Espaço

Por Ana Posses, Duília de Mello e Geisa Ponte*


Imagem panorâmica de 360 graus revela a paisagem cósmica que circunda a Terra (Foto: ESO/S. Brunier) — Foto: Galileu
Imagem panorâmica de 360 graus revela a paisagem cósmica que circunda a Terra (Foto: ESO/S. Brunier) — Foto: Galileu

Conhecemos muito bem a rua onde vivemos, nosso bairro, nossa cidade e até nosso país. Mas você conhece a fundo sua casa cósmica? Nós moramos em uma galáxia chamada Via Láctea, uma linda espiral que é repleta de curiosidades.

A seguir, listamos seis fatos sobre ela que você vai adorar saber:

1. Nós já demos 19 voltas ao redor dela

Você sabia que não dá para fazer um selfie da nossa galáxia? Aquelas fotos mostrando a Via Láctea e com uma setinha apontando para uma estrela falando “você está aqui” são falsas porque ninguém nunca saiu da Galáxia. Na imagem que você vê abaixo usamos a galáxia vizinha Andrômeda, que é parecida com a nossa, também do tipo espiral. Ela tem braços que ficam sobre um disco e um núcleo que fica dentro de um bojo.

Como não temos uma foto da Via Láctea, muitas vezes a representamos com galáxias parecidas. Andrômeda é nossa vizinha mais próxima e no futuro colidirá conosco (Foto: Reprodução/jeffreysboldlygoingnowhere.com/) — Foto: Galileu
Como não temos uma foto da Via Láctea, muitas vezes a representamos com galáxias parecidas. Andrômeda é nossa vizinha mais próxima e no futuro colidirá conosco (Foto: Reprodução/jeffreysboldlygoingnowhere.com/) — Foto: Galileu

O Sol é uma das 200 bilhões de estrelas da Via Láctea situadas em um dos seus braços. Ele, ou melhor, o Sistema Solar todo, ficam girando ao redor do núcleo e, apesar de não sentirmos, vamos a uma alta velocidade de 230 km/s. São 230 milhões de anos para completar um ano galáctico, ou seja, uma volta completa. Se levarmos em conta que o Sistema Solar tem 4,5 bilhões de anos, dá pra calcular que já fizemos isso 19 vezes.

2. A Via Láctea não é só um simples disco

A Via Láctea é considerada uma galáxia de tamanho médio, tem por volta de 100 mil anos-luz de diâmetro e um halo (estrutura esférica que envolve o disco) ao seu redor que se estende por 800 mil anos-luz de distância. O legal do halo é que, apesar de parecer praticamente vazio, ele hospeda 150 aglomerados globulares — e cada um deles tem mais de 100 mil estrelas.

À esquerda, a Via Láctea representada vista de cima. No centro do disco, há uma estrutura em forma de barra com 13 mil anos-luz de diâmetro, formada principalmente por estrelas. À direita, nossa galáxia é vista no plano do disco. Ao redor da Via Láctea, vê-se o halo, que hospeda 150 aglomerados globulares, cada um deles com mais de 100 mil estrelas. (Foto: NASA JPL (esq.)/ESO/NASA/JPL-Caltech/M. Kornmesser/R. Hurt (dir.)) — Foto: Galileu
À esquerda, a Via Láctea representada vista de cima. No centro do disco, há uma estrutura em forma de barra com 13 mil anos-luz de diâmetro, formada principalmente por estrelas. À direita, nossa galáxia é vista no plano do disco. Ao redor da Via Láctea, vê-se o halo, que hospeda 150 aglomerados globulares, cada um deles com mais de 100 mil estrelas. (Foto: NASA JPL (esq.)/ESO/NASA/JPL-Caltech/M. Kornmesser/R. Hurt (dir.)) — Foto: Galileu

3. A Via Láctea não é um ralo

Lá no núcleo da Galáxia vive um monstrinho interessante, um buraco negro com 4 milhões de vezes a massa do Sol. Não é dos maiores, tem galáxia com monstros de mais de bilhões de vezes a massa do Sol, mas o nosso está crescendo. Sabemos que tem estrelas desaparecendo lá perto e isso quer dizer que tem gás sendo consumido também.

