Blog da Dani Camba

Por Daniele Camba

Editora-assistente do Valor Investe

Valor Investe — São Paulo


Guerras nunca são positivas e todas elas têm razoavelmente um mesmo script. Uma nação que ataca primeiro, outra que é atacada, por uma disputa de poder, terras e tudo mais que aumente a hegemonia da nação que toma a iniciativa do ataque. E esta da Rússia contra a Ucrânia também preenche todos esses requisitos. No entanto, esta é uma guerra diferente em algo específico: é a primeira sob o chapéu dos valores ESG (sigla em inglês para ambiente, socialmente responsável e governança corporativa) que hoje as empresas tanto seguem.

Foi nos últimos dois ou três anos que uma boa parte das companhias, globalmente, passou a levar a sério os princípios ESG. Até então, muitos acreditavam que isso não passava de uma onda verde e social só para inglês ver. Mas, se foi onda, fez parte de um tsunami de sustentabilidade que engoliu definitivamente o mundo corporativo.

E no que essa filosofia ESG impactou na guerra da Rússia contra a Ucrânia? Foi exatamente por essa nova forma de pensar e agir que as empresas, dos mais diversos setores, decidiram rapidamente cortar relações com a Rússia. Isso nunca tinha acontecido em nenhuma outra guerra. Ainda mais na intensidade que se tem visto. A fila de companhias que deixam a Rússia (ainda que temporariamente) cresce a cada dia. E engana-se quem acha que, quem bateu em retirada, deixou na mesa dois ou três rublos (a moeda da Rússia).

Algumas companhias deixaram para trás negócios gigantes em nome do boicote à guerra deflagrada por Putin. A BP (antiga British Petroleum) anunciou a sua saída das principais petrolíferas russas, amargando uma perda de cerca de US$ 25 bilhões e o acesso a grandes reservas de óleo e gás natural. Em seguida veio a Shell (maior petrolífera da Europa), que decidiu romper os negócios com a russa Gazprom, que é a maior produtora de gás do mundo.

A Shell, inclusive, é um exemplo de como as críticas podem surgir. Por ter ainda mantido a compra de petróleo da Rússia, foi duramente criticada e, por isso, teve que deixar claro em um comunicado ao mercado de que só fez isso para manter o fornecimento de combustível para a Europa.

A empresa afirmou que continua "horrorizada com a guerra na Ucrânia" e interrompeu a maioria das atividades na Rússia, mas que a situação relativa ao abastecimento é "altamente complexa". O caso da Shell é um bom exemplo de como os consumidores hoje são muito mais ativos e cobram sim que as empresas se posicionem em momentos cruciais para sociedade.

A lista das empresas que preferiram limitar os negócios na Rússia como forma de protesto à guerra promovida pelo seu presidente tem nomes como: Amazon, Apple, Dell, Disney, GM, Ford, Google, HP, Intel, Mastercard, Visa, Sony, Toyota, Samsung, McDonald´s etc etc etc. Ontem foi a vez das gigantes Coca-Cola, McDonald´s, Starbucks, Unilever e L'Oréal anunciarem a suspensão de suas operações em terras russas. Essa é a nata do PIB mundial.

Na visão do sócio da consultoria em sustentabilidade e ESG ForFuturing, Ed Morata, as empresas perceberam que não são mais apenas os governos e órgãos multilaterais, como Fundo Monetário Internacional (FMI), Banco Mundial e a própria Organização das Nações Unidas (ONU) que vão resolver as grandes questões e conflitos do mundo.

"Isso ficou claro principalmente depois da COP 26, quando o setor privado ganhou muita importância nas grandes discussões. As empresas estavam sentadas à mesa junto com os governos para discutir o futuro ambiental do mundo", lembra.

Morata lembra que também é razoavelmente recente a percepção das companhias do grau de influência delas além do público que as cerca: leia-se acionistas, funcionários, fornecedores e a comunidade onde atuam. "As empresas perceberam o tamanho da força e do impacto de suas atitudes. Portanto, companhias sérias precisam estar comprometidas com o bem estar da sociedade, seja ela [a sociedade] aqui ou na Ucrânia", explica o executivo.

O outro lado da moeda desse boicote é saber se as empresas perdem mais do que ganham saindo da Rússia, deixando de vender para o país, ou de comprar do mesmo ou até desistindo de suas participações acionárias em companhias russas. Morata diz que hoje em dia há um entendimento de que atuar sob os preceitos ESG só traz ganhos, enquanto as possíveis perdas de curto prazo, quando existem, são mais do que compensadas no médio e longo prazos.

"Ter a confiança do seu consumidor, a sua credibilidade e reputação arranhados traz perdas inimagináveis, que nenhum contrato comercial com a Rússia ou com qualquer outro país compensa", explica o executivo. Ele lembra que vivemos numa era em que os consumidores, felizmente, estão muito mais preocupados com a forma de agir das empresas do que simplesmente com os preços dos produtos delas nas gôndolas.

Agora, se cortar relações com a Rússia significa dar as costas ao Putin e sua guerra, também representa deixar o consumidor russo a ver navios, sem acesso aos produtos das companhias. Morata concorda que a população da Rússia acaba sendo prejudicada, sem necessariamente concordar com a atitude do seu presidente, mas lembra que não dá pra fazer omelete sem quebrar ovos. "Se agir de forma sustentável neste momento significa de alguma forma prejudicar os russos, infelizmente não há o que fazer. O que não é possível é ficar na Rússia e, assim, concordar com uma guerra", completa Morata.

Dani Camba — Foto: Arte sobre foto de Ana Paiva/Valor
Dani Camba — Foto: Arte sobre foto de Ana Paiva/Valor
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