• Redação Galileu
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Amostra de superfície de asteroide revelou material orgânico essencial para a vida (Foto: Institute of Space and Astronautical Science/Jaxa)

Amostra de superfície de asteroide revelou material orgânico essencial para a vida (Foto: Institute of Space and Astronautical Science/Jaxa)

Pela primeira vez, cientistas encontraram água e matéria orgânica na superfície de um asteroide que viajou no Sistema Solar. A amostra do chamado Itokawa foi coletada em 2010 pela missão Hayabusa da Agência Japonesa de Exploração Aeroespacial (Jaxa, na sigla em inglês). A partir de análise, pesquisadores da Royal Holloway da Universidade de Londres, no Reino Unido, mostraram que a matéria do asteroide evoluiu quimicamente com o passar dos anos.

Publicado no Scientific Reports na última quinta-feira (4), o estudo sugere que o objeto de bilhões de anos foi incorporando água e matéria orgânica no Sistema Solar, assim como aconteceu com a Terra ao longo do tempo. O asteroide teria passado por diferentes condições, incluindo aquecimento extremo e desidratação, além de fortes impactos. Mesmo assim, o objeto restabeleceu sua forma e se reidratou com água fornecida a partir da queda de poeira e de meteoritos ricos em carbono.

O cientista Queenie Chan, do departamento de Ciências da Terra da Royal Holloway, explicou, em comunicado, que a amostra analisada pela equipe continha matéria orgânica primitiva e processada — ou seja, não aquecida e aquecida, respectivamente. 

Geralmente rochosos, os asteroides do tipo S — compostos de sílica, como o Itokawa — são considerados secos, mas este estudo traz uma nova perspectiva para esta classificação. Ao que parece, os asteroides do tipo C (carbonáceos) não são os únicos a conter moléculas de carbono e água.

A proximidade entre os dois tipos de material é reveladora: "A matéria orgânica que foi aquecida indica que o asteroide esteve a mais de 600°C no passado. A presença de matéria não aquecida muito perto dela significa que a queda de orgânicos primitivos chegou à superfície de Itokawa depois que o asteroide esfriou", explicou o pesquisador. "Essas descobertas são realmente empolgantes, pois apresentam detalhes complexos da história de um asteroide e mostram como sua trajetória evolutiva é tão semelhante à da Terra pré-biótica”, conclui Chan.