• Redação Galileu
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Galáxias poluem ambientes em que existem, diz estudo (Foto: James Josephides/Swinburne Astronomical Productions)

Galáxias poluem ambientes em que existem, diz estudo (Foto: James Josephides/Swinburne Astronomical Productions)

A entrada e a saída de átomos nas galáxias é um mecanismo importante para a regulação do crescimento, da massa e do tamanho desses sistemas. No entanto, identificar a composição desses fluxos foi, por muito tempo, uma tarefa ancorada em suposições. Agora, cientistas conseguiram confirmar, pela primeira vez, como esse ciclo completo acontece fora da Via Láctea.

As descobertas foram publicadas nesta segunda-feira (30) no periódico The Astrophysical Journal e tiveram como base a galáxia Mrk 1486, que está localizada a 500 anos-luz do Sol e passa por um período de rápida formação estelar. A partir dela, foi possível observar que galáxias poluem os ambientes nos quais existem e comprovar que o que entra nelas costuma estar bem mais limpo do que aquilo que sai.

“Nuvens enormes de gás são puxadas para dentro das galáxias e utilizadas na formação de estrelas. Ao entrarem, são feitas de hidrogênio e hélio”, explica, em nota, a astrônoma Deanne Fisher, do Centro de Excelência ARC para Astrofísica de Todo o Céu em Três Dimensões (Astro 3D), na Austrália.

De acordo com ela, os profissionais conseguiram confirmar que estrelas feitas desses gases eventualmente expulsam uma grande quantidade de material para fora das galáxias, sobretudo por supernovas. “Mas essas coisas já não estão mais limpas, elas contêm muitos outros elementos, incluindo oxigênio, carbono e ferro”, diz Fisher.

Esses elementos, que englobam mais da metade da tabela periódica, são forjados dentro do núcleo das estrelas por fusão nuclear. Quando os astros colapsam ou explodem, o material é deixado no Universo e forma parte da matriz da qual irão emergir estrelas, planetas, asteroides e, em última instância, vida.

O astrônomo Alex Cameron, também do ASTRO 3D, constata que há uma clara estrutura de como os gases entram e saem. “Imagine que a galáxia é um frisbee girando”, propõe, “o gás entra relativamente despoluído do cosmos e, então, se condensa para formar estrelas. Quando explodem, elas ejetam o gás, que agora contém novos elementos, pelas partes superior e inferior.”

Os pesquisadores chegaram a essas conclusões por meio do espectrógrafo Keck Cosmic Web Imager, do Observatório W.M. Keck, no Havaí. A galáxia Mrk 1486 era a ideal para ser explorada com esse equipamento — que é capaz de dispersar a luz estelar formando um espectro em comprimento de onda — por estar em um ângulo que permite a visualização do fluxo de saída de gás e a análise de sua composição.

“Esse trabalho é importante porque, pela primeira vez, conseguimos colocar limites nas forças que influenciam expressivamente a forma como as galáxias formam estrelas”, comenta Fisher. “Isso nos deixa um passo mais próximos de entendermos como e por que galáxias têm essa aparência que conhecemos e por quanto tempo elas irão durar.”