Mas será que um dia vamos cair dentro do buraco negro junto com o Sol? Não! Os buracos negros só exercem influência na região bem próxima a eles e nós estamos a mais de 28 mil anos-luz de distância. Teríamos que estar a apenas 0,0013 anos-luz do buraco negro (17 vezes o raio do Sol) para corrermos qualquer perigo de ser engolidos. Ufa!

4. Não conhecemos nem 1% de todas as estrelas da Via Láctea

Além das 200 bilhões de estrelas, nossa galáxia tem também outros componentes como planetas, poeira e gás. Mas quando observamos o céu noturno, vemos apenas 5 mil dessas estrelas com nossos olhos. As outras estão muito longe e não conseguimos enxergar a olho nu. Precisamos do auxílio de telescópios terrestres e satélites para localizá-las.

Hoje em dia, já catalogamos mais de 2 bilhões de estrelas com o satélite GAIA. Mas ainda faltam muitas e nem sabemos se um dia catalogaremos todas. Provavelmente não, pois a poeira interestelar funciona como uma parede, dificultando a passagem da luz das estrelas mais distantes.

Concepção artística da Via Láctea vista de frente. O Sistema Solar está em letras vermelhas e a órbita do Sol está marcada em amarelo. (Foto: NASA/JPL-Caltech/ESO/R. Hurt) — Foto: Galileu
Concepção artística da Via Láctea vista de frente. O Sistema Solar está em letras vermelhas e a órbita do Sol está marcada em amarelo. (Foto: NASA/JPL-Caltech/ESO/R. Hurt) — Foto: Galileu

5. Canibalismo entre galáxias é normal

A Via Láctea não está sozinha: são bilhões de outras galáxias no Universo. Porém, como ela é bem maior do que as vizinhas, tende a atrair essas galáxias anãs que ficam orbitando ao seu redor, como é o caso das Nuvens de Magalhães. Há casos até de canibalismo — a Anã Sagitário é uma que “virou comida”. Hoje suas estrelas fazem parte da nossa população estelar, mas nasceram lá na anãzinha. Descobrimos isso quando notamos uma região no céu que tem estrelas de cores e idades diferentes do resto da Galáxia. Esse tópico é muito efervescente e, nos últimos anos, estamos encontrando outros resquícios de galáxias que foram engolidas.

6. Nosso futuro na Galáxia não será muito feliz

A maior vizinha da Via Láctea, a galáxia de Andrômeda, está vindo na nossa direção a uma velocidade de 300 km/s. Em aproximadamente 4,5 bilhões de anos, ela estará aqui pertinho e colidirá com a Via Láctea. A fusão final terminará em apenas uma única galáxia bem diferente das duas que existem hoje. No entanto, as colisões entre galáxias raramente resultam em estrelas se colidindo porque elas estão muito distantes umas das outras. Já o gás presente no meio interestelar será bastante afetado. Quando o gás colide... boom, novas estrelas!

Será um evento interessante que, infelizmente, não teremos a oportunidade de ver. Mas, por meio de grandes levantamentos de dados observacionais, já podemos testemunhar outras galáxias colidindo e, com isso, entender o que vai acontecer com a Via Láctea.

E aí, agora você sabe mais sobre a Galáxia em que mora? Esperamos que tenha gostado, nos vemos na próxima coluna falando sobre novos endereços no Universo afora.

Ana Posses, Duília de Mello e Geisa Ponte são astrônomas que querem mostrar ao Brasil a importância da ciência. Trabalham para atrair mais jovens — especialmente as meninas — para esse campo. (Fotos: arquivo pessoal)) — Foto: Galileu
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