Arqueologia

Por Redação Galileu

A análise dos achados de um sítio arqueológico em Neumark-Nord, na Alemanha, revela os primeiros indícios de caça a elefantes europeus de presas retas (Palaeoloxodon antiquus) por neandertais. A descoberta também abre margem para novas interpretações sobre as formas de agrupamento desses hominídeos e, possivelmente, suas técnicas de preservação de alimentos.

Os ossos analisados datam de 125 mil anos atrás e foram originalmente descobertos entre as décadas de 1980 e 1990. Já naquela época, o registro era tido como incomum por se tratarem de 70 espécimes quase exclusivamente de indivíduos adultos, com predominância de machos. O padrão destoava daquilo que já havia sido observado em outros fósseis ou mesmo dentre a população de elefantes vivos.

Foi apenas a partir de 2021 que uma equipe de pesquisadores coordenados por Sabine Gaudzinski-Windheuser identificou vestígios nos ossos que apontavam para a caça desses animais. Assim, cerca de 3.122 restos faunísticos foram revisitados de forma a identificar sua localização no esqueleto, apontar modificações antropogênicas ou carnívoras e documentar quaisquer alterações aparentes.

Resultados dos estudos

A revisão arqueológica concentrou-se em apontar as lesões distribuídas pelos restos esqueléticos dos animais. A conclusão a que se chegou foi que os neandertais atuavam ativamente na caça da megafauna na região. Pelas análises, a atividade ocorreu continuamente por um período de 2 mil anos, o significa que incluiu dezenas de gerações dos hominídeos.

Reconstrução em tamanho real de um elefante europeu macho adulto de presa reta  — Foto: Divulgação/Lutz Kindler/LEIZA
Reconstrução em tamanho real de um elefante europeu macho adulto de presa reta — Foto: Divulgação/Lutz Kindler/LEIZA

Em nota à imprensa, os pesquisadores sugerem que os indivíduos machos adultos foram encontrados em maior número por se manterem isolados dos demais (comportamento observado nos elefantes modernos), o que facilitaria sua abordagem, fora da proteção de um rebanho. Com altura de até 4 metros e massa corporal de 13 toneladas, a caça desses animais teria gerado retornos muito significativos às populações pré-históricas.

Caçar esses grandes animais, porém, exigia uma enorme cooperação entre os membros do grupo participante, assim como nos processos posteriores ao abate, tais quais o preparo e o armazenamento do alimento. Segundo os especialistas, essa nova constatação implica repensar os conceitos que se tinha sobre os agrupamentos neandertais.

Até então, acreditava-se que os agrupamentos neandertais contavam com um número máximo de 25 membros. Mas os autores calculam que um elefante de 10 toneladas poderia render, no mínimo, 2.500 refeições de 4 mil kcal. Isso criaria uma diferença muito grande entre a oferta de alimento e o seu consumo.

Dessa forma, duas hipóteses foram levantadas. A primeira delas considera que os hominídeos se reuniam — ao menos temporariamente — em grupos muito maiores para caçar elefantes. Já a outra ideia é que essas populações detinham conhecimentos e meios para preservar e armazenar alimentos em larga escala.

Os autores deixam as duas opções em aberto. Contudo, eles enfatizam que ambas são descobertas importantes e contribuem significativamente para a compreensão dos nossos parentes extintos.

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