Saúde

Por Redação Galileu

Cerca de um terço dos adultos com insônia crônica sofrem do problema devido ao consumo elevado de alimentos ultraprocessados (AUP). É o que sugere um estudo publicado no periódico Journal of the Academy of Nutrition and Dietetics no dia 30 de maio.

Os resultados apresentados independem de características demográficas, estilo de vida, qualidade da dieta e estado de saúde mental. “Em um momento em que cada vez mais alimentos são altamente processados e distúrbios do sono são generalizados, é importante avaliar se a dieta poderia contribuir para um sono de qualidade adversa ou boa”, diz em comunicado a líder da pesquisa, Marie-Pierre St-Onge, do centro de excelência em pesquisa do sono e circadiana da Universidade Columbia, nos Estados Unidos.

Segundo St-Onge, a equipe de pesquisa já havia relatado associações de padrões alimentares saudáveis, como a dieta mediterrânea, com um risco reduzido de insônia e melhor qualidade do sono. Além disso, o grupo associou maior probabilidade de insônia a dietas ricas em carboidratos.

Mas o novo estudo é algo inédito porque analisa um padrão alimentar para além de nutrientes e mostra que o nível de processamento dos alimentos pode ter relevância para a saúde do sono. "O consumo de AUP está em ascensão em todo o mundo e tem sido associado a inúmeras condições de saúde, como diabetes, obesidade e câncer”, afirma a pesquisadora.

A pesquisa usou dados de mais de 39 mil adultos franceses disponíveis no levantamento NutriNet-Santé. Com isso, foi possível analisar variáveis do sono e vários dias de informações detalhadas sobre a dieta dos participantes.

Os dados foram coletados a cada seis meses entre 2013 e 2015, de adultos que faziam registros da sua alimentação durante 24 horas e forneciam informações sobre sintomas de insônia, que foi definida pelos critérios do 5º Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5) e pela 3ª Classificação Internacional de Distúrbios do Sono (ICSD-3).

Como resultado, os participantes relataram que cerca de 16% de sua energia consumida era proveniente de ultraprocessados e aproximadamente 20% deles afirmaram ter insônia crônica. A associação entre a ingestão de comida ultraprocessada e o distúrbio do sono foi evidente entre ambos homens e mulheres, mas maior no sexo masculino.

“É importante notar que nossas análises foram transversais e observacionais, e não avaliamos a associação longitudinal. Embora os dados não estabeleçam causalidade, nosso estudo é o primeiro do seu tipo e contribui para o conhecimento existente sobre AUP”, afirma uma das autoras do estudo, Pauline Duquenne, da Universidade Sorbonne Paris Nord e da Universidade Paris Cité, na França.

Alguns fatores limitaram a pesquisa, como a dependência de dados autorrelatados pelos participantes e o possível erro em classificar alguns itens alimentares. Não era possível generalizar os resultados, pois o NutriNet-Santé analisa principalmente pessoas de alta classe socioeconômica e mulheres.

A equipe de pesquisa recomenda que estudos futuros avaliem as associações ao longo do tempo. Além disso, propõe que as pessoas com problemas de sono considerem reavaliar a dieta que consomem para determinar se o ultraprocessados podem contribuir com a dificuldade de dormir.

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