• Redação Galileu
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Impressão artística do gás e poeira no disco protoplanetário de estrela revela moléculas necessárias à vida (Foto: M.Weiss/Center for Astrophysics/Harvard)

Impressão artística do gás e poeira no disco protoplanetário de estrela revela moléculas necessárias à vida (Foto: M.Weiss/Center for Astrophysics/Harvard)

Cientistas que buscam por sinais de vida fora da Terra se surpreenderam ao encontrarem moléculas orgânicas essenciais ao surgimento de seres vivos em discos protoplanetários. Esses "berçários de planetas" estão ao redor de estrelas jovens relativamente próximas do nosso planeta.

O resultado foi o mais extenso mapeamento da composição de discos protoplanetários já feito em alta resolução. A novidade foi publicada nesta quinta-feira (16), no Astrophysical Journal Supplement Series, e é um dos 20 artigos científicos de uma série que descreve a química da formação de planetas.

O estudo indicou nos discos protoplanetários a presença de moléculas que são um “passo” para a formação de estruturas mais complexas e essenciais à vida. Isto é, foram encontrados “ingredientes básicos” para criar açúcares, aminoácidos e até mesmo componentes do ácido ribonucléico (RNA). 

Muitos dos ambientes onde cientistas haviam encontrado essas moléculas orgânicas essenciais eram muito distantes de onde e quando se acreditava que os planetas se formavam. Então, os especialistas resolveram investigar os discos protoplanetários.

Discos protoplanetários estudados pelos pesquisadores em busca de moléculas essenciais à vida  (Foto: J.D.Ilee/University of Leeds)

Discos protoplanetários estudados pelos pesquisadores em busca de moléculas essenciais à vida (Foto: J.D.Ilee/University of Leeds)

Os pequisadores procuraram por três moléculas: cianoacetileno (HC3N), acetonitrila (CH3CN) e ciclopropenilideno (c -C3H2). Eles utilizaram dados do radiotelescópio ALMA (Atacama Large Millimeter Array), no Chile. O aparelho captou os sinais das moléculas, mesmo que fracos, graças à utilização de uma rede de mais de 60 antenas.

Entre os discos protoplanetários analisados estavam: IM Lup, GM Aur, AS 209, HD 163296 e MWC 480. Todos os cinco ficam em distâncias de 300 a 500 anos-luz da Terra. Em quatro deles, os experts detectaram moléculas essenciais à vida – e em uma abundância maior do que a esperada.

"O ALMA nos permitiu procurar essas moléculas nas regiões mais internas desses discos, em escalas de tamanho semelhantes ao nosso Sistema Solar, pela primeira vez. Nossa análise mostra que as moléculas estão localizadas principalmente nessas regiões internas com abundâncias entre 10 e 100 vezes maiores do que os modelos haviam previsto”, conta, em comunicado, o pesquisador e líder do estudo John Ilee, da Universidade de Leeds, na Inglaterra.






Com isso, a pesquisa indicou que as condições químicas para a vida na Terra podem existir de modo amplo por toda a Galáxia. A equipe planeja usar agora o ALMA para investigar se moléculas ainda mais complexas existem também nos discos protoplanetários, o que explicaria melhor como os ingredientes básicos da vida surgem em torno das estrelas.