Por Thais Vilarinho

Thaís Vilarinho é fonoaudióloga e escritora, mãe do Matheus,... ver mais

Carta aberta de uma mãe para os adolescentes

Te escrevo porque já fui adolescente e, obviamente, já me revoltei com os meus pais. Já esbravejei, chorei litros fechada no meu quarto, já senti muita raiva deles, mas ouvi-los me salvou de coisas que, mesmo hoje, com 43, eu não tenho dimensão


Tudo bem por aí? Será que consigo quatro minutinhos da sua atenção? Sei que a hora em que a sua mãe te enviou esse texto você provavelmente pensou: “Ai, que saco, minha mãe e esse lance de me pedir pra ler texto”, acertei? Sei que você pode não estar acostumado com textos, prefere vídeos. Mas sabe o que é, sou cringe, da geração dos seus pais, tenho dois filhos da mesma geração que a sua. Não, não vá embora, se posso te pedir algo é: por favor, fique até o final.

Te escrevo porque já fui adolescente e, obviamente, já me revoltei com os meus pais. Já esbravejei, chorei litros fechada no meu quarto, já senti muita raiva deles. Daquelas que parecem que não vão embora nunca. Mas o que eu queria te falar é que mesmo com tudo isso, de alguma maneira, eu sempre os ouvi. Mesmo achando, na hora da raiva, que eles só podiam estar loucos por não deixar eu fazer algo ou estipular algum limite. E hoje, olhando daqui, eu tenho certeza que ouvi-los na minha adolescência fez muita diferença positiva nos caminhos que a minha vida foi tomando. Ouvi-los me salvou de coisas que, mesmo hoje, com 43, eu não tenho dimensão.

Menino adolescente mexendo no celular — Foto: Carol Yepes/Getty Images

Esses dias vi um vídeo (também gosto muito de vídeos), e ele dizia: “Aos 4 anos, mãe sabe tudo; aos 8, mãe sabe muito; aos 12, mãe não sabe tanto; aos 14, mãe não sabe nada; aos 16, mãe não existe; aos 18, mãe está fora de moda; aos 25, se calhar, o filho percebe a mãe; aos 35, antes de se decidir, pergunta-se à mãe; aos 45, se pergunta: o que a minha mãe pensará disso; aos 75, lamenta: quem me dera pudesse eu perguntar à minha mãe! Vale para o pai também...”

Sabe, querido adolescente, o mundo não se importa se você está agasalhado, não conhece o seu doce ou o seu prato preferido. O mundo não está nem aí se você está bem emocionalmente, não liga se você está com febre, se fuma, bebe ou se não soube falar não e experimentou alguma droga. O mundo não te enxerga além, ele é superficial, jamais enxergará a sua essência. Não está nem aí pra você!

O mundo desabará sobre os seus pés, abrindo um buraco bem fundo, diversas vezes, por "N" motivos. E, quando isso acontecer, serão seus pais que estarão lá para segurar a sua mão, para te ajudar a ficar de pé novamente! Sim, seus pais, as pessoas que mais te conhecem e que te amam de uma maneira que, mesmo que eu tente explicar, você não conseguirá dimensionar.

Por isso, mesmo que a raiva esteja fazendo morada, mesmo que a revolta tome conta de cada pedacinho do seu corpo, tente se esforçar para ouvi-los. Promete?

E agora corre lá, vá ao encontro deles dar um beijo e um abraço bem apertado. Tenho certeza de que a sua demonstração de carinho significa o mundo para eles!

Thaís Vilarinho é fonoaudióloga e escritora. É mãe do Matheus, 13, e do Thomás, 10. Autora dos livros Mãe Fora da Caixa, Mãe recém-nascida e do infantil Deixa eu te contar... (Foto: Arquivo pessoal) — Foto: Crescer

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