O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) surpreendeu ao acelerar para 0,75% em março, superando o teto das expectativas do mercado.
Trata-se da maior taxa para o mês desde 2015 (1,32%). Em fevereiro, o índice havia subido 0,43%. O resultado foi divulgado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Pelo indicador acumulado de 12 meses, o IPCA seguiu em aceleração: 4,58% no acumulado até março, acima dos 3,89% registrados no acumulado até o mês anterior. Foi o maior índice acumulado desde fevereiro de 2017 (+4,76%).
Dessa forma, o índice ficou acima do centro da meta de inflação, de 4,25% neste ano — a meta tem margem de flutuação de 1,5 ponto percentual, para mais ou menos.
Nos três primeiros meses de 2019, a inflação oficial acumula alta de 1,51%.
Na média, 30 consultorias e instituições financeiras consultadas pelo Valor Data previam aceleração do IPCA de março para 0,62%. O intervalo das projeções ia de alta de 0,53% a um avanço de 0,67%.
Alimentos mais caros
Alimentos e transportes mais caros foram os principais responsáveis pela aceleração do IPCA.
“Esses dois grupos somados representaram 80% do IPCA do mês”, disse Fernando Gonçalves, gerente de Índices de Preços do IBGE.
A inflação do grupo de Alimentação e bebidas, que representa um quarto das despesas das famílias, saiu de uma alta de 0,78% em fevereiro para 1,37% em março.
O grupo contribuiu com 0,34% ponto percentual para o IPCA do mês.
Considerando apenas os alimentos para consumo em casa (o que exclui restaurantes, lanchonetes, bares), os preços médios subiram 2,07% em março.
Destacaram-se produtos como tomate (31,84%), batata-inglesa (21,11%) e feijão carioca (12,93%).
O avanço dos alimentos era esperado por analistas e reflete questões sazonais de clima e oferta. Já o serviço de alimentação fora do domicílio, por sua vez, apresentou alta de apenas 0,10% no mês passado, informou o IBGE.
O grupo de Transportes também teve aceleração importante na passagem dos meses. A inflação desse grupo passou de queda de 0,34% em fevereiro para alta de 1,44% em março. Os combustíveis (+3,49%) e as passagens aéreas (+7,29%) pesaram.
Outros grupos que também aceleraram foram vestuário (de -0,34% em fevereiro para +0,45% em março) e artigos de residência (de 0,20% para 0,27%).
O IPCA mede a inflação para as famílias com rendimentos mensais entre um e 40 salários mínimos, que vivem em dez regiões metropolitanas do país, além dos municípios de Goiânia, Campo Grande e de Brasília.