Espécie de toupeira desaparecida desde 1936 é achada na África do Sul

A redescoberta da toupeira foi registrada em 24 de novembro na revista científica Biodiversity and Conservation. Especialistas do Endangered Wildlife Trust (EWT) e da Universidade de Pretória, na África do sul, conduziram a investigação.

"Foi um projeto muito empolgante com muitas dificuldades", relata Esther Matthew, oficial sênior de campo do EWT, em comunicado. "Felizmente, tínhamos uma equipe fantástica cheia de entusiasmo e ideias inovadoras. Isso é exatamente do que você precisa quando tem de fazer um levantamento de até 18 km de habitat de dunas em um só dia."

Alguns dos desafios do levantamento foram as tocas de difícil acesso e a audição extremamente sensível das toupeiras – graças a isso, elas podem detectar vibrações de movimentos acima do solo e, assim, evitar serem vistas da superfície. Além disso, esses animais raramente deixam túneis visíveis na superfície enquanto se movem sob a areia.

Para detectar as toupeiras, o grupo identificou áreas na África do Sul onde era possível que elas estivessem, e fez entrevistas com pessoas das comunidades locais. Um cachorro border collie treinado especialmente para detectar o cheiro de toupeiras-douradas acompanhou a equipe em busca de rastros deixados pelos animais.

Em junho de 2021, quando a equipe chegou à praia de Port Nolloth — único local onde a espécie já havia sido encontrada —, foi possível encontrar trilhas frescas de toupeira-dourada na areia, que ficaram mais visíveis pela chuva recente. Então, os pesquisadores coletaram mais de 100 amostras de solo na área e em outros locais de solo arenoso.

Em seguida, a equipe conduziu uma análise genética de cada amostra. Os cientistas utilizaram o DNA ambiental (eDNA, na sigla em inglês), que é o material genético que os animais liberam à medida que se movem pelo ambiente, geralmente na forma de células da pele, pelos e excreções corporais.

Com isso, os pesquisadores descobriram várias espécies de toupeira-dourada vivendo na areia ao longo da costa. Entre elas, havia duas espécies comuns (a toupeira-dourada do Cabo e a toupeira-dourada de Grant) e uma ameaçada e rara (toupeira-dourada de Van Zyl).

Já outra espécie era a toupeira-dourada De Winton, que é a 11ª das espécies perdidas mais procuradas do mundo a ser redescoberta desde o lançamento da Busca por Espécies Perdidas em 2017. Contudo, os pesquisadores tiveram que distingui-la da toupeira-dourada de Van Zyl, que é geneticamente muito semelhante.

Na época em que as amostras foram coletadas, isso não era possível, pois havia somente uma sequência de DNA de referência da toupeira-dourada De Winton disponível. Porém, uma nova sequência de genes da espécie ficou disponível em janeiro de 2022.

Quando a equipe comparou suas sequências de eDNA da praia de Port Nolloth com a nova sequência de referência, houve uma correspondência clara com a toupeira-dourada De Winton. "Embora muitas pessoas duvidassem que a toupeira-dourada De Winton ainda estivesse por aí, eu tinha fé de que a espécie ainda não havia entrado em extinção", disse Cobus Theron, gerente sênior de conservação do EWT e membro da equipe de busca.

Theron acredita que o eDNA abre uma enorme oportunidade não apenas para toupeiras, mas para outras espécies perdidas ou ameaçadas.

Desde a expedição em 2021, o EWT identificou quatro populações adicionais de toupeira-dourada De Winton. Os especialistas estão trabalhando para proteger as toupeiras e aprender mais sobre elas.