Arqueologia

Por Redação Galileu

Muitas vezes, quando pensamos no Neolítico (10.000 a.C.-2200 a.C.), imaginamos uma sociedade totalmente harmônica e com poucas preocupações. Entretanto, um estudo realizado por pesquisadores suecos e alemães avaliou mais de 2300 restos mortais dos nossos antepassados e indicou que a harmonia talvez nunca tenha reinado naquela época.

No artigo, publicado na última terça-feira (17) no periódico PNAS, os autores apontam que mais de um em cada dez restos mortais, datados de 8 mil a 4 mil anos atrás, apresentavam ferimentos causados por armas, além de indícios de massacre. Os resquícios pertenciam a esqueletos humanos achados em locais diferentes da Dinamarca, França, Alemanha, Grã-Bretanha, Espanha e Suécia.

Para chegar a essa conclusão, foi necessário realizar análises com técnicas bioarqueológicas e, assim, conseguir mapear evidências de violência no noroeste da Europa neolítica, onde existe a maior concentração de sítios neolíticos escavados no mundo.

Mapa do Noroeste da Europa mostrando sítios arqueológicos com ferimentos relacionados à violência em restos de esqueletos neolíticos (vermelho) e assentamentos/cercados/locais de fatalidade em massa com evidências de violência coletiva (azul) — Foto: Universidade de Edimburgo
Mapa do Noroeste da Europa mostrando sítios arqueológicos com ferimentos relacionados à violência em restos de esqueletos neolíticos (vermelho) e assentamentos/cercados/locais de fatalidade em massa com evidências de violência coletiva (azul) — Foto: Universidade de Edimburgo

O foco da busca nos restos mortais era achar evidências de lesões causadas predominantemente por força contundente, que provoca lesão ou contusão, no crânio. "Ossos humanos são a forma mais direta e menos tendenciosa de evidência para hostilidades passadas, e nossas habilidades para distinguir entre ferimentos fatais em oposição à quebra post-mortem [pós-morte] melhoraram drasticamente nos últimos anos, além de diferenciar ferimentos acidentais de ataques com armas", comenta, em nota, uma das autoras da pesquisa, Linda Fibiger.

Com a investigação, foi possível identificar que 10% das lesões achadas eram, muito provavelmente, causadas por golpes frequentes na cabeça por instrumentos sólidos ou machados de pedra. Além de lesões contundentes, também foram achadas lesões penetrantes, provavelmente causadas por flechas.

Outra informação que chocou os autores foi o indício de massacre. Isso porque alguns dos feridos estavam ligados entre si no mesmo enterro, o que sugere uma ação planejada de destruição de uma comunidade inteira. É possível que uma sociedade tivesse tentado aniquilar a outra.

"O estudo levanta a questão de por que a violência parece ter sido tão prevalente durante esse período. A explicação mais plausível pode ser que a base econômica da sociedade mudou”, comenta Martin Smith, coautor do artigo. "A explicação mais plausível pode ser que a base econômica da sociedade mudou. Com a agricultura veio a desigualdade e aqueles que tiveram menos sucesso às vezes parecem ter se engajado em ataques e violência coletiva como uma estratégia alternativa para o sucesso, com os resultados agora sendo cada vez mais reconhecidos arqueologicamente”, avalia.

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