Reprodução assistida
 


Bryony Farmer, de 26 anos, se identifica como uma mulher assexual, isto é, ela não sente atração sexual por outras pessoas. No entanto, sua orientação sexual não a impediu de realizar o sonho da maternidade. Após encontrar um doador de esperma, ela passou por um processo de reprodução assistida e deu as boas-vindas ao pequeno Oryn, atualmente com um ano.

Em depoimento ao tabloide britânico Daily Mail, Bryony, da Inglaterra, contou que ter um filho foi um salto de fé enorme. "Desde a adolescência, tenho vivido com duas certezas aparentemente conflitantes: uma, que eu queria desesperadamente me tornar mãe; e outra que sou assexual", disse a mãe. Segundo ela, uma pessoa assexual, em geral, não deseja nunca ter relações sexuais, então, desde o início ter um bebê parecia um difícil quebra-cabeça a ser resolvido para a britânica. "Ao contrário de muitas das minhas amigas, não cresci convencida de que me apaixonaria por um estranho alto e bonito com quem estaria desesperada para começar uma família".

Bryony teve seu bebê após encontrar um doador de esperma — Foto: Reprodução Daily Mail
Bryony teve seu bebê após encontrar um doador de esperma — Foto: Reprodução Daily Mail

A descoberta da assexualidade

A jovem menciona que aos 13 anos já não entendia porque suas amigas ficavam obcecadas por suas paixonites por meninos. "Minha falta de interesse me fez questionar se eu poderia ser gay, então eu tentei olhar para as meninas da mesma forma que elas olhavam para os meninos. Mas isso também não despertou nenhum sentimento em mim", disse ela. Com 15 anos, a vida de Bryony virou de cabeça para baixo. Após ser diagnosticada com a doença de Lyme, infecção que provoca lesões na pele, no sistema central, articulações e no coração, ela passou a ficar mais tempo em casa, deixando até mesmo de ir presencialmente para a escola.

Quando completou 19 anos, o quadro de Bryony melhorou, mas ela ainda tinha zero interesse sexual em outras pessoas. "Eu me perguntava se minha falta de interesse era devido à simples falta de exposição, dada a quantidade de tempo na escola que eu tinha perdido, e ao fato de que, em vez de frequentar a universidade, decidi montar meu próprio negócio em casa".

Mesmo não sentindo atração sexual por outras pessoas, Bryony ainda tentou se relacionar. "Talvez, eu me perguntava, se realmente conhecesse um cara, a atração sexual poderia surgir. E assim, mergulhei no mundo dos encontros online. Logo, percebi que não era para mim. Tentei sair com apenas um cara que, depois de termos saído em cinco encontros, me perguntou, muito educadamente, se podia me beijar. Eu não queria, mas me senti obrigada a dizer sim de qualquer maneira", ela lembrou. "Foi terrível, como uma invasão repugnante do meu espaço pessoal. Lembro-me de voltar para casa de trem depois, me sentindo fisicamente mal — trêmula e enjoada — e me perguntando o que havia de errado comigo". Bryony também conta que era visível seu incômodo quando os homens se aproximavam "Eu imediatamente mudava minha linguagem corporal, me afastando e cruzando os braços sobre o corpo, na esperança de que ele entendesse a mensagem. Parecia mais fácil fingir que eu já tinha alguém".

Bryony Farmer é mãe de um bebê de um ano — Foto: Reprodução Daily Mail
Bryony Farmer é mãe de um bebê de um ano — Foto: Reprodução Daily Mail

A jovem soube mais sobre sua orientação sexual após ler um artigo em uma revista com depoimentos de mulheres como ela. "Foi uma epifania poderosa. Encontrei vídeos no YouTube de pessoas usando o termo ACE, que é uma abreviação fonética de assexual. Percebi que havia muitas outras pessoas como eu por aí — 28 mil se identificaram como assexuais no censo de 2021 — e que não há nada de errado em ser assim, o que pareceu um grande alívio", ela desabafou.

Com o tempo, Bryony foi aprendendo mais sobre a assexualidade. "Aprendi que o espectro da assexualidade é complicado, com três principais subseções: assexual, em que você não sente nenhuma atração sexual, nunca; demissexual, onde as pessoas só se sentem sexualmente atraídas por alguém depois de uma forte conexão emocional ter sido formada; e a assexualidade cinza, onde a atração sexual ocorre de forma muito irregular, às vezes com anos de intervalo. Algumas pessoas assexuais estão dispostas a ter relações sexuais para ficarem mais próximas do seu parceiro, e são chamadas de sexo-favoráveis. Alguém que se recusa a ter relações sexuais e as considera perturbadoras é chamado de sexo-repulsivo".

Após saber mais sobre sua orientação sexual, a jovem se sentiu aliviada. "Minha realização sobre minha identidade sexual me deu clareza e paz de espírito sobre quem eu era. No entanto, isso foi um problema no que diz respeito a eu engravidar".

O sonho de ser mãe

Aos 20 anos, a jovem se viu diante de uma situação que a incentivou a apressar seus planos para ser mãe. "Depois de anos de períodos dolorosos, fui diagnosticada com adenomiose, uma condição que faz com que o revestimento do útero cresça de forma anormal dentro de sua parede muscular. Fui informada de que a doença é degenerativa; muitas mulheres desenvolvem problemas de fertilidade e, eventualmente, precisam de uma histerectomia (retirada do útero). Portanto, o tempo era essencial", ela relatou.

