Saúde
 

Por Amanda Moraes


“Fiquei sem chão.” Esse foi o sentimento da pediatra e reumatologista Daniela Gerent Petry Piotto, de São Paulo, ao receber o diagnóstico da filha, Laura, 7 anos, que está com Leucemia Linfoide Aguda do tipo B, na quinta-feira (9). Em entrevista exclusiva à CRESCER, a mãe conta que tudo aconteceu muito rápido: “Ela estava bem, no início da semana tinha ido a uma festa de aniversário.”

Laura foi diagnosticada com Leucemia Linfoide Aguda — Foto: Arquivo pessoal
Laura foi diagnosticada com Leucemia Linfoide Aguda — Foto: Arquivo pessoal

Segundo a mãe, os sintomas começaram no sábado (4), quando a menina teve uma diarreia leve. Daniela suspeitou que fosse algo que ela comeu no dia anterior. No domingo, a filha já estava bem, fez ginástica com a mãe, brincaram no pula-pula e ainda foram no aniversário de uma das suas melhores melhores amigas. “Na segunda-feira, ela teve dor nas duas coxas, o que eu achei pudesse ser uma dor muscular porque, no domingo, ela tinha ido na festa e estava super ativa”, conta.

“Na terça, ela chegou a ir para a escola, mas voltou para casa com dor e ficou mais amuadinha. Sempre falo que criança — sem febre — que parou de brincar, tem que investigar”, alerta. À tarde, Laura estava se queixando de frio, mas sua temperatura estava normal. “Ela reclamava muito de dor na bochecha, nessa região da mandíbula, em direção ao ouvido. Até achei que fosse ouvido, examinei e não era”, lembra. A única coisa de diferente que ela reparou foi um hematoma no bumbum, que, segundo Laura, tinha batido na mesa de manhã na escola.

A menina foi dormir, mas, às 4 horas da manhã foi acordar a mãe, dizendo que suas pernas estavam doendo. Foi aí que Daniela acendeu um alerta. “Isso me chamou muita atenção, até como especialista nessa área. Na hora passou pela minha cabeça: leucemia. É muito comum ter essa dor que acorda a criança de madrugada e ela realmente tinha muita dor nas pernas, não conseguia nem pisar o pé no chão. Mas pensei que era só meu cérebro de médica. Como mãe, achei que não era nada. Dei uma dipirona, fiz uma massagem e ela voltou a dormir”, conta.

Quando acordou, Laura ainda não estava bem, então, a mãe achou melhor não levá-la para a escola e deixá-la em casa para descansar. “Mas eu estava preocupada. Umas 10 horas da manhã liguei para o meu marido, que estava trabalhando de home office, para perguntar como ela estava, e ele disse que ela até tinha levantado, mas foi para o sofá, estava caidinha, não estava brincando. Eu falei: ‘Tem alguma coisa errada’”, recorda.

Daniela saiu correndo do trabalho para levar a filha a um laboratório para fazer exames. “Eu pensei que poderia ser um vírus, como influenza, covid ou dengue”, diz. Mas, de noite, quando viu o resultado do hemograma, percebeu alterações típicas da leucemia. “No dia seguinte, a gente veio para o hospital para fazer a investigação e recebemos o diagnóstico. Fiquei sem chão. Chorei muito, até porque, como médica, eu sei o que vem pela frente. Foi um baque para toda família, a gente se assustou muito”, afirma.

Mas a boa notícia é que, por ter feito os exames logo com o aparecimento dos primeiros sintomas, o diagnóstico de Laura foi precoce — o que aumentam suas chances de recuperação. “Como eu sou médica, enxerguei os sinais de alerta muito rápido. Mas é aquilo, tem que sentir o seu filho, você sabe quando alguma coisa está errada. A minha filha era muito ativa, muito esperta, adora pular, brincar, mesmo doentinha, e ela não estava fazendo nada”, diz. Por isso, a mãe decidiu não perder tempo e procurar ajuda. “Eu sempre prefiro pecar pelo excesso, fazer exames para dizer que não é nada, do que não investigar. Então, fica de alerta: acredite no que o seu filho está dizendo e sentindo e siga seu instinto materno”, destaca.

