Parto
 

Por Vanessa Lima


Só de pensar na possibilidade de engravidar, muitas mulheres já ficam com medo do parto. Talvez isso esteja relacionado à associação que fizemos do nascimento do bebê com aquelas cenas de filmes e novelas, que mostram mulheres gritando e sofrendo, ou com aquelas histórias trágicas de uma tia, vizinha, conhecida, avó... que alguém sempre tem para contar a uma gestante. As contrações podem ser dolorosas, assim como a saída do bebê? Podem, sim. E geralmente são. Mas a maneira como você lida com elas e, principalmente, o apoio que você tem antes e durante o processo são fundamentais para encarar tudo de outra forma, talvez mais leve e mais consciente.

Além da analgesia, que muitas vezes é necessária ou mesmo um desejo da mãe, há alternativas naturais que podem amenizar a dor nesse momento — os chamados métodos não farmacológicos, que nada mais são do que técnicas fundamentadas em conhecimentos estruturados, não baseadas em uso de medicamentos. Pode ser uma massagem, técnicas de respiração, hipnose, uso de água quente e muito mais (como você vai ver adiante). “Todas as mulheres devem ser encorajadas a tentar métodos não farmacológicos de alívio da dor no trabalho de parto”, ressalta a ginecologista e obstetra Gabriela Bezerra, especialista em medicina fetal, de São Paulo (SP).

Métodos não farmacológicos podem ajudar a aliviar a dor durante o trabalho de parto — Foto: Rafael Henriques/ Pexels
Métodos não farmacológicos podem ajudar a aliviar a dor durante o trabalho de parto — Foto: Rafael Henriques/ Pexels

O primeiro passo para conhecer melhor as possibilidades de alívio da dor, além de compreender melhor tudo o que provavelmente vai acontecer ao longo do trabalho de parto, é escolher uma doula. Além de repassar informações como uma fonte de confiança e auxiliar nas dúvidas e com as emoções do pré-natal, a doula é a pessoa focada no bem-estar e na atenção à mãe durante o nascimento do bebê. “A doula é a profissional do parto que está no cenário para trazer conforto à paciente”, explica Gabriela. “Ela não tem obrigação técnica, isto é, não deve se preocupar com o bem-estar clínico materno e fetal, que é uma função do médico e das enfermeiras obstetras/obstetrizes. Ela está lá para dar suporte emocional e físico para a parturiente e ajudar no alívio da dor”, aponta. É a doula, portanto, quem vai disponibilizar possibilidades que, muitas vezes, a equipe médica não possui.

A presença dessa profissional já é, de certa forma, uma medida para aumentar as chances de passar por um parto com menos sofrimento. “Há estudos que mostram que o trabalho da doula em trabalhos de parto faz com que eles sejam mais curtos, menos dolorosos, experiências mais positivas. O risco de precisar usar fórceps e vácuo também diminui, os bebês têm menos dificuldades respiratórias no nascimento, há menor risco de depressão pós-parto e muito mais”, lista a doula Samantha Ribeiro, proprietária do curso de formação de doulas do Espaço Mãe (SP). Ainda ao longo do pré-natal, ela vai conversar com a família, compreender o contexto em que ela está envolvida e, desta forma, conseguirá orientar o processo, explicando quais são as técnicas e em que contextos elas poderão ser usadas.

Por que é importante conhecer os métodos naturais?

Quando a pessoa não quer sentir dor, não é melhor partir logo para uma anestesia e pronto? Pode até ser. Mas antes de tomar essa decisão é fundamental se abastecer com informações confiáveis, para ver o que é mais vantajoso para você e para o seu bebê. “A maior importância e vantagem em usar métodos não farmacológicos para o alívio da dor no parto é que eles evitam que aconteça o que chamamos de ‘cascata de intervenções’, isto é, quando se usa intervenções medicamentosas, as chances de precisar de outras intervenções aumentam”, explica Samantha.

As intervenções médicas, como o uso da ocitocina, do fórceps, do vácuo extrator e da anestesia, entre outras, podem ser muito bem-vindas e até salvar vidas, quando necessárias. No entanto, também podem levar o parto de um evento fisiológico a um evento cirúrgico, por exemplo. Dar apoio contínuo à gestante em trabalho de parto, inclusive com o uso dos métodos não farmacológicos para amenizar o sofrimento, reduz as necessidades de intervenções e, consequentemente, de cesarianas. “Essa redução chegou em 46% em alguns ensaios clínicos”, aponta a obstetra Gabriela.

