Nos próximos dias, a vacina Qdenga, contra a dengue, começará a chegar aos municípios brasileiros. No entanto, o Ministério da Saúde definiu alguns critérios para a aplicação do imunizante. Nesse primeiro momento, apenas a faixa etária de 10 a 11 anos será vacinada nos postos de saúde. Mas, o que levou à pasta a tomar essa decisão?
Segundo o Ministério da Saúde, essa é uma estratégia que permite que mais municípios recebam as doses neste primeiro momento, uma vez que há um quantitativo limitado de vacinas disponibilizadas pela fabricante japonesa Takeda. Entretanto, o Ministério pretende, nos próximos meses, avançar com os grupos progressivamente, assim que novos lotes forem entregues. Dessa forma, a faixa etária se estenderá para 10 a 14 anos — grupo com maior índice de hospitalização pela doença.
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Vale lembrar que esse público-alvo foi definido com base nas discussões do Ministério da Saúde com os conselhos representantes dos secretários de saúde estaduais e municipais, seguindo a recomendação da Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização (CTAI) e da Organização Mundial de Saúde (OMS).
Em entrevista coletiva, nesta sexta-feira (9), a Secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde, Ethel Maciel, destacou os próximos passos da vacinação no Brasil. "Até o final de março, pelo cronograma da empresa, nós cobriremos 100% dos municípios [521 cidades selecionadas nesse primeiro momento] para a faixa etária de 10 e 11 anos", afirmou a especialista.
A distribuição das vacinas
O lote inicial de vacinas, com 712 mil doses, será enviado, a princípio, para 315 municípios das unidades federativas:
- Distrito Federal
- Goiás
- Bahia
- Acre
- Paraíba
- Rio Grande do Norte
- Mato Grosso do Sul
- Amazonas
- São Paulo
- Maranhão
Na última quinta-feira (8), o Distrito Federal e o estado de Goiás já receberam as primeiras remessas da vacina, que constitui em 212 mil doses. Já os demais municípios irão receber o imunizante ao longo dos próximos dias, afirmou a pasta.
A Qdenga
Em março deste ano, a vacina Qdenga foi aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária - (Anvisa). Estudado por mais de 15 anos, o imunizante foi desenvolvido com o esqueleto do vírus DENV-2 atenuado e com proteínas dos sorotipos 1, 3 e 4, sendo uma vacina tetravalente que protege contra os quatro sorotipos do vírus. A vacina já foi aprovada em 34 países e recomendada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e as Sociedades Brasileiras de Imunizações, Pediatria, Infectologia e Medicina Tropical.
Esquema vacinal: duas doses, com intervalo de três meses.
Cenário da dengue
De acordo com a Secretária de Vigilância em Saúde, o Brasil passa por epidemias de dengue há 40 anos, porém, nesse momento, vivemos um cenário atípico. "Nós estamos vendo uma antecipação desses casos que não tínhamos visto nas últimas epidemias de dengue. Em geral, o crescimento de casos acontece entre março e abril, mas já vemos um crescimento de casos em janeiro", explicou Ethel.
Segundo a especialista, esse cenário pode estar relacionado com alguns fatores principais. Um deles é a circulação dos quatro sorotipos da dengue no Brasil. "Alguns deles já tínhamos 15 anos sem circulação no Brasil e isso faz com que tenhamos muitas pessoas, principalmente crianças e adolescentes, que não entraram em contato com esses sorotipos", pontuou a especialista. Além disso, as altas temperaturas estão contribuindo para reprodução do mosquito.
Ainda segundo a Secretária, os casos de dengue podem chegar ao número recorde de 4,2 milhões no Brasil. De acordo com o painel de monitoramento do Ministério da Saúde, até 8 de fevereiro, já há mais de 395 mil casos prováveis de dengue, 281 óbitos em investigação e 53 mortes.
A dengue
A dengue Aedes Aegypti é transmitida através da picada do mosquito e pode apresentar tanto quadros leves, quanto mais graves. Estes, dependem de fatores como a sorologia do vírus, reinfecção e outras comorbidades, por exemplo, diabetes, asma brônquica, anemia e falciforme.
Quais são os sintomas?
Como a dengue é uma doença infecciosa considerada endêmica, todos os anos presenciamos surtos em determinadas regiões no país. Seus sintomas principais são manchas pelo corpo, dor nas articulações, no corpo, na cabeça e no fundo dos olhos, além dos enjoos, febre alta e possíveis vômitos.
Caso o quadro evolua para a dengue hemorrágica, que é o grau mais grave da doença, a partir do terceiro dia o paciente passa a ter sangramentos de vasos na pele e em órgãos internos. Entre os sintomas, além dos tradicionais, incluem-se também confusão mental, dificuldade respiratória, sangramentos, pele pálida e fria, sede excessiva e queda da pressão arterial.
Como não existe um tratamento específico, temos que observar nosso corpo. Caso as dores e a febre evoluam, procure o serviço médico para fazer o exame comprobatório, que pode ser realizado após o quarto dia do início dos sintomas.
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