Planejando a gravidez
 

Por Amanda Oliveira


A gravidez de gêmeos é um assunto que desperta muita curiosidade nas pessoas. Afinal, embora o número de casos de gestações gemelares tenha aumentado nos últimos anos, não é tão comum que as mulheres engravidem de múltiplos – gerar um único bebê é muito mais provável. No entanto, entre as tentantes, sempre há aquelas que desejam vivenviar a experiência de carregar mais de um filho de uma vez. É aí que surge a dúvida: existe alguma forma de aumentar as chances de engravidar de gêmeos? Para responder essa pergunta, conversamos com o ginecologista e obstetra Wagner Hernandez (SP), especialista em gestações múltiplas e de alto risco, que explicou quais fatores podem influenciar na concepção de gêmeos.

Antes de elencar tudo o que está por trás de uma gravidez dupla, tripla... vale lembrar que o corpo da mulher foi naturalmente preparado para carregar um único indivíduo. Quando ocorre uma sobrecarga com mais de um bebê, aumentam os riscos associados a essa gestação, por isso os especialistas dizem que não é recomendado buscar técnicas para engravidar de gêmeos. Caso a gestação de múltiplos ocorra, é preciso fazer um bom pré-natal e ter um acompanhamento com profissional qualificado.

Gêmeos deitados e brincando — Foto: Freepik
Gêmeos deitados e brincando — Foto: Freepik

O que são gêmeos

Por definição, gêmeos são dois ou mais embriões que crescem simultaneamente no corpo de uma única mulher. Segundo Wagner Hernandez, os casos em que casais homoafetivos usam duas barrigas solidárias para gerar seus filhos, por exemplo, não se encaixam no conceito técnico de uma gestação gemelar. Muito menos aqueles casos em que os embriões foram formados via fertilização in vitro, mas não foram transferidos para o útero no mesmo momento. "O que faz os bebês serem gêmeos ou trigêmeos é o crescimento em conjunto, não o fato de terem sido formados ao mesmo tempo", ressalta o médico.

Quando se fala em gêmeos, logo vem à cabeça termos como univitelinos, bivitelinos, mono, di… Isso porque esse tipo de gravidez é dividido em vários subtipos. “A diferença entre os tipos de gêmeos depende, primeiro, da forma em que a gravidez acontece. Depois, existem as classificações distintas, de acordo com o número de placentas e bolsas amnióticas, explica o obstetra.

  • Gêmeos univitelinos (ou monozigóticos): Quando são formados por um único óvulo e um único espermatozoide. Em algum momento, eles acabam se dividindo. Nesse caso, os gêmeos são idênticos.
  • Gêmeos bivitelinos (ou dizigóticos): São formados por dois ou mais óvulos, fecundados por dois ou mais espermatozoides, formando indivíduos geneticamente distintos.
  • Monocoriônicos: Quando os gêmeos dividem uma mesma placenta, o que só acontece em casos de gêmeos univitelinos.
  • Dicoriônicos: Quando há duas placentas diferentes.
  • Monoamnióticos: Dividem a mesma bolsa amniótica.
  • Diamnióticos: Quando estão em bolsas separadas.

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O obstetra explica que no caso dos gêmeos bivitelinos, serão sempre duas placentas e duas bolsas. Nos univitelinos, é preciso considerar o tempo de divisão. Se acontece muito cedo, pode haver duas bolsas e duas placentas, sendo dicoriônica e diamniótica (di/di). No entanto, o formato mais comum, no caso de univitelinos, é a gestação ser mono/di, ou seja, os bebês compartilham uma placenta, mas têm duas bolsas. Casos mais raros compartilham placenta e bolsa, sendo monocoriônicos e monoamnióticos (mono/mono). Mais raro ainda é quando são gêmeos siameses, ou seja, unidos. Acontece quando há uma divisão bem tardia do embrião.

Fatores genéticos

A presença de histórico de gêmeos na família já desperta um alerta sobre possibilidade de novas gestações múltiplas. Hernandez destaca que, de fato, há uma predisposição genética, no entanto, ela é transmitida apenas pela parte materna. “A família do parceiro, nesse caso, não influencia”, esclarece o especialista. Se a mãe tem gêmeos na família – e quanto mais próximos dela forem esses gêmeos (se ela mesma tiver uma irmã gêmea, ou se a mãe ou o pai dela tiverem e assim por diante) – as chances dela são maiores.

