• Redação Galileu
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Imagem mostra o halo de matéria escura do maior aglomerado de galáxias da simulação em diferentes ampliações (Foto: Tomoaki Ishiyama)

Imagem mostra o halo de matéria escura do maior aglomerado de galáxias da simulação em diferentes ampliações (Foto: Tomoaki Ishiyama)

A imensidão e os mistérios do Universo foram traduzidos por especialistas em uma simulação impressionante que está disponível online — e de graça. A plataforma Uchuu, que significa "espaço sideral" em japonês, tem como proposta ser a maior e mais realista visão do cosmos já criada até hoje.






A simulação, descrita em artigo publicado em junho no periódico Monthly Notices of The Royal Astronomical Society, ocupa 2,1 trilhões de partículas em um cubo computacional, cujos lados têm distância de 9,63 bilhões de anos-luz. Isso equivale a cerca de três quartos da distância entre a Terra e as galáxias mais distantes do Universo.

O alto volume de dados permite acessar estruturas de diferentes tamanhos, como aglomerados, galáxias e halos de matéria escura que formam as próprias galáxias. Não é possível observar estrelas e planetas, porém a simulação revela detalhes fascinantes sobre a evolução e o destino do Universo.

Um dos fatores mais intrigantes é como Uchuu trabalha com a noção de tempo. A tecnologia simula a evolução da matéria durante 13,8 bilhões de anos da história – desde a formação do Universo, com o Big Bang, até o presente. Isso é o mesmo que acompanhar 30 vezes o intervalo temporal entre hoje e quando os animais saíram do meio aquático para andarem no solo como anfíbios.

Uchuu é a maior e mais realista simulação do Universo já criada  (Foto: Reprodução/Youtube)

Uchuu é a maior e mais realista simulação do Universo já criada (Foto: Reprodução/Youtube)

"Uchuu é como uma máquina do tempo", compara Julia Ereza, uma das cientistas por trás do projeto. "(...) Podemos dar um zoom em uma única galáxia ou nos distanciar para visualizar um aglomerado inteiro. Podemos ver o que realmente está acontecendo a cada instante e em todos os lugares do Universo desde seus primeiros dias até o presente, sendo uma ferramenta essencial para estudar o cosmos."

Para dados tão completos, a equipe internacional de cientistas que criou Uchuu trabalhou durante um ano, utilizando ATERUI II, o computador mais poderoso do mundo dedicado à astronomia. Foram usados cerca de 40,2 mil processadores durante 48 horas por mês, que geraram 3 Petabytes. Para ter ideia, isso corresponde a mais de 849 milhões de fotos de um smartphone de 12 megapixels.






Eram tantas informações que os cientistas precisaram compactá-las em um catálogo de 100 terabytes, disponível no site Skies & Universes. A equipe espera que a simulação possa ajudar astrônomos a interpretarem galáxias por meio de soluções de Big Data, isto é, que permitem a análise de grandes volumes de dados. O recurso será usado nos próximos anos no Telescópio Subaru, no Japão, e no telescópio espacial Euclid, da Agência Espacial Europeia (ESA).