Após crise de crédito, gestoras de FIIs tentam afinar comunicação com cotistas

A falta de confiança de investidores de fundos imobiliários de 'papel' foi tema em painel durante o FII Experience, evento promovido pela Suno, nesta terça-feira (21)

Por Yasmim Tavares, Valor Investe — Rio


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Após os problemas de crédito que chacoalharam em 2023 alguns fundos imobiliários de “papel” (cujas carteiras concentram títulos de renda fixa do setor imobiliário), as gestoras têm se empenhado para melhorar a comunicação com os investidores. Atualmente, esses fundos representam 40% do Ifix, índice de referência da classe.

Em painel no FII Experience, evento promovido pela Suno, nesta terça-feira (21), os gestores Yannick Bergamo, da Iridium, Flavio Cagno, da Kinea, e Rodrigo Possenti, do Fator, discutiram a desconfiança de investidores em relação aos fundos de papel após a crise de crédito que agitou o mercado no início do ano passado.

“O investidor se sente desamparado quando percebe uma quebra de confiança, a grande dor do cotista é se sentir traído”, ponderou Cagno. Para ele, é “impossível” evitar problemas nas carteiras de crédito dos fundos imobiliários, mas, na essência, a transparência na comunicação torna o processo mais crível para o investidor de longo prazo.

“O que vemos é que a falta de uma comunicação eficiente e de detalhamento dos casos mais estressados acabam gerando desconfiança em relação ao trabalho de gestão”, disse.

Possenti destacou que, com “alguma frequência”, os gestores são acusados por não levarem informação aos investidores e que os cotistas, ao buscarem outras fontes para se manter atualizados sobre o assunto, acabam sendo prejudicados.

“Muitos formadores de opinião com canais no YouTube e até em outras redes sociais geram bastante barulho, tornando o conhecimento um pouco menos sóbrio”, afirmou.

Para Cagno, da Kinea, o debate é natural quando se trata de um produto de investimento que é público, sobretudo ao considerar a quantidade de pessoas físicas que investe na classe. “Nem toda crítica é verdadeira, mas algumas são”, admitiu.

Ele comentou que o “modus operandi” da Kinea é centrado na tentativa de uma comunicação mais eficiente com os cotistas. “A indústria de fundos imobiliários, apesar de ter três décadas, ainda é jovem e tem bastante espaço para aprimoramento, inclusive por parte das gestoras”.

Os especialistas admitiram que estão tentando aumentar o engajamento com os investidores por meio de plataformas, com fóruns de cotistas de fundos imobiliários, sites e via redes sociais, com a realização de lives sobre os fundos e outros temas quentes do momento.

Além de recorrerem às mídias sociais, as gestoras têm melhorado a comunicação nos relatórios gerenciais e em outros informes dos fundos. De maneira geral, os profissionais, com a ajuda de uma equipe de marketing, buscam reduzir o uso do “juridiquês” para tornar o assunto mais palpável ao investidor comum, com uso de apresentações em PowerPoint com gráficos, tabelas e imagens.

— Foto: Getty Images
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