Espaço

Por Redação Galileu

Diversas hipóteses sobre a origem dos círculos de rádio excêntricos (ORCs, na sigla em inglês) já foram propostas desde sua primeira detecção em 2019. Mas um estudo publicado na revista Nature nesta segunda-feira (8) pode finalmente ter uma explicação para essas "bolhas" gigantes e brilhantes no espaço profundo que contêm galáxias inteiras em seus centros.

Detectados por radiotelescópios, os círculos têm forma esférica semelhante a nebulosas planetárias ou remanescentes de supernovas; porém, são muito maiores. A descoberta mais recente das galáxias no centro dos ORCs foi o que sugeriu aos cientistas que os círculos teriam se originado em uma galáxia central e se expandido para fora, provavelmente em uma explosão de gás quente.

O estudo indica que as bolhas brilhantes dos ORCs são ondas de choque esculpidas por ventos que sopram das galáxias em seus centros. Essas galáxias passaram ou estão passando por um período intenso de formação de estrelas que nascem e morrem em sucessões rápidas, terminando sua vida em supernovas.

"Elas ocorrem quando duas grandes galáxias colidem. A fusão empurra todo o gás para uma região muito pequena, o que causa uma intensa explosão de formação de estrelas. Estrelas maciças queimam rapidamente e, quando morrem, expelem seu gás na forma de ventos que saem", explicou a astrofísica Alison Coil, da Universidade da Califórnia, nos EUA, em comunicado.

Os pesquisadores usaram o Observatório WM Keck para obter dados ópticos sobre um dos ORCs ja detectados, o ORC 4. Foi descoberto que ele tinha muitas estrelas com cerca de 6 bilhões de anos, sugerindo que essa região no espaço teria passado por um estouro de formação de estrelas que terminou por volta de um bilhão de anos atrás.

A partir de simulações computacionais, os pesquisadores determinaram se tal explosão poderia ter produzido uma bolha em expansão em volta da galáxia. Para reproduzir o ORC estudado, seria necessário que um vento galáctico que começasse a uma velocidade de cerca de 450 quilômetros por segundo emanasse da galáxia por cerca de 200 milhões de anos, estimulado por uma alta taxa de explosões de supernovas. Então, o vento diminuiria; mas enquanto o gás frio retornaria para a galáxia, o gás quente seguiria viajando para fora, em uma bolha.

"Para que isso funcione, é necessário um fluxo de saída de alta massa, o que significa que ele está ejetando muito material rapidamente. E o gás circundante, fora da galáxia, precisa ser de baixa densidade; caso contrário, o choque se interrompe. Esses são os dois fatores principais", explicou Coil.

Se essa hipótese estiver correta, alguns questionamentos ainda podem ser feitos – como por quanto tempo os ORCs permanecem visíveis, se esse é um fenômeno comum e se ele ocorre em todas as galáxias que apresentem a intensa explosão estelar.

"Acontece que as galáxias que estamos estudando têm essas taxas de saída de alta massa. Elas são raras, mas existem. Eu realmente acho que isso indica que os ORCs são originários de algum tipo de vento galáctico de saída", declarou a pesquisadora.

Para Coil, a descoberta também ajuda a compreender melhor a evolução das galáxias. "Todas as galáxias gigantes passam por uma fase ORC? As galáxias espirais se tornam elípticas quando não estão mais formando estrelas? Acho que há muito que podemos aprender sobre os ORCs e aprender com os ORCs", conclui.

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