Blog da Dani Camba

Por Dani Camba, Valor Investe — São Paulo


Há cerca de um mês, numa tacada de mestre, o Nubank anunciou a cantora Anitta como o mais novo membro do seu conselho de administração. O fato pegou o mundo corporativo de surpresa e deu pano pra manga. O que se seguiu depois desse anúncio me deixou tão incomodada que me empurrou a, enfim, estrear esta coluna.

Assim como todos os grandes temas do dia a dia (do governo Bolsonaro ao fim do Big Brother), as redes sociais se polarizaram ao redor do assunto. Houve muitos defensores da nomeação de Anitta, que usaram argumentos como: muito além de uma simples funkeira, ela é uma artista de sucesso internacional e, mais importante ainda, uma mulher de negócios e bem sucedida. Sem contar que conhece muito de marketing, afinal, o sucesso da carreira dela não é fruto só de talento e sorte.

Já entre os críticos houve opiniões para todos os gostos. Mas, de forma geral, elas giravam em torno de uma mesma essência: não faz o menor sentido uma mulher, que não é do mundo corporativo e nem do mercado financeiro, compor um conselho de administração. E mais: uma mulher que ganha a vida cantando funk, dançando de forma sexy e com roupas mais sexys ainda.

Por trás dessas críticas est�� o machismo dos engravatados do mundo corporativo. Eles, sim, são dignos de sentar nesses conselhos para dizer o que uma empresa deve ou não fazer. Resumindo: homens, na maioria esmagadora brancos, muito bem formados, mas que muitas vezes nem passaram perto da gestão de uma grande empresa, são muito melhores que uma mulher que, apesar de não ter estudado nas melhores universidades do mundo, veio de baixo, ficou milionária, é uma das pessoas mais influentes da música e sabe gerir sua carreira como poucos. É isso mesmo?

Ao longo dos meus 25 anos de jornalismo econômico, eu ouvi uma infinidade de histórias de conselheiros (esses aí, brancos, bem formados e com ternos bem cortados) que não tinham a menor ideia do que se passava nas companhias nas quais tinham assento no conselho. Muitos faziam parte de três, quatro conselhos ao mesmo tempo e estavam ali apenas pela remuneração (chamada às vezes de "jeton") que, entre as grandes companhias abertas, podem ficar bem acima de R$ 15 mil por mês.

Um desses conselheiros, uma figura bastante procurada para preencher a cota de "conselheiro independente" dentro das empresas, me disse uma vez que "lia" o relatório de administração que seria discutido na reunião do colegiado dentro do elevador, no "longo" caminho entre o térreo e o andar que ficava a companhia. Sorte daquelas que estavam nos andares mais altos, já que teriam um conselheiro mais preparado para discutir os grandes temas da empresa. Quem diria que o futuro de uma companhia dependesse do quão alto é o andar em que ela está localizada! Nem os maiores visionários do mercado imobiliário deviam saber disso.

Conversei com o presidente de uma grande empresa sobre a nomeação da Anitta e ele me disse que, há vários meses, um dos seus conselheiros (alguém também bem conhecido no mercado e tido em alta conta por pelo menos 90% da Faria Lima) não ia às reuniões do conselho e não dava satisfação alguma do motivo da sua ausência, mas recebeu religiosamente sua remuneração mensal de dois dígitos. Esse executivo fechou a conversa dizendo: "Quem me dera ter meia dúzia de 'Anittas' no meu conselho".

Dani Camba é editora-assistente do Valor Investe
e-mail: daniele.camba@valor.com.br

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