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Por Redação Galileu

Será que estamos sozinhos no Universo? Um novo método de inteligência artificial (IA) desenvolvido por cientistas pode finalmente responder essa pergunta. A ferramenta permite descobrir eventuais sinais de vida extraterrestre em Marte ou em outros planetas, seja no passado ou presente.

A tecnologia apresentada em 17 de julho na revista Proceedings of the National Academy of Science foi divulgada ontem (25) pelo Laboratório Carnegie de Ciência da Terra e Planetas, em Washington, D.C, Estados Unidos. A instituição chama o invento de “Santo Graal da astrobiologia”.

Uma equipe de sete pesquisadores treinou a IA com 134 amostras ricas em carbono, incluindo bióticas ou abióticas. A ferramenta detectou diferenças nos padrões moleculares apresentados, revelados por uma cromatografia gasosa de pirólise (que separa e identifica as partes componentes de uma amostra), seguida por espectrometria de massa (que determina os pesos moleculares).

Os cientistas relatam que o método distinguiu com 90% de precisão amostragens biológicas modernas e antigas daquelas desprovidas de vida. “Este método analítico de rotina tem o potencial de revolucionar a busca por vida extraterrestre e aprofundar a nossa compreensão da origem e da química da vida mais antiga na Terra”, comenta Robert M. Hazen, líder do estudo, em comunicado.

A IA identificou com sucesso vários tipos de coletas: seres vivos (conchas modernas, dentes, ossos, insetos, cabelo humano, etc); restos de vida antiga alterados por processamento geológico (carvão, petróleo, âmbar e fósseis); produtos químicos puros de laboratório (por exemplo, aminoácidos) e meteoritos ricos em carbono.

"Do ponto de vista químico, as diferenças entre amostras bióticas e abióticas estão relacionadas a características como solubilidade em água, pesos moleculares, volatilidade e assim por diante", explica Jim Cleaves, autor principal do estudo, que atua no Laboratório Carnegie de Ciência da Terra e Planetas.

O desafio do carbono

De acordo com os cientistas, até agora, as origens de muitas amostras antigas contendo carbono têm sido difíceis de determinar, já que as coleções de moléculas orgânicas – sejam elas bióticas ou abióticas – tendem a se degradar o tempo. Mas isso não foi problema para o novo método analítico, que detectou sinais de biologia preservados em alguns casos ao longo de centenas de milhões de anos.

"Estes resultados significam que poderemos encontrar uma forma de vida em outro planeta, outra biosfera, mesmo que seja muito diferente da vida que conhecemos na Terra", afirma Hazen. "E, se encontrarmos sinais de vida em outro local, poderemos dizer se a vida na Terra e em outros planetas teve uma origem comum ou diferente."

Mas a IA ainda precisa de alguns ajustes, como corresponder a protocolos do instrumento Sample Analysis at Mars (SAM) do rover Mars Curiosity, segundo o pesquisador. Ainda assim, "é possível que já tenhamos dados em mãos para determinar se existem moléculas em Marte provenientes de uma biosfera orgânica marciana", ele diz.

Além de conseguir identificar amostras bióticas e abióticas, a tecnologia foi treinada para identificar coletas bióticas fósseis, diferenciando uma folha ou vegetal recém-arrancado de uma planta de milhões de anos atrás.

A técnica poderá em breve revelar vários outros mistérios, incluindo a origem dos sedimentos escuros de 3,5 mil milhões de anos da Austrália Ocidental. Alguns investigadores afirmam que tais rochas contêm os micróbios fósseis mais antigos da Terra, enquanto outros dizem que não há vida alguma nelas.

Hazen já supõe vários dos enigmas que poderão ser revelados com a tecnologia. "Poderia [a IA] analisar restos carbonizados e discriminar diferentes tipos de madeira de um sítio arqueológico? É como se estivéssemos apenas mergulhando os pés na água de um vasto oceano de possibilidades", afirma o pesquisador.

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