Fundos de Ações

Por Júlia Lewgoy, Valor Investe — São Paulo


Não foi apenas o Ibovespa que andou contra as expectativas no primeiro trimestre de 2024: boa parte dos fundos de ações decepcionou também. Embora em geral esses produtos tenham rendido mais do que o indicador, muitos ficaram no negativo, o que ajuda a explicar o resgate de R$ 2,1 bilhões da categoria nos primeiros três meses do ano.

Os fundos de ações livre, como são chamados os que não possuem compromisso de concentração em uma estratégia, registraram perdas de 0,42% de janeiro a março, apontou a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). Já o Ibovespa caiu 4,53% nesse intervalo, após os estrangeiros irem embora enquanto os juros nos Estados Unidos demoram a cair.

Apesar do desempenho generalizado ruim, algumas casas se destacaram no primeiro trimestre, como acontece sempre. A remuneração do fundo Leblon Ações alcançou 7% nos primeiros três meses do ano, enquanto o rendimento do IP Participações IPG e do Itaú Asgard atingiu 6% cada um, o que é muito em relação ao Ibovespa com perdas de mais de 4%.

Os melhores fundos de ações do primeiro trimestre de 2024

Fundo Retorno no 1º trimestre (%) Retorno nos últimos 12 meses (%) Risco Patrimônio líquido (R$ milhões)
Leblon Ações FIC FIA 7,16 50,64 27,37 155
IP Participações IPG BDR Nível I FIC FIA 4,95 35,05 14,33 504
Itau Asgard FIC FIA 4,70 17,95 18,14 295
Guepardo FIC FIA 4,47 60,89 20,10 168
Organon FIC FIA 3,96 68,90 24,64 503
Alpha Key Ações FIC FIA 3,93 45,00 22,96 56
Kínitro FIA 3,81 29,59 16,72 126
Kiron FIC FIA 3,72 26,97 19,94 118
Opportunity Selection FIC FIA 3,39 42,17 16,28 190
Kapitalo Tarkus FIC FIA 3,35 49,31 20,01 139

O ranking dos melhores fundos de ações no primeiro trimestre foi elaborado por Marcelo d'Agosto, consultor financeiro responsável pelo Guia de Fundos do Valor e blogueiro do Valor Investe, com base em dados da plataforma Morningstar.

Os fundos que entraram na análise estão efetivamente disponíveis para os cotistas em corretoras e bancos, contam com no mínimo R$ 50 milhões de patrimônio líquido e têm pelo menos 12 meses de histórico. Fundos espelhos, aqueles que espelham fundos de investimentos parecidos, estão excluídos da lista.

Apesar do ranking se referir aos primeiros três meses do ano, para os leitores entenderem o que aconteceu, é aconselhável analisar pelo menos cinco anos de remuneração e a qualidade da gestora antes de escolher onde investir. Esse ranking é meramente informativo e não é uma indicação.

As ações em geral não alcançaram um bom desempenho porque houve uma mudança na rota dos juros americanos. A expectativa era que eles começassem a cair em março e agora a previsão é que eles recuem no segundo semestre ou só no ano que vem, nas projeções pessimistas. Essa alteração causou uma reavaliação de preços dos ativos, começando pelos juros nos Estados Unidos, o que atrapalhou o fluxo de investimentos em países emergentes como o Brasil e causou a queda de muitos papéis.

Enquanto as ações americanas bateram recordes atrás de recordes porque saltaram aos olhos as companhias ligadas à revolução da inteligência artificial, no Brasil as portas que dão acesso à bolsa representam a “velha economia”, como as empresas Petrobras e Vale. As duas companhias viveram sombreadas pelo risco político, para completar.

Os gestores dos fundos de ações que acertaram andaram por caminhos diferentes. Todos possuem na carteira ações que compraram há muito tempo e costumam dar mais bola para os fundamentos das companhias que analisam do que para o ambiente macroeconômico. Vários ganharam dinheiro comprando ações americanas de empresas ligadas à revolução tecnológica.

O que fizeram os melhores

A Leblon Equities, gestora dedicada a ações com 16 anos e R$ 1,2 bilhão sob gestão, é a dona do fundo de ações mais rentável do primeiro trimestre, o Leblon Ações. A casa, que passa anos com as ações que compra no portfólio, acertou com especialmente três papéis nos primeiros três meses do ano: Brisanet, Santos Brasil e TSMC. Todos continuam na carteira.

Cada uma dessas empresas faz parte de uma fatia diferente de ações compradas pela Leblon. A Brisanet é de um grupo de companhias em que a casa possui participação nos conselhos de administração. A empresa atua no Nordeste e é a operadora banda larga que mais cresce no país.

Já a Santos Brasil é de um grupo de companhias que a gestora analisa e aprova os fundamentos, mas não integra o conselho. A empresa está se beneficiando com a maior movimentação no Porto de Santos e vai renegociar um importante contrato com um cliente em 2025.

