PetExpertise, com Ana Claudia Balda

Por Por Ana Claudia Balda


Doenças crônicas requerem medicação contínua, pois não têm cura — Foto: Canva/ CreativeCommons
Doenças crônicas requerem medicação contínua, pois não têm cura — Foto: Canva/ CreativeCommons

Existem inúmeras doenças crônicas na medicina veterinária. Na dermatologia, as de maior destaque, em função da ocorrência, são: dermatite atópica e doenças autoimunes como pênfigo foliáceo, lúpus cutâneo crônico, etc. Esses pacientes vão receber a medicação para controle da doença de forma contínua, para o resto da vida, já que não têm cura. Um ponto crucial é a comunicação entre veterinário e tutor, o especialista precisa deixar claro que a doença é incurável. Esse entendimento é de suma importância.

Nos quadros citados acima, o tratamento é feito à base de medicações para controle do prurido e inflamação ou imunossupressores. O médico-veterinário indica a melhor opção, mas precisa ser em consenso com o tutor, considerando o custo, frequência de administração e apresentação do produto. Após essa escolha, é importante deixar claro que qualquer medicação pode desencadear efeitos colaterais.

Pode ocorrer êmese, diarreia, hiperplasia de gengiva, maior propensão a infecções de urina, piodermites, poliuria, polidipsia, polifagia, hiperglicemia e alterações de atividade sérica de enzimas hepáticas. Cada fármaco — como prednisona, azatioprina, ciclosporina, oclacitinib, lokivetmab — pode desencadear um ou vários desses efeitos.

Os exames anteriores ao uso do medicamento são importantes, pois avaliam o paciente antes de receber o fármaco e, caso apresente comorbidades, a identificação delas também será um fator a ser considerado na escolha da terapia.

Os exames anteriores ao uso do medicamento são muito importantes — Foto: Canva/ CreativeCommons
Os exames anteriores ao uso do medicamento são muito importantes — Foto: Canva/ CreativeCommons


Pode haver ineficácia nas monoterapias. Nesses quadros, a associação de medicamentos pode ser mais eficaz, mas a monitoração passa a ser ainda mais necessária. Os exames complementares periódicos devem ser solicitados a cada quatro ou seis meses. Hemograma, perfil renal, perfil hepático, glicemia ou frutosamina (no caso dos felinos), exame de urina, triglicérides e colesterol são, normalmente, os mais importantes a serem solicitados.

No momento em que o paciente retorna ao médico-veterinário, é imprescindível repetir a anamnese e o exame físico para identificação de qualquer alteração. A manutenção da medicação, com revisão de dose, frequência e avaliação da necessidade de possíveis associações ou mudanças na prescrição são procedimentos que devem ser realizados em associação ou de preferência antes da coleta de material clínico, para os exames complementares.

A necessidade de exames para investigação de algo mais específico como ultrassonografia, se há suspeita de alguma formação abdominal identificada pela palpação ou eventualmente até exames mais complexos como tomografia ou ressonância, sempre deve ser baseada no exame clínico.

O exame clínico orienta o veterinário na solicitação de exames complementares — Foto: Canva/ CreativeCommons
O exame clínico orienta o veterinário na solicitação de exames complementares — Foto: Canva/ CreativeCommons


Muitas vezes, o tutor solicita o envio da requisição para realizar apenas os exames. No entanto, o que vai direcionar o clínico é a reavaliação do quadro como um todo, focando não só na eficácia terapêutica — pelo controle das manifestações clínicas —, mas também do exame clínico. A partir disso, o profissional vai solicitar os exames para confirmação da saúde do paciente ou de alguma intercorrência que determinará a revisão da prescrição.

A doença crônica, apesar de não ter cura, tem controle. A reavaliação do paciente em todos os aspectos permitirá uma qualidade de vida melhor e garantirá o bem-estar, mesmo em pacientes idosos que são medicados por anos. Graças às múltiplas ferramentas terapêuticas disponíveis atualmente, conseguimos ter um bom equilíbrio entre controle da doença e efeitos colaterais — na maior parte das vezes, mantendo esses animais saudáveis por vários anos até se tornarem pacientes geriátricos.

O mais importante é que as informações, possibilidades e necessidades fiquem claras para o tutor, para que, dessa forma, a melhor escolha seja feita em conjunto.

No próximo mês, vamos abordar esporotricose felina. Até lá!

A médica-veterinária dermatologista Ana Claudia Balda é colunista do Vida de Bicho — Foto: ( Divulgação)
A médica-veterinária dermatologista Ana Claudia Balda é colunista do Vida de Bicho — Foto: ( Divulgação)

A Profa. Dra. Ana Claudia Balda é médica-veterinária dermatologista, diretora da Escola de Medicina Veterinária da FMU, professora temporária da USP e sócia-proprietária da clínica Derme for Pets.

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