É importante lembrar que o fator genético irá aumentar as chances de gêmeos dizigóticos, isto é, fetos formados por dois ou mais óvulos, fecundados por dois ou mais espermatozoides, o que resulta em indivíduos geneticamente distintos.

Segundo o ginecologista, algumas mulheres possuem uma predisposição à superovulação, o que significa que podem ovular mais de um óvulo em um único ciclo menstrual. Isso pode ser explicado pela presença maior do hormônio FSH, que é o indutor natural do ovário. No caso dos gêmeos idênticos, é ainda mais curioso, pois o fator genético não influencia essa gestação. Portanto quando a mulher engravida de gêmeos monozigóticos, esse fenômeno ocorreu, na maioria das vezes, por acaso.

Idade da mulher

Nos últimos anos, tem sido cada vez mais frequente ouvir falar sobre gestações de mais de um bebê. Em 1980, a cada mil grávidas, nove esperavam múltiplos. Hoje, são doze a cada mil, segundo pesquisa global publicada no periódico científico Human Reproduction. Um dos fatores que contribuem para esse cenário é a tendência crescente em adiar a maternidade. Segundo Hernandez, mulheres com mais de 35 anos têm uma tendência maior de ter gêmeos. Embora não seja uma taxa muito elevada, os especialistas têm observado a idade como um fator significativo que influencia a concepção de gêmeos dizigóticos.

O obstetra explica que, com o passar dos anos, o funcionamento adequado do ovário da mulher diminui. É como se ele ficasse mais "preguiçoso". Portanto, existe um estímulo hormonal maior para que ele funcione. Como resultado, em vez de liberar um óvulo, a mulher acaba liberando dois ou mais. “Por isso, os riscos de ter gêmeos depois dessa idade é maior, mesmo quando a gravidez é espontânea”, aponta o médico.

Tratamentos de fertilidade

Quando uma tentante está passando por algum tratamento de reprodução assistida, é possível que ela tenha preocupações em relação a uma gravidez de mais de um bebê. Sem dúvida, essas técnicas têm contribuído (e muito!) para o aumento dos casos de gêmeos. De acordo com o especialista, em geral, isso pode ocorrer por duas razões distintas. A primeira delas seria por conta da indução de ovulação, na qual medicamentos estimulam os ovários, aumentando as chances de uma ovulação múltipla e, consequentemente, de uma gestação de gêmeos. O obstetra alerta que, nestes casos, é importante ter um acompanhamento por ultrassom para monitorar o desenvolvimento folicular

A segunda razão está relacionada à realização da fertilização in vitro (FIV). Isso porque, para aumentar as chances de sucesso no tratamento, muitas vezes há a transferência de mais de um embrião, o que é determinado pelas normas do Conselho Federal de Medicina (CFM) – mulheres com até 37 anos podem receber dois embriões, e aquelas com mais de 37, até três. Além disso, a FIV é o único fator que pode influenciar na gestação de gêmeos monozigóticos devido à manipulação do óvulo fertilizado. “Acaba aumentando a predisposição para se dividir, mas ninguém tem certeza ainda porque isso realmente acontece”, explica o médico.

Outros fatores

Não é tão incomum ver a presença de gêmeos em famílias com muitos filhos. Isso porque o número de gestações pode aumentar as chances de conceber mais de um bebê de forma espontânea. No entanto, Hernandez explica que isso pode estar relacionado com um outro fator já mencionado, que é a idade. Em geral, mulheres com muitos filhos já têm mais de 35 anos, o que aumenta as chances de gestações gemelares. Além disso, aquelas que já tiveram uma gestação de dois bebês simultaneamente também podem passar por essa experiência mais uma vez, em uma segunda gestação. No entanto, é importante ressaltar que mesmo nestes casos, a gravidez de gêmeos ainda é rara.

E quanto ao uso de anticoncepcionais? Segundo Hernandez, existem estudos que indicam que a pílula pode, de fato, aumentar as chances de uma mulher ter gêmeos. Isso porque no mês após a interrupção do medicamento pode ocorrer uma desregulação hormonal, aumentando a probabilidade de ter uma ovulação múltipla.

Há, ainda, fatores ainda mais curiosos, como certas regiões do planeta em que existem mais ocorrências de gêmeos, como algumas tribos na Nigéria, ou etnias que costumam ter menos ou quase nenhuma gestação de múltiplos, como os orientais. Quanto à alimentação, o médico diz que desconhece estudos científicos confiáveis que associem algum alimento ao aumento de uma gestação múltipla.

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