juliana.

Para casas com mais de um gato, o tutor deve se atentar à quantidade de recursos disponíveis aos animais. Muitos deles não gostam de dividir seus brinquedos e comedouros. A divisão promove, inclusive, mais harmonia ao lar.

“A regrinha é sempre ter um número de itens a mais do que o número de gatos”, explica Juliana. Tudo isso vale desde comedouros e bebedouros, até caixas de areia e arranhadores.

Por pensar como gatos são mais independentes, alguns tutores podem acreditar que eles não necessitam de um tempo para brincar. Por isso, é importante separar um período do dia só para interagir com os bichanos, pois eles apreciam esses momentos.

“Gatos gostam de rotina, então, se possível, tente estabelecer um horário para brincadeiras”, sugere Juliana. Nesse tempo entre tutor e pet, vale usar os brinquedos preferidos do animal.