• Redação Galileu
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Imagem de um crânio de H.erectus achado no sítio de Dmanisi, na Georgia (Foto: Wikimedia Commons)

Imagem de um crânio de H.erectus achado no sítio de Dmanisi, na Georgia (Foto: Wikimedia Commons)

Uma equipe de cientistas franceses, espanhóis e chineses investigaram os restos de um crânio que pode ter pertencido a um indivíduo dos primeiros hominídeos a viveram na atual China. O maxiliar com cinco dentes parece ser da espécie Homo erectus e foi encontrado no sítio arqueológico de Gongwangling. Os resultados da análise foram publicados no periódico Journal of Human Evolution no último dia 7 de junho.

A suspeita de que o crânio seria dos primeiros hominídeos a ocuparem o atual território chinês surgiu após uma reavaliação da idade do sítio onde os ossos foram achados. Em 2015, Gongwangling passou por um estudo de paleomagnetismo regional, o que sugeriu que no local existem restos mortais datados de mais de 1,6 milhão de anos atrás. 

A questão é que pouco se sabe sobre os primeiros humanos colonizadores dos territórios asiáticos. O sítio de Dmanisi, na República da Geórgia, forneceu evidências muito significativas de que os habitantes da Ásia chegaram da África há cerca de 2 milhões de anos. Mas mais informações são necessárias para conectar Dmanisi com as populações clássicas de H. erectus da China, onde viveram entre 400 mil e 800 mil anos atrás.

"O sítio Gongwangling ajuda a tapar esse enorme lapso de tempo e sugere que a Ásia pode ter sido colonizada por populações sucessivas da espécie H. erectus em diferentes momentos do Pleistoceno", diz, em nota, José María Bermúdez de Castro, coordenador do Programa de Paleobiologia do Centro Nacional de Investigación sobre la Evolución Humana (CENIEH), na Espanha.

Detalhes do crânio

Para além do local, as características do fóssil também chamam a atenção. Utilizando técnicas de morfometria geométrica e morfologia clássica, o time percebeu que o crânio apresenta características do Homo erectus, espécie que evolui no continente africano há cerca de 1,8 milhão de anos.

Restos de maxilar e dentes do crânio de Gongwangling. (Foto: Xing Song)

Restos de maxilar e dentes do crânio de Gongwangling. (Foto: Xing Song)

Mesmo com apenas fragmentos do crânio, os estudiosos conseguiram realizar a reconstrução do osso, que mostrou que a espessura parietal da base da caixa óssea era máxima, uma das características principais de H. erectus.

O processo mostrou ainda que o crânio era baixo e muito longo, composto por ossos grossos e tendo uma parte frontal bem inclinada, o que também se encaixa nas qualificações para a espécie. 

Além disso, existem semelhanças entre os dentes encontrados em Gongwangling e descobertas recentes nos sítios chineses localizados em Meipu e na Foz do Rio Quyuan. Contudo, também foram notadas algumas diferenças entre os ossos, o que faz os estudiosos considerarem certa diversidade entre as populações de H. erectus que colonizaram a Ásia no Pleistoceno.