8 métodos não farmacológicos possíveis

Com ajuda da médica Gabriela Bezerra e da doula Samantha Ribeiro, listamos aqui alguns dos principais métodos que podem ser utilizados atualmente na assistência ao parto, no Brasil. “Quando usadas por pessoas habilitadas, as técnicas não oferecem risco à mãe ou ao bebê”, pontua a obstetra.

  1. Hidroterapia - Uso da água quente, na banheira ou no chuveiro, para promover uma sensação de relaxamento.
  2. Acupuntura - A aplicação da técnica da medicina chinesa, em pontos específicos, pode ajudar a aliviar a dor, reduzindo o uso de analgésicos, e até a estimular as contrações, quando necessário.
  3. Hipnoterapia - Por meio de exercícios e técnicas específicas, conduzidas por um profissional, a mãe entra em um estado de relaxamento profundo, que pode ajudar o funcionamento do corpo, além de amenizar a dor.
  4. Técnicas de respiração - Respirar fundo em alguns momentos, mais vezes e de forma mais curta em outros, e alternar as maneiras de inalar e exalar o ar também faz diferença no processo do trabalho parto.
  5. Aromaterapia - As essências com aromas podem ser usados em difusores, em banhos, escalda-pés e massagens, entre várias outras formas. A aplicação ajuda no relaxamento e na diminuição da ansiedade e do sofrimento.
  6. Mindfulness - A atenção plena conduz a mãe a viver o momento presente, a focar no que está acontecendo e, assim, a compreender o processo e ajudando o próprio corpo a trabalhar de forma mais eficiente.
  7. Massagens - Massagear as costas, a lombar ou outros pontos do corpo, em diferentes momentos do trabalho de parto, também promove o alívio da dor.
  8. Estimulação elétrica transcutânea (TENS) - Eletrodos superficiais colocados na pele emitem correntes elétricas, que excitam as fibras nervosas e amenizam sensações dolorosas. A aplicação deve ser feita por um profissional especializado.

De acordo com as especialistas, os métodos de alívio não farmacológico podem ser usados isoladamente ou de maneira combinada, dependendo do contexto, da situação, do momento e do que foi combinado entre a equipe de atenção e a família. Por isso, segundo a doula Samantha, é tão importante ter encontros prévios e explicar cada método e como e quando eles podem ser aplicados. “É preciso ver o que faz sentido para a pessoa que vai parir. Nem todas as pessoas em trabalho de parto gostam de ser tocadas, por exemplo. Entender o que pode beneficiar aquela parturiente é fundamental”, destaca.

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Combinado não sai caro

Para explicar tudo e ajudar a gestante a compreender o que vai acontecer com ela desde o início das contrações até o momento da expulsão do bebê, é importante planejar quais métodos de alívio poderão ser usados e construir um plano de parto. “É interessante pensar nesse parto ocorrendo de forma completamente fisiológica e, em ‘ordem cronológica’, ir explicando as intercorrências que podem surgir e como elas podem ser corrigidas”, diz a doula. “Em geral, é a consulta que as famílias mais ‘temem’, porque ninguém quer falar sobre situações ruins. Porém, é uma conversa extremamente necessária para que, se no dia do parto algo precisar ser conduzido com uma intervenção, essa família esteja mais tranquila a respeito dos ‘porquês’ e o momento ainda possa ser vivido com tranquilidade e segurança”, aponta.

Outro lembrete que vale reforçar é que quanto mais segura a pessoa se sentir, mais fáceis serão os processos. Isso inclui, é claro, respeitar também o desejo de uma analgesia, quando os métodos não farmacológicos já não a suprem mais. “Experiências prévias ruins, regadas à violência obstétrica, com desrespeito à autonomia ou mesmo conhecimento de relatos de mulheres próximas que tiveram experiências traumatizantes, podem influenciar negativamente a experiência do parto”, destaca a obstetra Gabriela. “Nós, agentes de saúde, devemos falar sobre o parto e encorajar a mãe, e não sabotar ou usar palavras que possam minar sua confiança - como vejo muitos profissionais fazendo. Além disso, é preciso respeitar o direito à analgesia de parto de todas as mulheres e lutar para que elas possam ter acesso a isso, caso desejem”, completa.

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