A possibilidade de realizar pagamentos on-line ou transferências fora do ambiente bancário é uma realidade a partir do Iniciador de Transação de Pagamento (ITP), uma das inovações criadas no open finance, o sistema financeiro aberto. Para esse tipo de pagamento ocorrer de maneira imediata, mesmo que não exista um vínculo com o responsável pela operação (uma loja onde está sendo realizada uma compra, por exemplo), instituições são autorizadas pelo Banco Central. E uma parte significativa delas recebeu o aval em 2023, segundo o relatório anual do open finance Brasil.
Só em 2023, 12 instituições foram aprovadas pelo BC por cumprir com todas as etapas necessárias para atuar com a modalidade de pagamento, ou seja, podem iniciar transferências e pagamentos aos clientes. Com isso, o ano passado terminou com 27 ITPs aptas a operar.
O que é a iniciação de transação de pagamento (ITP)
Quem costuma fazer compras on-line já deve ter notado que ao finalizar a escolha do produto, muitas áreas de pagamentos das lojas permitem, em geral, gerar um boleto, digitar informações do cartão de crédito ou acessar um QR code para gerar um link - que deve ser copiado e colado no app do banco - para que o pagamento via pix seja realizado. Com a funcionalidade da iniciação de pagamento, são menos etapas e há mais automatização.
De forma resumida, o Iniciador de Transação de Pagamento (ITP) é uma interface que, como o próprio nome diz, inicia uma transação e faz com que o recurso do cliente saia da conta dele e caia diretamente na conta do recebedor (que pode ser uma instituição do sistema financeiro ou uma empresa que vende on-line). A transação acontece sem sair do ambiente da instituição original, com menor manuseio de dados e logins de autenticação entre apps.
Ao finalizar seu pedido no site ou aplicativo de uma loja e escolher o pix como forma de pagamento, na própria tela é possível escolher de qual instituição o comprador quer utilizar o saldo para pagar a compra. Ou seja, o usuário consegue finalizar o pagamento sem ser redirecionado para o aplicativo do banco, poupando tempo.
As instituições iniciadoras de pagamento estão sendo incorporadas ao open finance desde a Fase 3 do ecossistema, iniciada em outubro de 2021.
No ano passado, o serviço de iniciador de transação de pagamento trouxe a possibilidade de agendar uma data futura para que um pagamento seja efetivado, destaca o relatório.
"O open finance Brasil, em 2023, habilitou novas capacidades, permitindo que novas funcionalidades fossem agregadas às jornadas de serviços financeiros das pessoas e empresas, proporcionando simplificação, inovação, otimização e experiência", pontua no relatório Élcio Calefi, diretor de Tecnologia e Operações do Open Finance Brasil.
Tudo isso, claro, acontece a partir do consentimento, ou seja, o aval, e validação do usuário dentro do open finance. A partir daí, as instituições são autorizadas pelo usuário a ter acesso e trocar informações.
No caso da iniciação de pagamentos fora do ambiente bancário, que pode ser o site de uma loja, por exemplo, foram 54 milhões de mensagens enviadas entre as instituições para solicitar as informações necessárias para que o pagamento pudesse ocorrer.
Dentro do open finance, essa troca de dados recebe o nome de chamadas via APIs (sigla para Application Programming Interface, ou Interface de Programação de Aplicações, em tradução para o português). Segundo o relatório anual do open finance, essas chamadas tiveram taxa de sucesso de 95% em 2023. Já no caso de iniciações de pagamento via pix foram 2,5 milhões de chamadas, com sucesso.
Os números ainda são tímidos, ainda mais se comparados ao meio de pagamento mais famoso do momento. Dois meses atrás, em um único dia, em 5 de abril, o Banco Central do Brasil registrou mais de 200 milhões de operações do pix - um recorde.
Ainda assim, a visão para a funcionalidade é otimista. Gustavo Lino, presidente da INIT, a Associação dos Iniciadores de Transação de Pagamentos – ITPs, entidade que representa empresas de serviços financeiros e de pagamentos, vê potencial de crescimento de 100% em operações em relação ao ano passado.
“Estamos engatinhando, demonstrando o que é o open finance, e a partir disso, esclarecendo o que é o ITP. Podemos crescer, justamente, pelas novas funcionalidades de pagamento que estão previstas, como o pix automático”, sustenta.
Confira, abaixo, a lista de 30 instituições que estão aptas a iniciar o serviço de iniciação de transação de pagamento via pix.
- Banco Bradesco
- Banco BTG Pactual
- Banco BV
- Banco do Brasil
- Banco Mercantil do Brasil
- Banco Ribeirão Preto
- Banco Safra
- Banco Santander
- Banco XP
- Belvo
- Celcoin
- Central Ailos
- Crystal BMC
- Ebanx
- Efí
- Genial Investimentos
- Google Pay (exclusivamente via jornada sem redirecionamento)
- Hub Pagamentos
- Iniciador
- Inter
- Itaú Unibanco
- Mercado Pago
- Nubank
- Parati
- PicPay
- Quanto Network
- Sicoob
- SICREDI
- U4C
- Unicred