• Redação Galileu
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Imagem dos fósseis de ratos e do navio Ma'gan Mikhael B, datado entre 648 e 740 d.C.  (Foto: A. Efremov/The Leon Recanati Institute for Maritime Studies/)

Imagem dos fósseis de ratos e do navio Ma'gan Mikhael B, datado entre 648 e 740 d.C. (Foto: A. Efremov/The Leon Recanati Institute for Maritime Studies)

Pesquisadores encontraram restos mortais de ratos em um navio de carga que afundou na costa de Israel há 1,4 mil anos. Os fósseis dos roedores estão fornecendo informações valiosas para entender as condições das viagens marítimas dentro do barco que naufragou no Mar Mediterrâneo.






A embarcação, chamada de Ma'gan Mikhael B, data entre os anos 648 e 740 d.C. De acordo com Sierra Harding, zooarqueóloga do projeto que estuda o navio, os fósseis dos roedores são a mais antiga e única evidência direta de uma infestação de ratos em um antigo naufrágio no Mediterrâneo.

Ao site Business Insider, ela explicou que alguns dos restos são de ratos-pretos (R. rattus), uma espécie que embarcou junto a comerciantes para o Oriente Médio, partindo do sul da Ásia e da Índia há mais de 2 mil anos. Por meio da análise da dentição dos animais, pesquisadores concluíram que outras espécies de ratos eram “exóticas” na área.

Em um estudo preliminar, que está sendo realizado por especialistas da Universidade de Haifa, em Israel, eles descobriram que alguns dos roedores podem ter se originado da Tunísia ou da Córsega, no Mediterrâneo central.

Os estudantes Maayan Cohen e Michelle Creisher examinam cerâmica perto do naufrágio de Ma'agan Mikhael B (Foto: The Leon Recanati Institute for Maritime Studies)

Os estudantes Maayan Cohen e Michelle Creisher examinam cerâmica perto do naufrágio de Ma'gan Mikhael B (Foto: The Leon Recanati Institute for Maritime Studies)

"Se for confirmado que alguns desses ratos eram realmente de tão longe quanto as ilhas do Mediterrâneo central — o que isso realmente significa é que havia muito mais comunicação, transporte, troca e comércio acontecendo durante esse período que é descrito principalmente como apenas um tempo de exército e batalhas navais", analisa Harding.






Segundo o Instituto Leon Recanati de Estudos Marítimos da Universidade de Haifa, o Ma'agan Mikhael B tinha 25 m de comprimento e foi encontrado a uma profundidade máxima de 3 m, enterrado sob 1,5 m de areia. De acordo com o site Haaretz, o barco foi localizado originalmente em 2005 por mergulhadores amadores que avistaram madeira velha, fragmentos de cerâmica e pedras de lastro.

Na época, eles alertaram as autoridades sobre o achado, mas o mar rapidamente cobriu os restos do naufrágio com areia. Contudo, uma década depois, os pesquisadores da Universidade de Haifa redescobriram o navio, mudando o que se pensava de um período histórico conhecido como “Idade das Trevas”, marcado por guerras e isolamento internacional.

O Ma'agan Mikhael B, um navio mercante de 25 m de comprimento (Foto: R. Levinson)

O Ma'gan Mikhael B, um navio mercante de 25 m de comprimento (Foto: R. Levinson)

Além dos ratos, vários artefatos foram encontrados no naufrágio. Em relatório preliminar divulgado em 2020, os especialistas relataram terem achado “o maior conjunto de carga marítima de cerâmica bizantina e islâmica descoberto na costa israelense até o momento”.






Dentro do Ma'agan Mikhael B havia cruzes cristãs, além de dizeres muçulmanos, letras gregas e árabes esculpidas nas paredes. O achado também contém vidraria, moedas, artefatos de madeira, jarros, utensílios de cozinha e até restos orgânicos, como uma carga de nozes da Turquia e molho feito de peixe do Mar da Galiléia.

“A datação deste naufrágio torna-o uma fonte excepcional de informação sobre vários aspectos da construção naval, marinharia e navegação, atividade econômica regional e vida cotidiana no Levante durante a Antiguidade Tardia”, afirma o instituto responsável pelo estudo do naufrágio.