• Izabel Gimenez com Renata Menezes
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Enquanto os foco das estratégias de saúde pública dos estados está voltado para a covid-19, a dengue ainda precisa de atenção dos moradores locais. Os dados divulgados pelo Ministério da Saúde e pela Secretária de Vigilância em Saúde no Boletim Epidemiológico mostram que até abril deste ano já tivemos mais de 228 mil casos prováveis no Brasil.

Apesar dos avanços da medicina, a dengue ainda é um dos grandes desafios que enfrentamos na área da saúde no Brasil. A doença, que é transmitida através do mosquito Aedes aegypti cuja características principais são as listras brancas no tronco, na cabeça e nas perna, foi documentada no Brasil pela primeira vez entre 1981 e 1982, em Boa Vista (RR), de acordo com dados do Ministério da Saúde. Desde então, a dengue ocorre no país de forma continua, principalmente em regiões tropicais e subtropicais.

mosquito; dengue; doença (Foto: Thinkstock)

mosquito da dengue (Foto: Thinkstock)

A dengue é transmitida através da picada do mosquito e pode apresentar tanto quadros leves, quanto mais greves. Estes, dependem de fatores como a sorologia do vírus, reinfecção e outras comorbidades, por exemplo, diabetes, asma brônquica, anemia e falciforme. 

Quais são os sintomas?

Como a dengue é uma doença infecciosa considerada endêmica, todos os anos presenciamos surtos em determinadas regiões no país. Seus sintomas principais são manchas pelo corpo, dor nas articulações, no corpo, na cabeça e no fundo dos olhos, além dos enjoos, febre alta e possíveis vômitos.

Caso o quadro evolua para a dengue hemorrágica, que é o grau mais grave da doença, a partir do terceiro dia o paciente passa a ter sangramentos de vasos na pele e em órgãos internos. Entre os sintomas, além dos tradicionais, inclue-se também confusão mental, dificuldade respiratória, sangramentos, pele pálida e fria, sede excessiva e queda da pressão arterial.

Como não existe um tratamento específico, temos que observar nosso corpo. Caso as dores e a febre evoluam, procure o serviço médico para fazer o exame comprobatório, que pode ser realizado após o quarto dia do início dos sintomas.

Dengue (Foto: ThinkStock)

Dengue (Foto: ThinkStock)

Diferença entre Dengue, Zika e Chikungunya

As três doenças são transmitidas pelo Aedes Aegypti, mas cada uma tem seu próprio vírus. Como os sintomas podem ser parecidos, principalmente no início do quadro, o mais aconselhavel é procurar um médico para realizar o exame.

O paciente com Zika pode apresentar febre baixa, dores nas articulações, manchas vermelhas pelo corpo, olhos vermelhos e principalmente, muita coceira, o único sinal que destoa da dengue. Porém, existe a possibilidade da pessoa estar assintomática, o que dificulta saber o diagnóstico.

Já a chikungunya pode gerar dores articulares que te acompanham por anos, justificando o nome da doença, já que chikungunya, em swahili (idioma oficial de países como a Tanzânia), significa “aquele que se dobra”. Outras manifestações clássicas da doença são: febre acima de 39 graus, dor de cabeça e muscular, náusea e vermelhidão na pele, que começa no tronco e avança para as extremidades do corpo.

Diferença entre Covid-19 e Dengue

A Covid-19 é uma doença respiratória que muitas vezes pode gerar outras complicações, enquanto as doenças transmitidas pelo mosquito geralmente ficam na corrente sanguínea. Entretanto, por mais que tenham transmissões diferentes, os sintomas iniciais tendem a ser semelhantes, como febre e um quadro gripal. 

Por isso, a recomendação é que o isolamento social seja feito o mais rápido possível até que o resultado do teste esteja disponível. Diferentemente do coronavírus, a dengue não é uma doença contagiosa, portanto, caso o quadro seja confirmado, não há risco da transmissão para outros membros da família.

Mãe colocando máscara estampada na filha (Foto: Pexels)

Mãe colocando máscara estampada na filha (Foto: Pexels)

Porém, vale a pena procurar saber onde o contato com o mosquito aconteceu para se certificar que não há locais de água parada na sua casa, prédio ou condominio e evitar que outras pessoas também sejam contaminadas.

Como se previnir?

A melhor forma de prevenção é cuidar do ambiente para evitar focos de água parada, onde ocorre a proliferação do mosquito. É aí que a fêmea, que pode estar infectada, bota seus ovos. Para saber se a água está contaminada deve-se observar a presença de larvas.

 Atenção redobrada com poças que se formam no quintal, vasos de plantas, pneus velhos, embalagens plásticas e mantenha a limpeza das calhas de água sempre em dia. Chamar seu filho para fazer parte deste processo é um jeito de mostrar a importância desses cuidados com o meio ambiente e conscientizá-lo desde jovem. Se vocês moram em prédio, cobre isso do condomínio.

Caso perceba um terreno baldio com lixo acumulado ou objetos com água parada perto da sua residência, denuncie para a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) no telefone 0800 642 9782 ou ligue para prefeitura da cidade para que a limpeza seja feita.

O Brasil já disponibiliza a vacina contra a dengue, mas só estão liberados tomar aqueles que já tiveram o contato com o vírus e tem de 9 a 45 anos. Para quem não recebeu o imunizante, o uso de repelente pode ser uma saída. Porém, atenção! De acordo com o manual de repelentes da Sociedade Brasileira de Pediatria, lactentes com bebês acima de 6 meses podem usar apenas 1 vez por dia, crianças entre 1 e 12 anos podem utilizar 2 vezes por dia e pessoas com 12 anos ou mais, podem usar entre 2 a 3 vezes.

Para os bebês com menos de 6 meses, o uso é recomendado apenas em situações de exposição intensa aos insetos, sempre adotando as técnicas de proteção mecânica para proteger o pequeno ao máximo, como o uso de mosquiteiro.

Informações da Dra. Suzete Notaroberto, especialista em gastroenterologia e hepatologia pela UNESP