Moises Chencinski - Eu Apoio Leite Materno

Por Moises Chencinski

Moises Chencinski é pediatra, membro afiliado da WABA. Coordenador do livro "Aleitamento Materno na Era Moderna. Vencendo Desafios", da SPSP

 


Uma semana. Você acha isso pouco ou muito?
A melhor resposta de sempre: DEPENDE.

Se for de férias, a maioria vai achar que é pouco.
Se for o que falta para chegarem as férias... affffeeee... nunca que passa.

Um ano tem 52 dessas semanas (e uns quebrados). E se a conta for, por exemplo, em 32 anos, estamos falando de 1.664 semanas. E se falamos de uma semana por ano nesses 32 anos (32 semanas), isso não representa nem 2% desse tempo (1,92% pra ser mais exato).

Conversa doida, né? Mas tem uma razão (pelo menos pra quem gosta de números).

De 1 a 7 de agosto, celebramos a 32ª Semana Mundial de Aleitamento Materno (SMAM) que tem o tema: APOIE A AMAMENTAÇÃO. FAÇA A DIFERENÇA PARA MÃES E PAIS QUE TRABALHAM.

Mãe amamentando filha no colo  — Foto: Criativa Pix Fotografia/Pexels
Mãe amamentando filha no colo — Foto: Criativa Pix Fotografia/Pexels

Desde 1992, a 1ª semana de agosto é dedicada à sensibilização sobre a importância e a relevância do aleitamento materno e a propostas de ações para proteger, apoiar e promover o padrão-ouro da alimentação infantil, entre as mães que podem, querem e conseguem amamentar. No Brasil, desde 2017, estabeleceu-se por lei que o mês de agosto inteiro (AGOSTO DOURADO) seja marcado por planejamentos e atos que ressignifiquem a influência do leite humano na saúde materno-infantil.

A cada ano, a WABA (World Alliance for Breastfeeding Action) determina o tema a ser abordado mundialmente, com recomendações de atividades, de políticas, sugerindo responsabilidades e responsáveis para que cada vez mais bebês possam ser amamentados exclusivamente da sala de parto até dois anos ou mais, e em livre-demanda até o 6º mês (OMS).

E para cada planejamento surge um número cada vez maior de desafios, de obstáculos, de dificuldades e frustrações em vários campos.

A indústria, através de seu marketing abusivo, tenta (e muitas vezes consegue) tirar a confiança das mães em suas possibilidades de amamentar, com sua estratégia básica: CRIAR DIFICULDADES PARA VENDER FACILIDADES.

As políticas públicas, fundamentais para que se estabeleçam prioridades de ações e investimentos, como por exemplo, proteger a mãe que queira amamentar em público de constrangimentos, licença-maternidade de seis meses para todas as mães, licença-paternidade de (pelo menos) 20 dias para todos os pais, direito a creches para todos os filhos de mães que trabalham, especialmente as que amamentam, flexibilidade nos horários de mães que trabalham e amamentam para que possam extrair o seu leite, em salas de apoio à amamentação em todas as empresas.

E cada um desses temas é abordado em uma das semanas mundiais de amamentação, algumas mais de uma vez, durante esses 32 anos, durante essas 32 semanas, durante quase 2% desse período. E as 98% das semanas restantes? Por muito tempo, a lembrança dessa importância ficou restrita às duplas mãe-bebê, a menos do que o desejável de profissionais de saúde-materno-infantil, a poucas ações governamentais (leis, investimentos) e de empresas (praticamente só as cerca de 25 mil Empresas-Cidadãs – parece muito, mas que que correspondem a 1,52% das empresas brasileiras).

2023. Podemos fazer a diferença (?)

Possível? Sim.
Mas, para isso, é necessário analisar, planejar, executar e reavaliar o assunto todos os dias do ano (lembra do Ano Nacional do Aleitamento Materno – ANAM), com a ação de todos os envolvidos direta e indiretamente com a amamentação.

A mãe que amamenta no trabalho é tema de debates e propostas desde a criação da OIT (Organização Internacional do Trabalho), em 1919, com reforço na Declaração de Innocenti em 1990, em várias das semanas mundiais de aleitamento materno desde a 2ª delas, em 1993, até a desse ano (30 anos depois), e as questões são as mesmas:

  • Licença-maternidade de 6 meses e licença-paternidade de 20 dias;
  • Creche para filhos de mães que amamentam;
  • Salas de apoio à amamentação em empresas;
  • Horário flexível para mães que trabalham e amamentam.

E isso sem contar que cerca de 40% das mulheres trabalham no setor informal, assim, sem direitos trabalhistas, mas, em grande parte também com desejo de amamentar seus filhos pelo máximo de tempo possível.

O caminho é longo, mas não é fácil, mas é importante, mas tem desafios, mas é possível, mas... sim, existem muitos “mas”.

Esses são só uma semana e um mês do ano em que “combinamos” de reforçar a informação, o conhecimento, o impacto da ampla importância da amamentação para o Brasil.

Nós vamos passar, assim como gerações passaram desde que o mundo é mundo. E a amamentação vai seguir com, sem ou apesar de nós. De qualquer forma, fazemos e faremos parte dessa história. Como você quer ser lembrado? Ou esquecido?

E para terminar, uma frase atribuída a Greta Thunberg, uma jovem ativista sueca:
“Eu aprendi que nunca somos pequenos demais para fazer a diferença.”

Dr. Moises Chencinski é pediatra, membro afiliado da WABA. Coordenador do livro "Aleitamento Materno na Era Moderna. Vencendo Desafios", da Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP) — Foto: Arquivo pessoal
Dr. Moises Chencinski é pediatra, membro afiliado da WABA. Coordenador do livro "Aleitamento Materno na Era Moderna. Vencendo Desafios", da Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP) — Foto: Arquivo pessoal

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