Biologia

Por Redação Galileu

Em um estudo realizado no Parque Nacional Phang Nga, na Tailândia, pesquisadores sugerem que a produção de ferramentas de pedra, historicamente associadas aos primeiros hominídeos, podem também ter sido confeccionadas por macacos. A análise foi conduzida por especialistas do Instituto Max Planck de Antropologia Evolutiva, na Alemanha.

Até então, acreditava-se que a confecção de materiais de pedra afiados era uma característica que representava o início da produção intencional de ferramentas, algo que definia a evolução dos hominídeos. No entanto, a nova pesquisa mostrou que artefatos produzidos por macacos do velho mundo eram semelhantes aos utensílios humanos.

No estudo publicado na revista Science Advances, na sexta-feira (10), os pesquisadores explicam que essa evidência é usada para decifrar o comportamento, a cognição e as estratégias de subsistência mais antigas dos hominídeos. Encontrar uma assinatura arqueológica semelhante, feita acidentalmente por macacos, desafia algumas compreensões de longa data da evolução humana.

“Entender como e quando os nossos ancestrais começaram a produzir lascas de pedra afiadas intencionalmente é uma grande questão que normalmente é investigada por meio do estudo de artefatos e fósseis do passado. Nosso estudo mostra que a produção de ferramentas de pedra não é exclusiva dos humanos”, disse Tomos Proffitt, pesquisador do Instituto Max Planck e principal autor, em nota.

Produção acidental

Exemplo de um macaco de cauda longa usando uma ferramenta de pedra para pegar comida — Foto: Reprodução/ Lydia V. Luncz
Exemplo de um macaco de cauda longa usando uma ferramenta de pedra para pegar comida — Foto: Reprodução/ Lydia V. Luncz

Os pesquisadores chegaram a essa conclusão após observar os macacos-de-cauda-longa do parque tailandês. Esses primatas usam ferramentas que funcionam como martelos ou bigornas para abrir nozes de casca dura e, neste processo, acabam quebrando seus utensílios. A grande quantidade de lascas de pedra quebradas são espalhadas pelo local.

De acordo com os pesquisadores, muitos desses artefatos feitos acidentalmente possuem todas as mesmas características comumente usadas para identificar ferramentas de pedra feitas intencionalmente em alguns dos primeiros sítios arqueológicos da África Oriental.

“O fato de esses macacos usarem ferramentas de pedra para processar nozes não é surpreendente, pois eles também usam ferramentas para obter acesso a vários frutos do mar. O que é interessante é que, ao fazê-lo, eles acidentalmente produzem um registro arqueológico substancial que é parcialmente indistinguível de alguns artefatos hominídeos”, explica Proffitt.

Ao comparar os fragmentos de pedra produzidos pelos macacos com os de alguns dos primeiros sítios arqueológicos, os pesquisadores foram capazes de mostrar que muitos dos artefatos feitos pelos primatas se enquadram na faixa daqueles comumente associados aos primeiros hominídeos.

“Nossos resultados mostram que, usando critérios analíticos arqueológicos atuais, flocos produzidos involuntariamente a partir de comportamentos percussivos podem ser erroneamente identificados e interpretados como produtos intencionais se encontrados em contextos arqueológicos”, destacam os autores no estudo.

A recém-descoberta oferece novas percepções sobre como as primeiras tecnologias podem ter começado a surgir entre nossos mais antigos ancestrais, e que sua origem pode ter sido ligada a um comportamento semelhante à quebra de nozes, que pode ser substancialmente mais antigo do que o registro arqueológico atual.

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