• Redação Galileu
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Ilustração do oviraptorossauro com ninho de ovos  (Foto: Divulgação/Zhao Chuang/Museu Carnegie de História Natural)

Ilustração do oviraptorossauro com ninho de ovos (Foto: Divulgação/Zhao Chuang/Museu Carnegie de História Natural)

Pesquisadores descobriram, pela primeira vez, um fóssil de uma mãe oviraptorossauro (Oviraptorosauria) que acabou sendo eternizada junto ao seu ninho de ovos. A cena peculiar, que ocorreu há 70 milhões de anos, no período Cretáceo, foi descrita em um estudo publicado em dezembro de 2020 no periódico Science Bulletin.






O raro fóssil do dinossauro com pelo menos 24 ovos foi encontrado em rochas do Cretáceo Superior, na cidade de Ganzhou, na província de Jiangxi, no sul da China. Ao menos sete dos embriões ainda tinham ossos ou esqueletos parciais que estavam se desenvolvendo.

"Dinossauros preservados em seus ninhos são raros, assim como embriões fósseis. Esta é a primeira vez que um dinossauro não aviário foi encontrado, sentado em um ninho de ovos que preservam embriões, em um único espécime espetacular", confirma, em comunicado, o líder do estudo, Shundong Bi, da Universidade de Kunming, na China.

Fóssil de 70 milhões de anos de oviraptorossauro com ovos  (Foto: Divulgação/Shundong Bi/Indiana University of Pennsylvania)

Fóssil de 70 milhões de anos de oviraptorossauro com ovos (Foto: Divulgação/Shundong Bi/Indiana University of Pennsylvania)

Uma equipe internacional de pesquisadores estudou o fóssil por meio de análises de isótopos de oxigênio, que são feitas para a datação de achados pré-históricos. Eles descobriram que os ovos estavam sendo incubados em altas temperaturas, o que sugere que a mãe dos embriões morreu tragicamente enquanto ainda os chocava. 

“Ela foi uma guardiã atenciosa que no final das contas deu sua vida enquanto alimentava seus filhotes”, comenta o coautor da pesquisa, Matthew Lamanna, do Museu Carnegie de História Natural, nos Estados Unidos.

Além do instinto da oviraptorossauro em chocar os ovos até a morte, outro fato curioso descoberto pelos pesquisadores é que os embriões estavam em estágios diferentes de desenvolvimento, o que indica que alguns podem ter eclodido antes de outros – e não todos de uma só vez.








Mas os achados não pararam por aí. Também foi descoberto que a oviraptorossauro adulta  tinha acabado de fazer uma refeição antes de morrer. No abdômen do exemplar, os pesquisadores encontraram vestígios de “pedras no estômago” (gastrólitos), que foram engolidas pelo réptil para ajudar na digestão, segundo os especialistas.

Esse fato inusitado pode ajudá-los a entender melhor a dieta dessa antiga criatura. "É extraordinário pensar quanta informação biológica é capturada apenas neste único fóssil. Vamos aprender com este espécime por muitos anos”, afirma outro cientista do estudo, Xing Xu, também do Museu Carnegie de História Natural.