Com 24 anos, Bryony decidiu ter um filho por meio de um doador de esperma. "Para mim, nunca foi uma questão de "se" eu teria um bebê, apenas "quando". Sendo filha única, minhas primeiras lembranças são de ficar fascinada por bebês: o que eles faziam, como brincavam, o que os fazia sorrir. Eu frequentei uma escola particular para meninas, onde as alunas tinham entre dois e 18 anos. A partir dos 13 anos, éramos autorizadas a brincar com as crianças pequenas no jardim de infância todas as semanas. Enquanto o interesse das minhas amigas logo diminuía, eu continuava indo. Mesmo naquela época, eu sabia que queria ser mãe", ela destacou.

Bryony se emocionou ao segurar seu bebê pela primeira vez — Foto: Reprodução Daily Mail
Bryony se emocionou ao segurar seu bebê pela primeira vez — Foto: Reprodução Daily Mail

Para realizar o sonho da maternidade, Bryony visitou Autoridade de Fertilização Humana e Embriologia (HFEA), órgão regulador da Grã-Bretanha, para examinar suas opções, desde a criopreservação de óvulos até a doação de esperma. "Também havia informações sobre barriga de aluguel, mas senti fortemente que queria que o filho fosse biologicamente meu e experienciar a gravidez e o parto", disse ela. "Também pesquisei sobre coparentalidade platônica, onde você tem um filho com alguém com quem tem uma relação inteiramente platônica e, em seguida, o cria juntos, como faria como um casal divorciado — embora sem o potencial de atrito que uma separação poderia criar. Mas eu não tinha ninguém com quem quisesse fazer isso, e não havia tempo suficiente para conhecer um estranho o suficiente para fazer algo tão grande", ela acrescentou.

Foi então que a jovem decidiu seguir pelo caminho da maternidade solo e partiu em busca de um doador de esperma. Ela ainda conta que pesquisou por três anos sobre o processo de inseminação e as taxas de sucesso. E, inclusive, ficou mais segura ao saber que em seu país o doador não pode ser anônimo. "Isso era importante para mim; eu queria que meu futuro filho tivesse a opção de conhecer seu pai biológico mais tarde na vida", ela afirmou.

Aos 21 anos, Bryony se candidatou para ser tutora de crianças que estavam no processo de adoção e aprendeu muito sobre cuidados infantis. "Fui tutora de nove crianças. A mais nova tinha três dias de vida e a mais velha tinha seis anos. Algumas colocações duraram apenas semanas; a mais longa durou oito meses", ela lembrou.

Em setembro de 2021, quando estava cuidando de um recém-nascido, Bryony percebeu que era hora de engravidar. "Lancei um olhar para o bebê no berço e de repente senti uma sensação avassaladora de que era o momento certo para ter um filho meu. Foi um momento que nunca vou esquecer", ela apontou.

A jovem contou com o apoio da sua família, inclusive com apoio financeiro. "Eu disse a eles que poderia financiar o tratamento com os 10 mil libras (cerca de R$ 40 mil) que tinha em economias. Quando eles se ofereceram para me ajudar financeiramente se excedesse esse valor, eu soube o quanto estavam levando isso a sério. Escolhi meu doador principalmente com base em sua semelhança comigo e em sua boa saúde, comprando duas ampolas para oferecer duas chances de concepção por meio de inseminação assistida. (Desde então, comprei mais duas, que estão armazenadas. Se eu quiser outro bebê, meu filho pode ter um irmão)".

A primeira tentativa de Bryony falhou, felizmente, no mês seguinte, a segunda tentativa foi bem-sucedida. O processo custou mais de 6 mil libras (cerca de R$ 37 mil). "Quando fiz o teste de gravidez em casa, sozinha, fiquei feliz, mas também preocupada com o aumento do risco de aborto espontâneo que vem com a adenomiose. Embora não haja dados firmes sobre o quanto maior é o risco, meu médico havia me avisado que a maior chance de algo dar errado é no primeiro trimestre", disse ela.

Durante a gestação, Bryony passou por momentos difíceis tanto fisicamente quanto psicologicamente. "Sofri de náuseas extremas — eu tinha a mesma condição, hiperêmese gravídica, que afligiu as gravidezes da Princesa de Gales [Kate Middleton] — e me perguntei muitas vezes se tinha cometido um erro terrível ao tentar fazer isso sem um parceiro porque me sentia tão mal".

No entanto, quando o pequeno Oryn nasceu tudo mudou. "Eu passei por uma cesariana, com minha mãe como minha parceira de parto. Ela o viu sendo retirado de mim; eu soube que ele tinha chegado quando ouvi ela suspirar de espanto. À medida que ele começava a chorar, eu também me emocionava — meu filho estava finalmente aqui. Ele foi colocado em meu peito e eu me senti sobrecarregada pela visão dele. Olá, Oryn", eu disse, olhando para baixo para ele. "Eu sou sua mamãe." Senti meu coração apertar de amor por ele. Foi incrível como, uma vez que ele nasceu, eu imediatamente me senti bem novamente. Não tive nenhum arrependimento. As primeiras semanas podem ser difíceis com um recém-nascido, mas eu as achei uma alegria. Ficamos com os meus pais até ele completar seis semanas de vida. Eles cuidaram de mim, enquanto eu aproveitava para cuidar dele. Foi um momento especial", ela lembrou.

Quando questionada sobre a sua maternidade solo, Bryony conta que não se sente solitária. "Acho que devo isso à minha assexualidade — sou indiferente a estar com alguém. Gosto da minha própria companhia. E tenho bons amigos que também me ajudaram. Desde que tive o Oryn, outras pessoas que são assexuais entraram em contato para dizer que eu dei esperança a elas de que também poderiam ter uma família um dia. Muitas vezes, você só precisa ser um pouco criativo. Claro, ser mãe solo é difícil, às vezes. Mas se eu não tivesse tido meu bebê dessa maneira, talvez nunca tivesse me tornado mãe. E não consigo imaginar a vida sem o meu lindo filho. Ele é o único parceiro de que preciso", finalizou.

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