Desenvolvimento
 


“Meu filho está demorando para falar, devo me preocupar?” Essa dúvida já deve ter passado pela cabeça de muitas famílias. O atraso na fala é uma apreensão bastante comum entre os pais e, de fato, merece atenção. Muitas coisas podem estar por trás da dificuldade de pronunciar as palavras, uma delas é apraxia de fala infantil (AFI).

Mãe lendo livro ao lado do filho — Foto: Freepik
Mãe lendo livro ao lado do filho — Foto: Freepik

O que é apraxia de fala na infância?

A apraxia da fala na infância é um tipo de transtorno de linguagem em que o cérebro não consegue "transmitir os comandos" necessários para falar. Ele tem dificuldade de planejar e programar os movimentos necessários para produzir os sons e combiná-los para formar sílabas, palavras e frases.

Não se trata de um problema nos órgãos da fala, como mandíbula, lábios ou língua. A dificuldade está no envio do comando do cérebro para esses órgãos.

Como é a fala da criança com apraxia?

Crianças diagnosticadas com apraxia podem ter uma fala restrita ou mesmo com erros. Elas costumam apresentar pausas longas entre os sons, têm dificuldade de falar palavras mais longas e falam expressões diferentes da mesma forma.

Em alguns casos, os sinais do transtorno se manifestam desde muito cedo. O esperado é que, a partir dos seis meses, os bebês entram na fase do balbucio e começam a pronunciar sequências silábicas como “mama”, “dada”, “gugu” e “papa”. Isso já mostra o início do desenvolvimento do controle motor da fala. Por volta dos 12 meses, os pequenos já começam a pronunciar as primeiras palavras.

“Um atraso ou perda de palavras a partir desta idade, é um sinal claro, de que a essa criança precisa ser monitorada, em relação ao desenvolvimento da fala. A orientação 'aguardar pela fala' pode ser muito prejudicial para estas crianças”, orienta a fonoaudióloga Elisabete Giusti, que também atua como Consultora Técnica da Associação Brasileira de Apraxia de Fala na Infância (ABRAPRAXIA).

O que provoca apraxia da fala?

Existem diferentes fatores que podem levar à apraxia de fala. Entre eles estão:

Quais são os sinais de apraxia da fala?

Segundo Elisabete Giusti, da ABRAPRAXIA, existem vários sinais que podem indicar que uma criança possui apraxia da fala. Alguns deles são:

  1. Bebês muito quietos, silenciosos ou com pouco balbucio de sons
  2. Atraso no aparecimento das primeiras palavras
  3. A criança compreende o que dizemos, mas não consegue se expressar adequadamente
  4. A criança fala apenas vogais ou sílabas isoladas, como “pa” no lugar de "papai"
  5. A criança apresenta dificuldade para falar todas as vogais. Às vezes, o som do “É” sai como “A” ou “E” (Exemplo: “pa” se referindo a “pé”)
  6. Os movimentos orais, como colocar a língua para fora ou encher as bochechas, podem sofrer alterações. A criança pode "soprar fraco e apresentar dificuldade para encher bexigas ou soprar língua de sogra, por exemplo
  7. A criança pode ter problemas de coordenação de forma generalizada. Ela pula e corre de forma desajeitada, tem dificuldade para segurar o lápis adequadamente, para executar atividades manuais…
  8. A criança pode falar corretamente uma palavra em um contexto e, posteriormente, “perder” esta palavra, isto é, tentar falar de novo e pronunciar de um jeito diferente
  9. Têm dificuldades escolares
  10. Têm dificuldades emocionais. A criança até tenta falar, mas não consegue, o que pode gerar frustração e baixa autoestima. Em alguns casos, pode apresentar comportamentos agressivos

Como é feito o diagnóstico de apraxia da fala?

Para diagnosticar a apraxia de fala, o primeiro passo é procurar um fonoaudiólogo com experiência na área de transtornos da linguagem. Esse profissional avalia o paciente por meio de testes e tarefas específicas, para testar as habilidades motoras orais e de fala.

Menino fazendo exercícios com a fonoaudióloga — Foto: Freepik
Menino fazendo exercícios com a fonoaudióloga — Foto: Freepik

“Conseguir o diagnóstico correto é um desafio. Infelizmente, por ser um diagnóstico não tão reconhecido como outros, não é incomum os pais passarem por vários profissionais até chegar ao diagnóstico correto ou, infelizmente, receberem diagnósticos equivocados e que certamente prejudicam o tratamento assertivo”, ressalta Giusti.

A especialista ainda menciona que não existem exames específicos para identificar essa condição. O diagnóstico é feito a partir da análise clínica.

Normalmente, só é possível cravar o diagnóstico de AFI a partir dos três anos de idade. "No entanto, antes disso, já é possível identificar os sinais de alerta e já iniciar uma intervenção precoce”, explica a fonoaudióloga.

No entanto, fique atento! Nem toda criança com atraso ou dificuldade para desenvolver a fala tem apraxia. “Temos outros tipos de transtornos de fala. Realizar um diagnóstico diferencial é fundamental para o direcionamento do tratamento."

Apraxia da fala tem cura?

A apraxia da fala não tem cura, mas, com tratamento adequado e intervenção precoce, a criança pode aprender a se comunicar de forma eficaz.

O tratamento de apraxia da fala é feito durante as sessões de terapia fonoaudiológica individuais. Durante as consultas, a criança aprende a como planejar e organizar, intencionalmente, os movimentos dos órgãos fonoarticulatórios para produzir os sons da fala. “A criança apráxica, deve pensar, treinar e aprender como falar. A terapia deve ser motivadora para mantê-la engajada no processo”, aponta a especialista.

Durante o tratamento, os pacientes podem ter apoio de outros profissionais como fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, psicólogos, assim como o suporte da escola, que é essencial nessa fase. Há também evidências científicas que mostram resultados positivos dos métodos de tratamento baseados na aprendizagem motora.

Relação entre apraxia da fala e autismo

Em alguns casos, algumas características da apraxia, principalmente em crianças de 18 a 24 meses, podem ser parecidas com as do autismo.

Crianças com AFI podem não desenvolver a fala nesta idade, ter dificuldades no processamento sensorial, como sensibilidade a texturas, andar na ponta dos pés, ter seletividade alimentar, dificuldade para imitar e para brincar e ainda ter um comportamento mais rígido ou metódico. Essas características também são comuns no autismo.

Por isso, o diagnóstico correto é essencial, uma vez que os tratamentos recomendados para cada condição são diferentes. “Podemos ter crianças que têm AFI, mas não têm autismo. Temos crianças com autismo sem AFI ou ainda, as duas condições podem ocorrer, ou seja, uma criança pode ter autismo e apraxia”, aponta a especialista.

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