Os juros dos títulos públicos dispararam (ainda mais) nesta quinta-feira (13), quando o Brasil discute fragilidade dentro do governo, risco fiscal, dentre outros imbróglios que o presidente Lula enfrenta nesta semana.
No encerramento da sessão, os papéis atrelados à inflação com vencimento em 2029, o mais curto da modalidade, pagava 6,42%, taxa nunca paga na história do papel até aqui. No geral, os analistas recomendam a compra do título, uma vez que juros acima dos 6% são considerados atrativos quando combinados com a proteção que a indexação ao IPCA oferece.
Entre os prefixados, mais altas. Quem pagou mais foi o título com prazo para 2031, oferecendo retorno de 12,25%.
O que mexeu com as taxas hoje?
O humor dos investidores segue bastante negativo, em meio aos sinais de esgotamento da estratégia do governo de promover um ajuste fiscal apenas pela arrecadação e os sinais insatisfatórios do presidente Lula de que pretende fazer esforços para conter as despesas.
Neste contexto, as notícias de que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tem sofrido ataques de dentro do próprio governo ampliaram a percepção de risco doméstico dos agentes ontem.
No começo da tarde, o ministro fez um afago ao mercado. Haddad apontou que, em conjunto com Tebet, começou a discutir a agenda de gastos de 2025. "Pedimos uma intensificação dos trabalhos e até junho queremos ter clareza do orçamento para o ano que vem. Estamos botando bastante força nisso, revisão ampla, geral e irrestrita".
O que dizem os analistas?
Para o sócio e chefe de renda fixa da Nippur Finance, Jonathan Caye, o aumento da taxa dos títulos públicos dos últimos dias deve atrair mais investidores para o Brasil. "Essa faixa de remuneração que o Tesouro tem atualmente, de IPCA mais 6%, a gente só viu nos últimos cinco anos em 11% dos pregões, então é uma taxa rara, um pouco mais difícil de ser conseguida ainda mais com o risco soberano e isso vale também para a série prefixadas pagando mais de 12%".
O sócio da TAG Investimentos, Marco Bismarchi, vê oportunidade para novos investidores. "Se a gente tiver, eventualmente, uma saída do Haddad, por exemplo, pode piorar mais porque ele é um dos principais guardiões de algum fiscalismo do governo. Mas são boas taxas".
Os analistas concordam que o investidor que comprar os títulos indexados ao IPCA pagando mais de 6% e carregar por pelo menos dois anos, não deve perder do CDI. Mas no caso de sair no meio do caminho, também pode amargar perdas no caso de piora do cenário.
Vale lembrar que as taxas e preços dos títulos são inversamente proporcionais. O que significa dizer que, tanto nos papéis prefixados quanto naqueles indexados ao IPCA, quanto maior a taxa, menor o preço e vice e versa. Quando as taxas sobem, portanto, apesar de ser uma boa notícia para quem vai investir — já que assegura rentabilidade maior se mantiver a aplicação até o vencimento, o valor de mercado dos papéis diminui, o que implica em perda temporária para quem possui os títulos na carteira.
Fechamento do Tesouro Direto nesta quinta (13)
Título | Rentabilidade anual | Investimento mínimo | Preço Unitário | Vencimento |
TESOURO PREFIXADO 2027 | 11,56% | R$ 30,28 | R$ 757,10 | 01/01/2027 |
TESOURO PREFIXADO 2031 | 12,25% | R$ 32,98 | R$ 471,18 | 01/01/2031 |
TESOURO PREFIXADO com juros semestrais 2035 | 12,06% | R$ 37,22 | R$ 930,71 | 01/01/2035 |
TESOURO SELIC 2027 | SELIC + 0,0894% | R$ 149,19 | R$ 14.919,85 | 01/03/2027 |
TESOURO SELIC 2029 | SELIC + 0,1554% | R$ 148,47 | R$ 14.847,46 | 01/03/2029 |
TESOURO IPCA+ 2029 | IPCA + 6,42% | R$ 31,65 | R$ 3.165,20 | 15/05/2029 |
TESOURO IPCA+ 2035 | IPCA + 6,38% | R$ 43,84 | R$ 2.192,25 | 15/05/2035 |
TESOURO IPCA+ 2045 | IPCA + 6,37% | R$ 35,62 | R$ 1.187,49 | 15/05/2045 |
TESOURO IPCA+ com juros semestrais 2035 | IPCA + 6,39% | R$ 41,94 | R$ 4.194,75 | 15/05/2035 |
TESOURO IPCA+ com juros semestrais 2040 | IPCA + 6,34% | R$ 42,43 | R$ 4.243,30 | 15/08/2040 |
TESOURO IPCA+ com juros semestrais 2055 | IPCA + 6,37% | R$ 41,20 | R$ 4.120,65 | 15/05/2055 |