As águas cristalinas de rios do Alasca estão ficando laranjas e, segundo pesquisadores, a liberação de minerais devido ao degelo de permafrost pode ser a causa do problema. O alerta foi publicado em 20 de maio em um estudo na revista Communications earth & environment.
Especialistas do Serviço Nacional de Parques dos Estados Unidos e de outras instituições americanas coletaram no norte do Alasca amostras das águas e identificaram 75 locais com a mudança de cor em uma área de tamanho equivalente ao estado norte-americano do Texas.
“Esses riachos alaranjados podem ser problemáticos em termos de toxicidade, mas também podem impedir a migração dos peixes para as áreas de desova", diz Jon O'Donnell, ecologista da Rede de Inventário e Monitoramento do Ártico do Serviço Nacional de Parques dos EUA, em comunicado. O pesquisador comparou o aspecto de algumas áreas com suco de laranja leitoso.
Uma das hipóteses dos estudiosos é que os minérios que antes estavam presos no permafrost congelados foram expostos à água e ao oxigênio e liberaram ácido e metais. “Os rios manchados são tão grandes que podemos vê-los do espaço”, afirmou Brett Poulin, professor assistente de toxicologia ambiental da Universidade da California em Davis, nos Estados Unidos.
Um dos metais mais predominantes nas águas é o ferro, que seria responsável pela nova coloração. Ao redor dos rios, não há minas, apesar da cor alaranjada se assemelhar à drenagem ácida proveniente delas.
As águas manchadas são mostradas por satélites desde 2008, apesar de O'Donnell ter notado o ocorrido apenas em 2018. “O problema está se propagando lentamente de pequenas nascentes para rios maiores ao longo do tempo”, ele diz.
Algumas das amostras coletadas pelos cientistas têm o pH médio de 2,3, o que é muito ácido em comparação à média esperada de pH 8 para essas águas. Isso significa que está ocorrendo o desgaste de minerais de sulfeto e uma corrosão que libera metais adicionais, como ferro, zinco, níquel, cobre e cádmio.
Além do consequente risco para peixes e invertebrados que habitam ali, pode ser que a água necessite de tratamento para ser usada por comunidades que dependem desses rios para obter água potável. Além disso, o estoque pesqueiro local poderá ser afetado.
Neste ano de 2024, os pesquisadores esperam fazer três viagens durante o verão no Hemisfério Norte para coletar amostras adicionais.