• Redação Galileu
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 Para cumprir a travessia da América do Sul à Groenlândia, os gigantes tiveram que esperar por uma melhora nas condições climáticas extremas da atmosfera terrestre.  (Foto: James Kuether)

Para cumprir a travessia da América do Sul à Groenlândia, os gigantes tiveram que esperar por uma melhora nas condições climáticas extremas da atmosfera terrestre. (Foto: James Kuether)

Embora os continentes estivessem aglomerados em uma massa única de Terra (a tal da Pangeia), o deslocamento de dinossauros herbívoros da América do Sul para a Groenlândia, ocorrido no período Triássico (entre 252 e 201 milhões de anos atrás), não foi nada fácil. Os animais levaram 15 milhões de anos para cruzar apenas 10 mil quilômetros de viagem, segundo um estudo recente publicado na revista PNAS.

A lentidão do feito, porém, não foi sem motivo: para cumprir a travessia, os gigantes tiveram que esperar por uma melhora nas condições climáticas extremas da atmosfera terrestre. À época, segundo os pesquisadores, a concentração de CO2 era de quase 4 mil ppm (partes por milhão), índice dez vezes maior que o atual.

E por que o excesso de dióxido de carbono era um problema? “As áreas desérticas que eles precisavam atravessar ficaram terrivelmente quentes e secas, ao passo que as áreas equatoriais úmidas eram tremendamente instáveis ​​e úmidas”, explica, em comunicado, Lars Clemmensen, professor da Universidade de Copenhague, na Dinamarca, e um dos autores da pesquisa.

Vindos do norte da Argentina e do sul do Brasil, os chamados sauropodomorfos latino-americanos só conseguiram completar a transição quando os níveis de CO2 caíram para cerca de 2 mil ppm, quase cinco vezes maior que o atual, o que aconteceu há 214 milhões de anos.

A grande mudança climática, de acordo com o estudo, permitiu que os dinossauros se movessem por áreas anteriormente inabitáveis. O clima mais propício à vida foi o impulso necessário para que os animais finalmente colocassem as patas no norte da América – onde, caso fosse necessário, também poderiam fazer outras migrações com maior velocidade, devido à baixa quantidade de CO2.

E os carnívoros?

Para chegar aos resultados da pesquisa, os cientistas analisaram rochas da América do Sul, dos Estados Unidos, da Europa e da Groenlândia – regiões onde fósseis de sauropodomorfos já foram encontrados. As pistas deixadas pelo campo magnético terrestre nos materiais permitiu cravar a data exata de chegada dos dinossauros herbívoros à Groenlândia.

Na foto, os dois pesquisadores por trás do estudo: Lars Clemmensen, da Universidade de Copenhagen, e Nils Natorp, do Geocenter Møns Klint, em expedição na Groenlândia (Foto: Divulgação)

Na foto, os dois pesquisadores por trás do estudo: Lars Clemmensen, da Universidade de Copenhagen, e Nils Natorp, do Geocenter Møns Klint, em expedição na Groenlândia (Foto: Divulgação)

Além disso, após sete expedições nessas áreas, o time também descobriu ossos de dinossauros carnívoros. Segundo dados preliminares, os comedores de carne saíram à frente no confronto com os obstáculos climáticos da travessia: chegaram ao norte da América 600 mil anos antes do que os herbívoros.