O observatório da Missão de Imageamento de Raio X e Espectroscopia (XRISM, na sigla em inglês), da Agência Japonesa de Exploração Aeroespacial (JAXA) com a Nasa, revelou os dados que serão coletados em sua operação científica ainda em 2024.
A equipe científica do satélite divulgou imagens que mostram centenas de aglomerados de galáxias e um espectro de restos de estrelas em uma galáxia vizinha em visão de raio X. "A XRISM fornecerá um vislumbre do raio X escondido do céu para a comunidade científica internacional", disse Richard Kelley, o principal investigar dos Estados Unidos para a missão no Centro de Voos Espaciais Goddard da Nasa, em comunicado.
Segundo Kelley, a missão do satélite lançado em 6 de setembro de 2023 fará mais do que ver as imagens de raio X. A ideia é estudar a composição, movimentação e estados físicos dessas estruturas.
O satélite é capaz de detectar raios X com energia superior a 12 mil elétron-volts e investigará as regiões mais quentes, as maiores estruturas e os objetos com a gravidade mais forte — em termos de comparação, a energia da luz visível, por exemplo, fica entre 2 e 3 elétron-volts.
Instrumentos
A satélite da XRISM levou consigo dois instrumentos: o Resolve e o Xtend. O primeiro é um espectrômetro de microcalorimetria que opera pouco abaixo de zero dentro de um reservatório de hélio líquido do tamanho de uma geladeira. Desenvolvido pela Nasa com a JAXA, o Resolve mede a energia de raio X, revelando informações sobre a fonte.
![Aglomerado de galáxias Abell 2319 captado pelo instrumento Xtend do XRISM — Foto: JAXA/NASA/XRISM Xtend; background, DSS](https://cdn.statically.io/img/s2-galileu.glbimg.com/FfzieUnrKyNKHJ4tCMnrvcKz43c=/0x0:1536x1536/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_fde5cd494fb04473a83fa5fd57ad4542/internal_photos/bs/2024/m/j/k6OXuNRPOLpriLAhwIBw/nasajaxa-xrism-mission-2.jpg)
O instrumento será utilizado para estudar o N132D, resquício de uma supernova que tem uma das fontes de raio X mais brilhantes na Grande Nuvem de Magalhães. Trata-se de uma galáxia anã a 160 mil anos-luz de distância no sul da constelação Dorado. Acredita-se que os destroços em expansão tenham cerca de 3 mil anos e foram criados quando uma estrela com 15 vezes a massa do Sol colapsou e explodiu.
Até o momento, o espectro do Resolve já detectou picos de silício, enxofre, cálcio, argônio e ferro. "O Resolve permitirá que nós vejamos as abundâncias de vários elementos presentes, bem como suas temperaturas, densidades e direções de movimentos a níveis inéditos de precisão. Daqui poderemos juntar as informações sobre a estrela original e a explosão", explicou Brian Williams, cientista do projeto no Centro de Voos Espaciais Goddard.
"Mesmo antes do fim do processo de implementação, o Resolve já superou nossas expectativas", afirmou Lilian Reichental, gerente de projeto da Nasa no XRISM. "Nosso objetivo era alcançar uma resolução espectral de 7 elétron-volts com o instrumento, mas agora que está em órbita, estamos alcançando 5. O que significa que teremos mapas químicos ainda mais detalhados a cada espectro captado pelo XRISM."
Já o Xtend, o segundo instrumento do XRISM, é um imageador de raio X desenvolvido pela JAXA. O aparelho oferece um grande campo de visão da área observada, 60% maior do que o tamanho aparente da Lua.
O Xtend captou uma imagem de raio X de Abell 2319, um aglomerado de galáxias a 770 milhões de anos-luz de distância, no norte da constelação do Cisne. De acordo com a equipe científica da missão, o aglomerado está a 3 milhões de anos-luz em todo e realça o campo de visão do Xtend.
![Imagem combinada mostra os escombros da supernova N132D — Foto: NASA/STScI/CXC/SAO, processing by Judy Schmidt, CC BY-NC-SA](https://cdn.statically.io/img/s2-galileu.glbimg.com/hzHuR9344fVOSyPISsjAN6xLyAo=/0x0:1280x1280/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_fde5cd494fb04473a83fa5fd57ad4542/internal_photos/bs/2024/l/0/PvPHqaRoWZiMDHqRahYA/nasajaxa-xrism-mission-3.jpg)
No comunicado, a Nasa afirmou que o Resolve tem um bom desempenho, apesar do problema com a abertura da porta que protege seu detector. A porta também bloqueia raios X de energia baixa, cortando 1,7 mil elétrons-volt da missão, cujo previsto era de apenas 300.
Antes do lançamento, a porta já não tinha aberto como o desejado em vários testes. A equipe do XRISM continuará tentando resolver essa questão durante sua jornada. O instrumento Xtend não foi afetado pelo ocorrido.