• Redação Galileu
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A cidade de Pompeia pertenceu ao Império Romano e foi destruída pelo vulcão Vesúvio em 79 d.C. (Foto: Wikimedia Commons)

A cidade de Pompeia pertenceu ao Império Romano e foi destruída pelo vulcão Vesúvio em 79 d.C. (Foto: Wikimedia Commons)

O clima ficou tenso entre vulcanologistas e arqueólogos que trabalham no sítio arqueológico de Pompeia, na Itália. O motivo foi um artigo publicado pelos geólogos na revista Nature: eles alegam ser negligenciados e afirmam que priorizar escavações de itens históricos muitas vezes prejudica o estudo do solo.

Isso porque os arqueólogos nem sempre tomam os cuidados necessários — ou os vulcanologistas nem são chamados para investigar um local antes de ser escavado. "Os depósitos vulcânicos devem ser preservados e estudados onde eles pousaram — caso contrário, a informação sobre a erupção é perdida", escreveram.

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Segundo o jornal britânico The Guardian, os historiadores dizem que estão colaborando com os vulcanólogos da Universidade de Nápoles, e apontam que há muito mais material vulcânico para os cientistas trabalharem além da zona de interesse arqueológico. "Eles parecem não perceber que o entusiasmo pela arqueologia está cometendo um ato de vandalismo contra a vulcanologia", disse Roberto Scandone, professor da Universidade Roma Tre. "Deixar alguns dos depósitos no lugar é valioso não apenas para os cientistas, mas também para os visitantes, que poderão ver em primeira mão como o vulcão destruiu a cidade".

Como conta Christopher Kilburn, geólogo da University College London, preservar os registros geológicos da região é importante para pesquisas sobre o comportamento da lava: "Há uma sensação de frustração que a vulcanologia não está sendo levada muito a sério", rebateu. "Você vai a Pompeia e praticamente não há menções sobre o vulcão".

Ruínas de Pompeia e o Monte Vesúvio atrás (Foto: Sergey Ashmarin/Wikimedia Commons)

Ruínas de Pompeia e o Monte Vesúvio atrás (Foto: Sergey Ashmarin/Wikimedia Commons)

Em comunicado, os responsáveis pelo parque arqueológico afirmam que todas as atividades de escavação foram supervisionadas pelos vulcanologistas da Universidade de Nápoles Federico II, que coletaram amostras e construiram um mapeamento de danos causados pelo vulcão Vesúvio.

Gary Devore, arqueólogo que trabalhou em Pompeia, alega que seus colegas costumam avaliar o potencial de novas descobertas em comparação com a possível destruição resultante das escavações. Para o especialista, as reclamações dos vulcanologistas têm fundamento. "Espero que ambas as partes possam cooperar e respeitar o valor da expertise de ambos os lados", disse Devore. "Pompeia é grande o suficiente."

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