• Redação Galileu
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Impressão artística do disco formador de planetas ao redor da estrela IRS 48, conhecido como Oph-IRS 48 (Foto: ESO/L. Calçada, ALMA (ESO/NAOJ/NRAO)/A. Pohl, van der Marel et al., Brunken et al.)

Impressão artística do disco formador de planetas ao redor da estrela IRS 48, conhecida também como Oph-IRS 48 (Foto: ESO/L. Calçada, ALMA (ESO/NAOJ/NRAO)/A. Pohl, van der Marel et al., Brunken et al.)

A maior molécula já identificada em um disco de formação de planetas foi detectada por pesquisadores do Observatório de Leiden, na Holanda. A estrutura impressiona pois é precursora de moléculas orgânicas maiores, que podem levar ao surgimento da vida. Os resultados estão em estudo publicado nesta terça-feira (8) no jornal Astronomy & Astrophysics.






Composta por nove átomos, a molécula é de éter dimetílico, substância presente normalmente em nuvens formadoras de estrelas, mas nunca antes detectada em um disco que fabrica planetas. Além disso, os cientistas fizeram uma detecção provisória de metanoato de metila, que é similar à maior molécula.

As descobertas foram feitas com o Atacama Large Millimeter/submillimeter Array (ALMA), do Observatório Europeu do Sul (ESO), no Chile." É realmente emocionante finalmente detectar essas moléculas maiores em discos. Por um tempo, pensamos que talvez não fosse possível observá-las", diz Alice Booth, coautora do estudo e pesquisadora do Observatório de Leiden, em comunicado.

Imagens do Atacama Large Millimeter/submillimeter Array (ALMA) mostram onde várias moléculas de gás foram encontradas no disco ao redor da estrela IRS 48 (Foto: ALMA (ESO/NAOJ/NRAO)/A. Pohl, van der Marel et al., Brunken et al.)

Imagens do Atacama Large Millimeter/submillimeter Array (ALMA) mostram onde várias moléculas de gás foram encontradas no disco ao redor da estrela IRS 48 (Foto: ALMA (ESO/NAOJ/NRAO)/A. Pohl, van der Marel et al., Brunken et al.)

O éter dimetílico e o metanoato de metila estavam no disco em torno da jovem estrela IRS 48 (também conhecida como Oph-IRS 48), a 444 anos-luz, na constelação de Ophiuchus. O objeto formador de planetas tem uma “armadilha de poeira” em forma de castanha de caju.

A região provavelmente se formou por causa de um planeta recém-nascido ou uma pequena estrela companheira. A “armadilha” retém um grande número de grãos de poeira do tamanho de milímetros que podem se juntar e se transformar em objetos com quilômetros de extensão, como cometas, asteroides e até planetas.

Moléculas no disco ao redor da estrela IRS 48 (Foto: ALMA (ESO/NAOJ/NRAO)/A. Pohl, van der Marel et al., Brunken et al.)

Moléculas no disco ao redor da estrela IRS 48 (Foto: ALMA (ESO/NAOJ/NRAO)/A. Pohl, van der Marel et al., Brunken et al.)

Em outro estudo recente, pesquisadores descobriram que essa região do disco é um reservatório congelado, que abriga os grãos de poeira cobertos por gelo rico em moléculas complexas. Foi na “armadilha”, inclusive, que o ALMA detectou sinais da molécula de éter dimetílico.

O rastreio foi possível devido a um aquecimento vindo de IRS 48, que sublimou o gelo em gás, liberando as moléculas. “O que torna isso ainda mais empolgante é que agora sabemos que essas moléculas maiores e complexas estão disponíveis para alimentar os planetas em formação no disco ”, explica Booth. “ Isso não era conhecido antes, pois na maioria dos sistemas essas moléculas estão escondidas no gelo”.






Com a detecção do éter dimetílico, os especialistas acreditam que muitas outras moléculas complexas ligadas a regiões de formação de estrelas também podem estar em discos de formação de planetas. Elas podem originar aminoácidos e açúcares, essenciais para originar vida na Terra e, quem sabe, em outros planetas.

"A partir desses resultados, podemos aprender mais sobre a origem da vida em nosso planeta e, portanto, ter uma ideia melhor do potencial de vida em outros sistemas planetários. É muito emocionante ver como essas descobertas se encaixam no quadro geral", afirma Nashanty Brunken, principal autora do estudo.