“Não costumamos passar tempo debatendo macroeconomia e política, se o Copom diminuirá os juros em 0,25 ou 0,50 ponto percentual. Focamos nas companhias”, afirma Pedro Chermont, sócio-fundador, chefe de investimentos e co-gestor dos fundos da Leblon Equities. “Até em momentos negativos para o país, muitas empresas conseguem crescer, melhorar os resultados e se valorizar para os acionistas”, diz. Outras empresas que estão na carteira são B3, BTG Pactual, Klabin, Lojas Renner e Natura.

E, por último, a TSMC representa uma parcela de papéis de companhias estrangeiras de tecnologia que não existem no Brasil, que a Leblon investe desde 2021. As empresas são líderes em cinco temas: inteligência artificial, 5G, computação em nuvem, mobilidade e economia cripto. A TSMC, de Taiwan, é a maior fabricante mundial de semicondutores. Além dela, estão na carteira os papéis de Alphabet, Coinbase, Micron, Netflix e Uber.

A Itaú Asset, segunda maior casa de fundos do país e dona de um dos melhores fundos de ações neste ano, o Itaú Asgard, chamou a atenção com ações de companhias ligadas ao petróleo de países como Argentina e Estados Unidos, além de papéis da Petrobras.

Ainda gostamos muito da Petrobras, especialmente com os preços do petróleo mais altos por uma demanda em excesso”, afirma Luiz Ribeiro, gestor de renda variável da Itaú Asset. “Acho que o barulho que envolve a companhia não afeta os seus fundamentos. Atrapalha a percepção de risco, principalmente do investidor estrangeiro, mas o que foi feito na Petrobras no atual governo do PT e na gestão do Prates está em linha com o que vinha sendo feito antes”, diz.

Ainda, ações de companhias de eletricidade e saneamento como as da Sabesp e da Eletrobras se destacaram na carteira do fundo. “Continuamos acreditando que a privatização e a regulação nova serão bastante positivas para a Sabesp”, afirma Ribeiro. Além disso, ações de companhias estrangeiras de inteligência artificial beneficiaram a carteira do fundo.

Na análise do gestor de renda variável da Itaú Asset, as ações em geral seguem com descontos atrativos e a tendência é que a tese de redução de juros continue ajudando a bolsa. “A inflação americana acima do esperado assusta um pouco e adia o corte de juros, mas essa história segue e, mais importante para a bolsa do que o corte de juros é a atividade econômica e os lucros das empresas, que continuam fortes”, diz Ribeiro.

Já a Guepardo Investimentos, casa dedicada a fundos de ações com 20 anos e R$ 4,3 bilhões sob gestão, se sobressaiu com as ações da Klabin, Grupo Mateus e Ultrapar. “A Klabin mostra a importância de ter uma visão de longo prazo. As ações da companhia estão no portfólio desde 2021”, afirma Roberto Esteves, diretor de relações com investidores da Guepardo. “A empresa é uma geradora de caixa bastante defensiva, com vantagens competitivas claras. Foi a grande vencedora do trimestre”, diz.

Fundos long biased

Também existe uma categoria de fundos chamada de long biased, que aposta não apenas na alta das ações, mas também na baixa em cenários determinados. É uma estratégia para minimizar os recuos em ambientes de baixa da bolsa. Esses produtos renderam até 7% no primeiro trimestre de 2024, caso da Guepardo, e até 4% na gestora Absolute.

Os melhores fundos long biased do primeiro trimestre de 2024

Fundo Retorno no 1º trimestre (%) Retorno nos últimos 12 meses (%) Risco Patrimônio líquido (R$ milhões)
Guepardo Long Bias FIM LP 6,64 57,81 15,74 51
Absolute Pace Long Biased FIC FIA 3,86 35,70 14,85 1.687
STK Long Biased FIC FIA 1,82 24,56 15,31 155
Squadra Long Biased FIC FIA 1,29 45,97 12,24 1.143
Claritas Long Bias FIC FIM 1,28 26,14 14,73 53
Icatu Vanguarda Igaraté Long Biased FIM 1,24 17,58 6,94 414
Encore Long Bias FIC FIM 1,11 24,03 16,11 60
Dahlia Total Return FIC FIM 0,98 21,25 11,18 568
CSHG Top Long Bias FIC FIM 0,88 22,49 13,50 230
Sharp Long Biased Feeder FIC FIA 0,77 23,58 10,99 407

Como escolher fundos de ações

Bons fundos de ações seguem indicados para diversificar a carteira e ganhar mais que o Ibovespa, focando em cinco anos ou mais. O conselho para escolher os produtos que conseguem entregar rendimentos altos e consistentes ao longo dos anos é analisar como o fundo se comportou durante diferentes momentos no passado e onde os profissionais trabalharam.

Casas com mais idade e volume de recursos sob gestão, acima de alguns bilhões, contam com mais confiança do mercado. Além disso, é um bom indicativo se a gestora possui um grande número de pessoas, que trabalham lá desde o começo.

Alguns produtos correm mais riscos e, por isso, tendem a ser mais voláteis, mas às vezes as gestoras têm fundos parecidos que correm menos riscos e tendem a ser menos voláteis. É aconselhado escolher o que mais combina com o perfil e objetivos do investidor.

Além disso, alguns produtos fecham para receber alocações, porque os gestores não têm condições de gerir mais recursos. Contudo, alguns abrem eventualmente e são oferecidos pelas plataformas de investimentos.

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