• Redação Galileu
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Lanchonete de comida de rua de 2 mil anos é encontrada em Pompeia (Foto: Parco archeologico di Pompei)

Lanchonete de comida de rua de 2 mil anos é encontrada em Pompeia (Foto: Parco archeologico di Pompei)

Neste sábado (26), pesquisadores anunciaram a descoberta de uma lanchonete de 2 mil anos no sítio arqueológico de Pompeia, na Itália. O termopólio, como era chamado, era um estabelecimento que vendia o equivalente ao que conhecemos hoje como "comida de rua" — e foi soterrado durante a erupção vulcânica do Vesúvio, que cobriu a cidade e matou seus moradores, em 79 d.C.

Na praça em frente à lanchonete já haviam sido encontrados uma cisterna, um chafariz e uma torre piezométrica (para distribuição de água). As escavações naquela área de Pompeia já haviam reveledado, inclusive, um afresco que mostra dois gladiadores em combate.

Anteriormente, já haviam sido encontradas inscrições no balcão principal do termopólio, como a imagem de uma nereida (ninfa do mar) a cavalo em ambiente marinho e uma ilustração que provavelmente identificava o estabelecimento. Na fase mais recente de escavações, os especialistas descobriram belas pinturas, como naturezas mortas, e desenhos de animais — fragmentos de ossos de alguns dos animais representados também foram encontrados, sugerindo, segundo os pesquisadores, que essas pinturas serviam para identificar os ingredientes dos quitutes vendidos.

No balcão principal é possível ver a pintura de uma nereida (Foto: Parco archeologico di Pompei)

No balcão principal é possível ver a pintura de uma nereida (Foto: Parco archeologico di Pompei)

Além disso, foram descobertas a representação de um cachorro com coleira e um grafite em que se lê "Nicia cineadecacator" ("Nicia, cagão sem-vergonha", em tradução livre). “Além de ser mais um testemunho do cotidiano de Pompeia, as possibilidades de análise desse termopólio são excepcionais, pois pela primeira vez tal ambiente foi escavado em sua totalidade e foi possível realizar todas as análises que as tecnologias atuais permitem", afirmou Massimo Osanna, gerente do Parque Arqueológico de Pompeia, em declaração.

Vários materiais de armazenamento e transporte foram encontrados no termopólio, como ânforas e frascos. As primeiras análises do conteúdo dos objetos revelaram diversos fatos interessantes: no fundo de um recepiente utilizado para armazenar vinho, por exemplo, haviam favas moídas, usadas para modificar o sabor e branquear a bebida.

Ânforas utilizadas para armazenamento encontradas no local (Foto: Parco archeologico di Pompei)

Ânforas utilizadas para armazenamento encontradas no local (Foto: Parco archeologico di Pompei)

Também foram encontradas as ossadas de pelo menos duas pessoas e o esqueleto de um cachorro. De acordo com os pesquisadores, os ossos do cão, extremamente pequenos para sua idade, são prova das seleções intencionais que ocorreram na época dos romanos para atingir esse resultado.

Também foram descobertas duas ossadas humanas e um esqueleto de cachorro (Foto: Parco archeologico di Pompei)

Também foram descobertas duas ossadas humanas e um esqueleto de cachorro (Foto: Parco archeologico di Pompei)

"Os materiais encontrados foram, de fato, escavados e estudados sob todos os aspectos por uma equipe interdisciplinar composta por antropólogos físicos, arqueólogos, arqueobotânicos, arquezoólogos, geólogos e vulcanólogos", explicou Osanna. "Os materiais serão posteriormente analisados ​​em laboratório. Em particular, os restos encontrados nas dolias (vasilhas de terracota) do balcão, apontarão dados essenciais para descobrir o que se vendia e qual era a dieta [dos clientes do termopólio]."