• Redação Galileu
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Pegadas humanas de 6 milhões de anos foram encontradas na ilha mediterrânea de Creta (Foto: Universidade de Tübingen)

Pegadas humanas de 6 milhões de anos foram encontradas na ilha mediterrânea de Creta (Foto: Universidade de Tübingen)

Pegadas pré-históricas foram encontradas em sedimentos fossilizados numa praia próxima à vila de Trachilos, na ilha grega de Creta. A descoberta ocorreu em 2017, mas só agora as impressões foram datadas como tendo 6 milhões de anos, em um estudo publicado nesta segunda-feira (11) no jornal científico Scientific Reports.

Ao que tudo indica, as pegadas são as mais antigas já descobertas de hominídeos ancestrais. As marcas são quase 2,5 milhões de anos mais velhas do que as atribuídas ao famoso fóssil Lucy, de uma fêmea de Australopithecus afarensis, descoberto na Tanzânia e que ajudou na compreensão da evolução humana.

As impressões da ilha mediterrânea têm a mesma idade dos fêmures fossilizados de hominídeos da espécie Orrorin tugenensis achados no Quênia em 2000. Esses primatas também eram bípedes, mas não há registro de nenhuma pegada deles. Por outro lado, as marcas cretenses podem servir para lançar uma nova luz sobre a evolução do caminhar humano.

A análise é fruto de um trabalho realizado por uma equipe internacional de cientistas liderada por especialistas da Universidade de Tubinga, na Alemanha. O estudo revelou que o pé do hominídeo que deixou a pegada tinha um dedão paralelo forte e dedos laterais sucessivamente curtos. “O pé tinha uma sola mais curta do que o Australopithecus. Ainda não havia um arco pronunciado e o calcanhar era mais estreito”, conta Per Ahlberg, coautor do estudo, em comunicado.

Ao conduzirem uma investigação geoquímica na praia onde estava a pegada, os pesquisadores notaram que poeira do deserto do Norte da África de 500 a 900 milhões de anos atrás foi transportada até Creta pelo vento. Isso confirma teses anteriores da própria equipe de que, há cerca de 6 milhões de anos, a Europa e o Oriente Próximo foram separados do leste africano por uma breve extensão do Saara. 

Pouco antes disso, porém, mamíferos da Europa e possivelmente macacos podem ter começado a migrar para a África por conta de uma fase de desertificação há 6,25 milhões de anos, que atingiu a Mesopotâmia (atual Iraque). Contudo, quando os continentes foram separados pelo Saara, o que ocorreu foi um desenvolvimento separado do O.tugenensis em relação a um ancestral humano europeu.

O.tugenensis, que viveu 5,8 milhões e 6 milhões de anos de anos atrás, é possivelmente o ancestral humano mais antigo da África, segundo os cientistas. Além disso, os pesquisadores acham possível haver alguma relação entre o hominídeo responsável pela pegada e o Graecopithecus freybergi, identificado por eles com base em fósseis de depósitos de 7,2 milhões de anos em Atenas.