Parto
 


Após uma gravidez sem qualquer tipo de intercorrência, tudo o que a britânica Emma Innes desejava era ter a experiência de um parto tranquilo, sem complicações. “Eu esperava um parto na água perfeito. Eu esperava que tudo corresse bem. Eu esperava uma menina linda e saudável”, declarou a mãe, em depoimento emocionante ao tabloide britânico The Mirror. Infelizmente, não foi o que aconteceu. Ela viveu semanas de angústia no hospital, com a filha entre a vida e a morte, após um nascimento traumático, cuja história virou livro — In Their Hands: A Fight for Life at One Minute Old (“Nas mãos deles: uma luta pela vida com um minuto de idade”, em tradução livre para o português), lançado em fevereiro de 2023.

Na obra, e em seu relato de parto ao The Mirror, a escritora contou o que se sucedeu após dar à luz sua primogênita, Sophie. Agora com 8 anos, a menina nasceu em fevereiro de 2016, no norte de Londres, na Inglaterra, pesando 3,6 quilos. Na época, Emma tinha 26 anos, estava saudável e não via a hora de ter a filha nos braços. A bolsa dela estourou uma semana após a data prevista para o parto e, em vez do tão aguardado chorinho de bebê, a sala de parto foi tomada por um silêncio arrebatador quando a menina veio ao mundo. “Foi um choque completo quando Sophie nasceu azul, mole, sem resposta e sem fazer nenhum esforço respiratório”, disse. “Meu marido, Jamie, agora com 36 anos e designer de jardins, estava esperando por aquele grito agudo. Aquele grito que revela que a vida está começando quando o ar enche os pulmões. Em vez disso, houve asfixia”, lamentou.

Emma Innes com a filha, Sophie, nos braços, após a menina ter sofrido asfixia perinatal — Foto: Reprodução/The Mirror
Emma Innes com a filha, Sophie, nos braços, após a menina ter sofrido asfixia perinatal — Foto: Reprodução/The Mirror

Esse era apenas o primeiro sinal de uma série de complicações que a menina viria a enfrentar na maternidade. Segundo Emma, assim que a parteira viu Sophie, ela apertou a campainha de emergência na parede da sala de parto e o local se encheu de médicos, que subiram correndo cinco lances de escada do pronto-socorro para resgatá-la. “Eram quatro da manhã e eles estavam ocupados e exaustos, mas vieram e a trouxeram de volta da beira da morte. Não tive permissão para ver ou tocar meu novo bebê; ela foi arrancada da cama pelas mãos enluvadas para ser ressuscitada”, narrou a mãe.

Emma afirmou que, quando a filha estava com apenas 10 minutos de vida, a bebê foi colocada em um ventilador, na tentativa desesperada dos médicos de oxigenar o corpo da recém-nascida. “Enquanto eu estava sendo suturada, um jovem médico, do outro lado da sala, sugava com urgência o líquido dos pulmões de Sophie, que estava morrendo diante de nós, com os pulmões tão cheios de líquido que o ventilador não conseguia fazer seu trabalho”, contou.

O pai, Jamie, que acompanhava de perto todo o atendimento que a filha estava recebendo, com poucos minutos de vida, ficou preso entre o choque e a curiosidade. “Antes que eu pudesse entender o que estava acontecendo, ela [Sophie] desapareceu e foi levada às pressas para cuidados intensivos em uma parte diferente do hospital. Jamie seguiu a equipe médica, para acompanhar a luta pela vida do nosso bebê, e eu fiquei sozinha na sala de parto”, recordou a mãe.

Emma, então, foi tomada por um medo avassalador. “Sem bebê, sem marido, sem conhecimento. Eu não sabia onde ela estava, o que havia de errado com ela ou mesmo se ela ainda estava viva”, disse a mãe, que só conseguiu ver a filha pela primeira vez quando a pequena já estava com algumas horas de vida. “Ela estava nua, exceto por uma fralda, coberta de fios e tubos, com o rosto obscurecido por um ventilador”, acrescentou.

A condição de Sophie se agravou

O quadro de saúde de Sophie era grave. Conforme os médicos explicaram para a família naquele momento, a menina tinha um sepse severa e encefalopatia hipóxico-isquêmica (EHI), um dano cerebral provocado pela privação de oxigênio, que comumente ocorre no contexto de asfixia perinatal. Além disso, a pequena também tinha inalado grandes quantidades de mecônio (primeiras fezes do bebê), causando uma síndrome de aspiração excepcionalmente preocupante. Para completar, Sophie ainda tinha hipertensão pulmonar persistente do recém-nascido (HPPN, na sigla em inglês), um sério distúrbio cardiovascular que provoca redução intensa do fluxo sanguíneo pulmonar e é potencialmente fatal.

