• Marília Marasciulo
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8 fatos sobre Vladimir Putin e sua trajetória à frente da Rússia (Foto: kremlin.ru/Wikimedia Commons)

8 fatos sobre Vladimir Putin e sua trajetória à frente da Rússia (Foto: kremlin.ru/Wikimedia Commons)

Na presidência da Rússia desde o ano 2000, Vladimir Putin foi o responsável por dar início à invasão russa à Ucrânia — e de quebra despertar o temor de uma nova guerra que abrangesse todo o território europeu e de um conflito nuclear. Com um governo marcado por políticas autocráticas, denúncias de corrupção, perseguição a opositores e interferência política em outros países, este ex-espião da KGB começou sua carreira política em 1991 e é hoje uma das figuras mais poderosas da atualidade. Conheça sua trajetória.

Espião da KGB
Nascido em 1952 em uma família operária na região de Leningrado (atual São Petersburgo), na União Soviética, Putin se formou em Direito e entrou para a KGB, o serviço secreto soviético, em 1975. Na agência, trabalhou nas unidades de contrainteligência e inteligência estrangeira. Em 1985, foi enviado a Dresden, na então Alemanha Oriental, de onde presenciou a queda do Muro de Berlim e a ruptura do modelo comunista soviético. Na Rússia republicana, sob o governo de Boris Yeltsin, foi nomeado em 1998 diretor do Serviço Federal de Segurança (FSB).

Político
Em 1991, diante do fim iminente da União Soviética, Putin começou sua carreira política trabalhando como presidente do Comitê de Relações Internacionais da prefeitura de São Petersburgo, durante a gestão do prefeito Anatoly Sobchak. Tornou-se vice-prefeito no ano seguinte, e a partir daí começou a subir os degraus do poder na nova Rússia. Chegou ao Kremlin em 1996, no cargo de vice-assessor de Yeltsin. Após liderar a reorganização do FSB em 1998, Putin foi indicado como chefe do Comitê de Segurança do País em 1999 e, no mesmo ano, convidado para o cargo de primeiro-ministro.

Senhor da guerra
O prestígio que rendeu a Putin a vitória na eleição de 2000 se deveu principalmente por sua atuação como chefe de segurança no contexto do conflito com a Chechênia. Entre 1994 e 1996, a Rússia travou uma guerra com a província separatista da região do Cáucaso, que terminou em um acordo de paz humilhante para o governo Yeltsin. Mas em 1º de outubro de 1999, um mês depois de Putin assumir o Comitê de Segurança, ele promoveu uma nova invasão russa à Chechênia, dessa vez bem-sucedida – o país retomou o controle sobre a região separatista, fortalecendo o orgulho patriótico russo e aumentando o poder de influência de Putin.

Presidente
Como primeiro-ministro, era de se esperar que Putin se tornasse o sucessor do presidente. E isso aconteceu rápido: em 31 de dezembro, um doente e cansado Yeltsin foi à TV anunciar a renúncia. Putin assumiu interinamente durante três meses até ser oficialmente eleito com 53% de votos no primeiro turno em março de 2000. Desde então, ele se manteve no poder da Rússia.

Perseguição a opositores
Na presidência, não demorou para Putin começar a minar a oposição política. Suas duas décadas de governo foram marcadas por perseguições, prisões e até mesmo envenenamento de opositores. Em 2003, por exemplo, Mikhail Khodorkovsky, na época o homem mais rico da Rússia, foi preso acusado de crimes financeiros – o bilionário ajudava partidos de oposição. Outro caso marcante foi o do ex-agente da FSB Alexander Litvinenko, que denunciava crimes de corrupção, e morreu em 2006 envenenado com polônio, um elemento radioativo. O caso mais recente é o do ativista anticorrupção Alexei Navalny, que chegou a ser envenenado, se recuperou, mas hoje se encontra preso pelo governo russo.

Autocracia
Desde que chegou à presidência, Putin se movimentou para manter o governo russo em suas mãos. Pela constituição de 1993, do fim da União Soviética, o Poder Executivo da Rússia seria dividido entre o presidente (chefe de Estado) e o primeiro-ministro (chefe de governo), em mandatos de quatro anos com direito a reeleição. Em 1998, após o segundo mandato, Putin indicou como sucessor o seu primeiro-ministro, Dmitry Medvedev, que no primeiro ano de governo apresentou uma lei estendendo o mandato presidencial para seis anos. Ao final do governo fantoche de Medvedev, Putin concorreu de novo à presidência, vencendo no primeiro turno tanto em 2012 quanto em 2018.

Influência nos EUA
Uma investigação do FBI, a polícia federal americana, buscou indícios da influência do governo russo nas eleições de 2016, que deram vitória a Donald Trump. As suspeitas eram de que organizações patrocinadas pela Rússia atuaram em campanhas de desinformação e divulgação de notícias falsas para interferir nos resultados do pleito nos Estados Unidos. O relatório da investigação, comandada pelo ex-diretor da agência, Robert Mueller, indiciou 13 cidadãos russos e três empresas, por "semear discórdia no sistema político dos EUA, incluindo a eleição presidencial de 2016". Investigação semelhante, mas em menor escala, foi feita na Inglaterra, e identificou interferência da Rússia no referendo do Brexit.