Blog do Sergio Lamucci

Por Sergio Lamucci

Repórter do Valor

Valor — São Paulo

O fraquíssimo desempenho atual da economia brasileira se deve principalmente a fatores internos, como as incertezas em relação ao andamento da reforma da Previdência e a crônica falta de demanda. Nas últimas semanas, contudo, o cenário externo também piorou, especialmente depois do retorno inesperado das tensões comerciais entre EUA e China.

Além de um crescimento mundial mais fraco, a disputa aumenta a aversão global ao risco, o que é negativo para países emergentes como o Brasil. A procura por títulos da dívida e moedas dessas economias diminui, num ambiente em que os investidores tendem a buscar opções mais seguras, como papéis do Tesouro americano. Além disso, as exportações tendem a sofrer um pouco mais, pela redução da demanda externa, num quadro de expansão mais fraca da economia global.

O cenário externo, desse modo, também passa a atrapalhar a economia brasileira, que se encaminha para crescer em torno de apenas 1% neste ano, um ritmo próximo ao 1,1% de 2017 e também de 2018. Até o mês passado, havia a expectativa de que o ambiente internacional seria, se não favorável, ao menos neutro para emergentes. A aposta era numa desaceleração global moderada e na manutenção de condições financeiras internacionais favoráveis – ou seja, continuaria a haver um amplo volume de recursos nos mercados financeiros.

No começo de abril, o Fundo Monetário Internacional (FMI) anunciou as suas novas projeções, reduzindo a estimativa para o crescimento mundial em 2019 de 3,5% para 3,3%. O número é inferior aos 3,6% do ano passado, mas o Fundo apostava no fortalecimento da economia global na segunda metade de 2019, movimento que tenderia a continuar em 2020.

Não seria o melhor dos mundos, mas o quadro era bastante razoável para um país como Brasil. Embora a crise na Argentina prejudique desde 2018 as exportações brasileiras de produtos manufaturados, o ambiente internacional que se vislumbrava para o país não era ruim.

Neste mês, porém, o cenário externo se tornou mais adverso. A grande mudan��a foi o recrudescimento das tensões comerciais entre os EUA e a China. O presidente Donald Trump elevou as tarifas de importação sobre produtos chineses, e o governo do país asiático contra-atacou, aumentando as alíquotas sobre as compras de bens americanos.

Em post no blog da instituição, a economista-chefe do FMI, Gita Gopinath, e mais dois economistas do Fundo advertiram para os riscos da nova escalada de disputa comercial entre EUA e China.

Mais guerra, menos PIB

“No plano internacional, o impacto adicional das novas tarifas anunciadas recentemente e contempladas por Estados Unidos e China, que devem se estender a todo o comércio entre os dois países, vai subtrair cerca de um 0,33 ponto percentual do PIB mundial no curto prazo, e metade dessa queda decorrerá dos efeitos sobre a confiança das empresas e dos mercados”, dizem eles.

O economista-chefe do Morgan Stanley no Brasil, Arthur Carvalho, avalia que a eventual continuidade das tensões entre EUA e China pode retirar de 0,2 a 0,5 ponto percentual da projeção de crescimento esperada por ele para o Brasil neste ano, de 1,4%. Isso ocorreria pelo canal de comércio e pela piora das condições financeiras globais.

Essas duas estimativas deixam claro o potencial de estrago da disputa entre os dois países para a economia global e para um país emergente como o Brasil. Um risco potencial é a economia chinesa ter uma desaceleração mais forte, o que tenderia a ser bastante negativo para os preços de commodities, produtos com grande peso na pauta de exportações brasileiras.

Nesse cenário internacional mais adverso, o volume elevado de reservas internacionais do Brasil, na casa de US$ 380 bilhões, é um trunfo importante, assim como o baixo déficit em conta corrente (o resultado das transações de bens, serviços e rendas com o exterior).

Isso torna o país menos vulnerável a uma piora do quadro global, porque as necessidades de financiamento externo são baixas, sendo cobertas com folgas por investimentos estrangeiros diretos (voltados para atividades produtivas).

Ainda assim, a situação das contas públicas do Brasil é uma fragilidade preocupante. A dívida pública está em trajetória de crescimento insustentável, além de já ser muito mais alta que a de outros emergentes. Para se ter ideia, o endividamento bruto brasileiro atingiu 78,4% do PIB em março, ao passo que a média dos países em desenvolvimento deve ficar um pouco acima de 53% do PIB em 2019, segundo o FMI.

A reforma da Previdência é importante porque os benefícios previdenciários são a maior despesa do setor público do Brasil. Mudar o sistema de aposentadorias, nesse quadro, é fundamental para tornar o quadro fiscal sustentável no longo prazo, afastando as dúvidas dos investidores quanto à capacidade de o país honrar as suas dívidas.

Desse modo, é crucial abreviar o tempo de tramitação da reforma no Congresso e evitar uma diluição excessiva da proposta original, que prevê uma economia de R$ 1,25 trilhão em dez anos. Se o andamento do projeto for muito lento e os congressistas aprovarem uma versão muito desidratada da emenda, o Brasil pode ficar na berlinda, num momento em que o cenário externo se tornou menos favorável a países emergentes.

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