Assim que recebeu o diagnóstico, Laura já foi internada e iniciou os tratamentos com sessões de quimioterapia já na última terça (14) e na quarta (15). “Deu tudo certo, está indo tudo bem, mas a gente sabe que são dois anos de tratamento. Precisamos de muita força e oração. Mas eu brinco que a Laura está sendo instrumento para poder ajudar outras mães e outras pessoas, a gente tem que acreditar no melhor”, ressalta Daniela.

A mãe está muito confiante no tratamento. “Hoje a medicina evoluiu muito, sabemos que esse tipo de leucemia que ela tem, o tipo B, tem mais de 90% de chance de cura e confio muito na minha equipe médica”, afirma Daniela. “A gente visualiza sempre aquela coisa muito ruim, chama atenção uma leucemia, mas ela já evoluiu bastante nessa primeira quimio, não teve efeitos adversos importantes, teve só um pouco de dor de cabeça, mas era esperado. Está dando tudo certo, agora é só seguir em frente”, diz.

Próximos passos

“A partir de agora ela vai tomar quimioterapia na veia, provavelmente uma vez por semana. Nesses primeiros dois meses vão ter fases de indução, que têm o objetivo de tirar as células ruins do sangue”, explica Daniela. Em breve, é esperado que ela volte para casa. “Daqui a duas semanas ela vai ter que fazer um mielograma — exame para avaliação da medula óssea — para ver se o tratamento já está tendo alguma resposta”, diz a mãe.

Em abril, terão mais procedimentos. “Ela vai fazer umas quimios que vai ter que ficar cinco dias internada, outras vão ser ambulatoriais, naquele centro de oncologia, para não ter que internar. É um dia de cada vez, mas são dois anos de tratamento”, conta. Apesar de ser difícil, Daniela diz que a menina entende o que está passando e está lidando bem com o tratamento.

“Os pais precisam falar sobre isso com os filhos. A Laura até falou que acha que os médicos falam ‘trava-língua’, com muitas palavras difíceis, então, é papel dos pais explicar tudo o que está acontecendo de forma lúdica”, destaca. Segundo ela, as crianças, mesmo as pequenas, conseguem perceber quando há algo de errado com elas. “O mais importante é que os pais mostrem segurança para os filhos, porque a criança sempre vai buscar o olhar da mãe e do pai, elas são esponja, elas percebem que tem alguma coisa acontecendo. É isso que eu falo para a Laurinha: vão ter dias legais, outros nem tanto, mas o importante é que estaremos sempre juntas. Temos que visualizar a cura”, afirma a pediatra.

Sinais de alerta para leucemia

Infelizmente, nem sempre é fácil identificar a leucemia. “Normalmente é uma doença meio arrastada, que vai acontecendo aos poucos, mas vai dando sintomas muito inespecíficos. Pode levar de um a três meses até que o diagnóstico seja feito”, explica Daniela. Por isso, a pediatra reforça que os pais prestem atenção às queixas dos filhos e não hesitem em procurar ajuda médica se surgir alguma suspeita. “O diagnóstico precoce é fundamental para o tratamento e decisivo para um bom prognóstico da doença”, ressalta. Para ajudar, a especialista destacou os principais sinais de alerta para a leucemia em crianças. Confira:

  • Dores nas pernas que acordam de madrugada o seu filho, dor nos ossos localizadas ou difusas
  • Dor nas costelas
  • Dor nas juntas (artralgia)
  • Inchaço nas articulações (artrite)
  • Fraqueza muscular
  • A criança deixa de brincar, apresenta fraqueza e cansaço
  • Febres prolongadas e recorrentes
  • Sangramentos pelo nariz e nas gengivas
  • Hematomas pelo corpo em locais não comuns de trauma
  • Petéquias (pontos vermelhos que aparecem na pele causados por pequenos sangramentos como “sangue pisado”)
  • Dor ou sensação de inchaço abaixo das costelas ( aumento do baço ou do fígado devido à infiltração de células leucêmicas nesses órgãos)
  • Dores de cabeça, tonturas frequentes
  • Caroços na virilha, nas axilas ou no pescoço
  • Dor na lombar

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