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Por Jennifer Ann Thomas, para Um Só Planeta


Desenvolvimento sustentável significa suprir as necessidades do presente sem afetar a habilidade das gerações futuras de suprirem as próprias necessidades — Foto: Scott Webb / Pexels
Desenvolvimento sustentável significa suprir as necessidades do presente sem afetar a habilidade das gerações futuras de suprirem as próprias necessidades — Foto: Scott Webb / Pexels

Em 1987, a diplomata e médica Gro Harlem Brundtland, também ex-primeira-ministra da Noruega, usou o termo “desenvolvimento sustentável” pela primeira vez. Na posição de presidente da Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento da Organização das Nações Unidas (ONU), ela apresentou um relatório no qual se lia: "Desenvolvimento sustentável significa suprir as necessidades do presente sem afetar a habilidade das gerações futuras de suprirem as próprias necessidades".

Com o título Nosso Futuro Comum, o documento ficou conhecido como o Relatório Brundtland. Dessa maneira, pode-se compreender que o desenvolvimento sustentável é o modelo econômico que se sustenta e que perdura ao longo dos anos, sem colocar em risco a geração de recursos naturais que serão essenciais para a sobrevivência da espécie humana no futuro.

Ao mesmo tempo em que o conceito existe há três décadas, foi necessário que o planeta começasse a dar sinais de crise para que a sustentabilidade ganhasse espaço na discussão sobre crescimento econômico. O grande desafio de hoje (e que ficará de herança para as próximas gerações), é reduzir as emissões de gases de efeito estufa e limitar o aquecimento da temperatura do planeta a 1,5ºC e evitar que chegue a 2ºC até 2100.

As metas foram estipuladas no Acordo de Paris, o tratado internacional assinado por 195 países e o principal acordo global para atingir objetivos climáticos. Com base nas conclusões sobre a crise, líderes de diferentes governos, integrantes da sociedade civil e representantes do setor privado passaram a discutir formas de se atingir o desenvolvimento sustentável.

Para alcançar a meta desejada, outro conceito amplamente adotado é o do tripé da sustentabilidade, ou o triple bottom line. Na década de 90, o consultor britânico John Elkington descreveu o termo pela primeira vez e apresentou a metodologia para mensurar os resultados de empresas com base em três pilares: pessoas, planeta e lucros (em inglês: people, planet and profit, os três Ps). Dessa forma, a sustentabilidade é compreendida como um sistema além da preservação ambiental.

As pessoas fazem parte do meio ambiente que ocupam e é preciso ter responsabilidade econômica para que o negócio perdure ao longo de muitos anos. O conceito também compreende a inter-relação entre os três pilares. Uma empresa será bem-sucedida se apresentar bons resultados econômicos, que estarão atrelados à conservação ambiental e ao bem-estar das pessoas.

O conceito de Elkington é semelhante à compreensão sobre os critérios da sigla para ESG do inglês, environmental (ambiental), social (social) e governance (governança). De acordo com o Pacto Global, iniciativa do setor privado para o desenvolvimento sustentável vinculada à Organização das Nações Unidas (ONU), “o ESG é um índice que avalia as operações das principais empresas conforme os seus impactos em três eixos da sustentabilidade – o meio ambiente, o social e a governança”. Ainda, o Pacto Global entende que “a medida oferece mais transparência aos investidores sobre as empresas nas quais eles estão investindo”.

Dividido em três pilares, cada aspecto traduz as ações das empresas em determinada área. Os critérios ambientais consideram o desempenho de uma empresa com relação aos impactos causados no meio ambiente. Na esfera social, os critérios avaliam a relação com empregados, fornecedores, clientes e as comunidades que sofrem algum tipo de interferência pelas atividades da empresa. Com relação à governança, os critérios analisam a liderança da empresa, o pagamento de executivos, auditoria, controles internos e os direitos de acionistas.

De certa maneira, ao longo das últimas décadas, desde a primeira menção ao termo “desenvolvimento sustentável”, em 1987, as diferentes nomenclaturas se complementaram. Para atingir o conceito definido por Brundtland, seguir os critérios definidos pelo ESG é uma maneira de manter as atividades das empresas em conformidade com o que se espera da atuação de corporações na sociedade.

Nos últimos anos, a sociedade se tornou mais crítica e passou a exigir posicionamentos de empresas das quais elas consomem bens e serviços. Parte desse movimento está atrelado ao aquecimento global e às mudanças climáticas: com a consciência cada vez maior sobre os danos que o chamado business-as-usual causa ao meio ambiente, a população espera transformações no setor privado. Ao mesmo tempo, a evolução da internet e dos meios de comunicação fez com que denúncias e acusações ganhassem uma escala muito maior, colocando marcas e reputações em risco.

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