Biologia

Por Redação Galileu

Ainda que criticados por grupos de ativismo animal, os experimentos com ratos são peça chave no desenvolvimento da medicina. A obrigatoriedade experimentos com cobaias ajuda a garantir que empresas coloquem no mercado apenas tratamentos que sejam comprovadamente seguros e eficazes.

O necessário rigor científico para aprovação de um medicamento faz que a maior parte de novos tratamentos e potenciais candidatos a remédios jamais tenham uso humano. Um estudo publicado pelo PLOS Biology, na última quinta-feira (13), revela que a proporção de medicamentos fabricados após testes em bichos é bem baixa: apenas 5% deles ganham aprovação de agências regulatórias como a FDA, equivalente à Anvisa nos EUA.

Um levantamento de pesquisadores britânicos e suíços, liderados por Benjamin Ineichen, da Universidade de Zurique, investigou 367 terapias biomédicas testadas em animais. Desse grupo, apenas 5% eventualmente tiveram a aprovação da FDA (Food and Drug Administration), a agência regulatória de medicamentos dos Estados Unidos.

Ineichen e sua equipe analisaram 122 revisões de estudos científicos que avaliaram o quanto os resultados de testes em animais eram transferidos para humanos. Essas revisões continham a análise de mais de 50 doenças, entre elas, diabetes e câncer de pulmão. Além de incluírem terapias desde anticoagulantes a intervenções não farmacêuticas, como exercícios físicos e chá verde.

No total, a equipe descobriu que metade das terapias testadas em animais apresentou resultados suficientes para justificar o teste em humanos, mas somente uma em cada 20 chegou ao mercado.

Vale, aqui, a lembrança: animais de laboratório não são modelos 100% fiéis para humanos -- e, por isso, é natural que nem sempre remédios e tratamentos adequados para eles tenham boa taxa de eficácia também para nós.

Há espaço para melhora

No entanto, a equipe do estudo acredita que existem maneiras de tornar o processo mais eficiente. Segundo Ineichen, os estudos com animais não são todos conduzidos com o mesmo rigor. Muitos ensaios acontecem com camundongos jovens e machos, sem que seus sistemas imunológicos tenham passado por testes.

Futuros pacientes humanos, por outro lado, podem ser de ambos os sexos, de todas as idades e com várias doenças simultâneas. Alguns estudos com animais não são randomizados e outros não seguem o formato duplo-cego, condições consideradas necessárias para gerar resultados mais precisos e excluir eventuais vieses de cientistas.

A análise do grupo de Ineichen percebeu que, do grupo de ensaios que eram repetidos com maior frequência por cientistas, 86% teve resultados semelhantes em humanos. Ou seja, quando os resultados de um estudo em animais são repetidos diversas vezes, de diferentes formas e por diferentes equipes, há uma maior probabilidade de que os medicamentos cheguem à etapa de teste em humanos.

A partir dessas evidências, Ichinen recomenda que os experimentos tenham mais semelhanças entre os animais com a condição dos humanos. O que significa garantir uma maior diversidade entre os indivíduos -- e não dar dietas idênticas a indivíduos geneticamente semelhantes, enquanto os mantém em gaiolas semelhantes na mesma temperatura. Afinal, pacientes em ensaios clínicos dificilmente são tão iguais.

Um estudo de 2017 sugeriu que camundongos selvagens, com microbiotas naturais, eram modelos mais precisos para humanos do que animais de laboratório com bactérias intestinais controladas pelos cientistas.

Substituir animais por outras cobaias alternativas também pode ajudar. Dispositivos chamados “órgãos-em-chip” (dispositivos que imitam a resposta fisiológica humana) ou os organoides, (versões em miniatura feitas a partir de tecido cultivado em laboratório), podem imitar a resposta do corpo humano a uma terapia.

Antes de medicamentos serem testadas em animais, pesquisadores também podem usar simulações de computador para ajudar a confirmar sua viabilidade. Modelos de inteligência artificial treinados já se mostraram capazes de prever como uma substância química pode afetar os humanos sem envolver ratos de laboratório.

A verdade é que, pelo menos por ora, métodos como os listados ainda são complementares e menos acessíveis. Além disso, eles ainda não demonstraram de maneira confiável os efeitos no corpo da mesma forma que os animais fazem. Por enquanto, a testagem em cobaias continua sendo uma prática mais fiel, essencial para a criação de novos tratamentos para humanos.

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