História
O fatídico dia em que indígenas discursaram pela primeira vez na ONU
Neste "Quer Que Eu Desenhe?", conheça alguns fatos que sucederam o episódio histórico na luta pelos direitos indígenas, ocorrido em 10 de dezembro de 1992
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“Boa noite, meus amigos e minhas amigas”, disse Davi Kopenawa Yanomami à plateia. “Eu sou yanomami e vim representar os povos da Floresta Amazônica”. Ao mesmo tempo, uma voz traduzia sua fala para o inglês, e a sala da Assembleia Geral da ONU se tornava palco de um fato histórico.
Pela primeira vez na história da Organização das Nações Unidas, no dia 10 de dezembro de 1992, um indígena discursava na sede em Nova York. Ao lado de outras 19 lideranças mundiais, Kopenawa havia sido convidado para a cerimônia oficial de abertura do Ano Internacional dos Povos Indígenas.
A iniciativa, uma reivindicação de longa data, visava fortalecer a cooperação internacional para a solução dos problemas enfrentados por esses povos, sobretudo no que diz respeito a direitos humanos, meio ambiente, educação e saúde. Em 1995, o ano especial daria lugar à Década Internacional dos Povos Indígenas.
Regulamentado pela Resolução 49/214, de 17 de fevereiro de 1995, o decênio tinha como principais objetivos criar um fórum permanente com representação indígena na ONU — que surgiria em 2001 — e aprovar uma Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos Indígenas.
Oficializado em 2007, o dispositivo estabeleceu as responsabilidades dos Estados na promoção dos direitos dessas populações, como o acesso a terras e à preservação de suas culturas. Entre seus principais idealizadores estavam lideranças do Grupo de Trabalho da ONU sobre Populações Indígenas.
A data da primeira reunião do grupo, 9 de agosto de 1982, foi escolhida como o Dia Internacional dos Povos Indígenas. Mas ainda há muito o que ser feito. Na ONU, Kopenawa pediu que o ajudassem a manter seu povo “em paz e com saúde” — no entanto, eles estão cada vez mais ameaçados.