Um pai de dois filhos ficou desolado ao saber que sua esposa, com quem é casado há 23 anos, se relaciona com outras pessoas. Em uma carta, com pedido de aconselhamento à especialista comportamental Deidre, colunista do jornal britânico The Sun, ele contou que, depois de descobrir a traição, ele finalmente entendeu a razão pela qual ele e a esposa não tinham intimidade física há uma década. “Estou arrasado”, disse ele.
“Nosso relacionamento foi maravilhoso no início, mas, depois que os filhos nasceram, as coisas mudaram e ficamos mais distantes - o que presumi não ser incomum”, relatou o homem de 49 anos. “No entanto, há pouco mais de 10 anos, ela fez uma viagem a Praga em um fim de semana. Era uma despedida de solteira, a que ela foi com algumas de suas amigas mais próximas”, explicou.
Quando a mulher, que tem 48 anos, voltou, o relacionamento piorou ainda mais, segundo o autor da carta. “Ela interrompeu todo o afeto e nossa vida sexual, que era razoavelmente regular, de repente, parou por completo”, afirma.
“Ela dava desculpa após desculpa, dizendo que estava cansada ou que tinha ‘problemas femininos’. Por fim, desisti de tentar e passei a dormir no quarto de hóspedes”, relata o pai. “Desde então, tenho sido infeliz, mas resignado a viver mais como um relacionamento de irmãos do que como marido e mulher”, pontua.
Então, há cerca de um mês ele descobriu o que poderia estar errado entre eles. A mulher precisou ir ao hospital, para fazer um procedimento médico. Ele viu a carta de alta, porque ajudaria a cuidar dela no período de recuperação. “Para meu horror, o documento médico dizia que ela tinha o vírus herpes simplex, uma infecção sexualmente transmissível”, aponta. “De repente, percebi exatamente por que ela havia interrompido toda intimidade há 10 anos. Ela deve ter contraído essa DST de outro homem, durante o fim de semana que estava fora. Ela sempre negou ter sido infiel”, diz ele.
“Eu sei que se eu perguntar a ela sobre isso, ela não será honesta. Não consigo falar com ninguém e não sei o que fazer. Estou ficando doente de ansiedade, de tanto me preocupar com isso”, confessa, em seu pedido de ajuda.
O conselho da especialista foi para que ele se acalmasse, antes de presumir o que tinha acontecido. “Tente não tirar conclusões precipitadas”, sugere. “Você não pode ter certeza de que sua esposa o traiu”, afirma, lembrando que o vírus herpes simplex pode causar herpes labial e feridas genitais e que ele pode permanecer inativo por muitos anos - o que significa que a mulher pode ter tido o problema antes mesmo de eles se conhecerem. “O que está claro é que você está muito infeliz em seu casamento, e já está assim há muitos anos”, aponta Deidre. “Você precisa resolver isso com sua esposa. Se vocês ainda se amam, precisam ser honestos e buscar ajuda para reparar seu relacionamento. Eu recomendo aconselhamento de casais. Ajudaria você conversar a sós com um terapeuta, bem como junto com sua esposa – se ela concordar”, completa.
O que é herpes simplex?
A infecção causada pelo vírus herpes simplex, comumente conhecido como o vírus da afta, não é prejudicial aos adultos, mas pode ser fatal para bebês, que possuem um sistema imunológico mais frágil — ainda em formação. Segundo a infectologista Raquel Muarrek, do Hospital São Luiz (São Paulo), em caso de contaminação pelo olho, o vírus atinge o nervo óptico, podendo levar a um quadro de meningite. "As defesas de um bebê pequeno são transmitidas pela mãe, durante a amamentação. Se essa mãe não teve contato com herpes simplex, ela não passou anticorpos para o bebê. Com isso, ele não consegue combater a doença", explica.
De acordo com a especialista, esse tipo de herpes contamina o local onde a pessoa toca. "Pode ser que alguém que carregue o vírus tenha beijado as mãos da criança e logo depois o bebê tocou o próprio olho. Nossa mão também é capaz de transportar o vírus. O herpes pode ficar vivo por até 15 horas em um ambiente. Quando contamina uma pessoa sem defesas, ele fica naquele local e forma essas bolhas, que tem uma alta concentração viral", alerta.
"A criança só começa a adquirir uma maior proteção, em média, a partir dos três anos de idade. Não existe vacina para o vírus tipo 1 e 2, ela está sendo desenvolvida nos Estados Unidos, e deve estar disponível nos próximos anos", diz a infectologista. Por isso, a prevenção é tão importante. "O herpes simplex é mais comum em mucosa e cavidade oral, então, a transmissão normalmente ocorre pelo beijo. A orientação é sempre lavar bem as mãos antes de pegar um bebê e jamais beijá-lo no rosto e nas mãos. Você tem defesas, mas ele provavelmente, não", afirmou.