“Na manhã em que minha filha nasceu, um médico disse as palavras mais devastadoras: ‘Ela é um dos bebês mais doentes que já vi. Receio não poder prever um bom resultado’”, relatou Emma, que, àquela altura, ainda não tinha escolhido um nome para a menina. “Enquanto [os especialistas] rabiscavam ‘Baby Innes’ em sua pilha cada vez maior de anotações médicas, a equipe de cuidados intensivos nos perguntou o nome dela e admitimos que ainda não tínhamos decidido. Lembro-me de uma profunda sensação de que tínhamos de nomeá-la o mais rápido possível. Estávamos com medo de que ela morresse sem nome. Não poderíamos deixar isso acontecer”, contou.

Por volta das 9h daquele mesmo dia, Sophie foi transferida para a terapia intensiva do University College London Hospital (UCLH). Muito doente para uma ambulância normal, ela foi levada pelo Serviço de Transporte Neonatal de Londres (NTS, na sigla em inglês), em uma ambulância de terapia intensiva. “Não há dúvida de que sem esta resposta rápida e eficaz Sophie teria morrido muito rapidamente”, destacou a mãe, que é extremamente grata ao atendimento que foi prestado à Sophie pelo NHS, o sistema público de saúde britânico. “Sentei-me em uma cadeira de rodas, com lágrimas escorrendo pelo rosto, e observei meu bebê e meu marido saírem do hospital sem mim”, lamentou.

Mesmo sozinha, Emma seguiu confiante na recuperação da filha, tentando se assegurar de que a menina estaria lutando para sobreviver. De acordo com a mãe, no UCLH, Sophie foi internada nos cuidados intensivos neonatais e transferida para um ventilador usado raramente, apenas quando nada mais funciona – “sinistramente apelidado de Ventilador Última Chance”, como detalhou a escritora.

Outro recurso ao qual os médicos recorreram, na tentativa de proteger o cérebro de Sophie de maiores danos, foi a hipotermia terapêutica, resfriando o corpo da recém-nascida a 33 graus durante três dias - o que é comum em casos de asfixia perinatal. “Durante 10 dias, a vida de Sophie esteve em jogo. Ela estava muito instável para ser segurada [no colo] ou até mesmo para trocar a fralda; a menor interferência poderia fazer com que suas estatísticas vitais ficassem confusas”, disse a mãe.

Luta pela sobrevivência

“Vivíamos num inferno perpétuo de incerteza; não tínhamos ideia se nossa bebê sobreviveria, se algum dia a levaríamos para casa e como seria sua vida. Com uma semana de idade, uma infecção fez com que [a saúde dela] se deteriorasse tão significativamente que não se esperava que ela sobrevivesse à noite”, afirmou Emma. “Naquela noite, fiquei deitada na cama, preocupada por não saber como planejar nenhum funeral, muito menos o de um recém-nascido que ninguém jamais teve a chance de conhecer”, complementou a mãe.

Milagrosamente, quando Sophie estava com 10 dias de vida, os antibióticos começaram a fazer efeito e o quadro de saúde dela teve uma melhora significativa. “Conseguimos segurá-la pela primeira vez. Ela foi retirada do ventilador e, no meu aniversário, saiu da UTI”, contou Emma. “No total, ela passou três semanas no hospital e testes detalhados mostraram que, contra todas as probabilidades, ela não sofreu danos a longo prazo”, comemorou.

Emma Innes com a filha, Sophie, que contrariou todas as expectativas e sobreviveu, sem danos, após parto traumático — Foto: Reprodução/The Mirror
Emma Innes com a filha, Sophie, que contrariou todas as expectativas e sobreviveu, sem danos, após parto traumático — Foto: Reprodução/The Mirror

Como surgiu o livro

Mesmo diante de tantos desafios superados, a mãe disse que, durante anos, as memórias traumáticas do nascimento de Sophie voltavam à sua cabeça: “Cada vez que eu olhava para ela, via o bebê que quase morreu, que observei sendo ressuscitado, ao lado de quem sentei enquanto ela lutava por sua vida. Cada marco era uma lembrança das noites passadas vivendo com medo de que nossos telefones tocassem, da ligação para dizer que ela havia morrido”.

Então, quando Sophie completou 3 anos, a jornalista resolveu transformar toda experiência que viveu como mãe de UTI. “De repente, me dei conta de que precisava escrever. Que a única maneira de me libertar dessas memórias assustadoras era colocá-las no papel. Durante meses digitei e digitei, permitindo que a história fluísse de mim”, contou. “Ao chegar ao final do relato, comecei a perceber que tinha escrito um livro – um livro que acabou por ser uma longa e sincera carta de agradecimento ao NHS; uma expressão do nosso amor pela nossa filha e da nossa gratidão aos milagreiros que nos permitiram mantê-la [viva]”, finalizou.

Capa do livro n Their Hands: A Fight for Life at One Minute Old — Foto: Divulgação
Capa do livro n Their Hands: A Fight for Life at One Minute Old — Foto: Divulgação
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