A gente não ensina o que sabe. A gente ensina o que é. Repito isso como um mantra. Pelo meu filho e por todas as crianças e professores que impacto.
Tenho rodado o país inteiro dialogando com famílias, com diretoras de escolas, coordenadoras e alguns milhares de professores também. Tenho visitado outras centenas de escolas e, cada vez mais, tenho certeza de que estamos vivendo o começo de uma revolução na educação.
Vocês vão se perguntar: mas não se vê nada disso nos principais indicadores de aprendizado dos estudantes. Não mesmo. Porque a revolução que estamos vivendo é da ordem do sensível, de uma transformação profunda e interior. É da ordem da urgência, da consciência de que, se não olharmos para dentro, para o que nos emociona e mobiliza, não existirá uma educação social e empática possível. Não haverá justiça e generosidade.
Vejo pessoas precisando de colo, abraço, escuta. Vejo mães e pais desesperados, pois todo mundo sabe educar seus filhos melhor do que eles. Essa sociedade da performance, onde corremos atrás do próprio rabo na busca por performar um ideal de maternidade, de paternidade, de sucesso e equilíbrio tem afastado cada vez mais as pessoas de seus propósitos. De serem quem podem ser, e não quem devem ser.
Vejo professores e professoras enlouquecidos tentando performar desenvolvimento constante em seus estudantes só porque as escolas estão num surto coletivo de serem as mais inovadoras do mundo, e se esquecem dos seres humanos que estão lá precisando de ajuda para entender esse mundo.
A revolução na educação não é da ordem instrumental (tablets, lousas e salas de aula que simulam um escritório moderninho), a revolução está no ser humano. No sensível, na consciência, na intenção do gesto que quer construir um mundo melhor. Onde só há vida se todas as pessoas puderem usufruir dela. As crianças pensam assim. Elas querem o grupo, querem se entender no outro, querem ser o que o outro também é.
Tenho visto pessoas cansadas de dicas e receitas de educação. Tenho visto pessoas conscientes de que, quando fecham as portas de suas casas ou das salas de aula, estão sós. A vida real é bem diferente da vida dos livros, sites e afins.
A educação, nascida no conteúdo, não nos levará a lugar algum... porque as máquinas já fazem isso há tempos e o farão com muita força daqui para sempre. Resta-nos o ser humano. Transformamo-nos no que sabemos, entregando emoção e contagiando o mundo com os encantamentos de aprender. Esta é a revolução. Por isso, eu sigo como pai e como educador.
Tenho visto pessoas entendendo a urgência de olharmos para dentro, de nos conectarmos com o simples, com a natureza, com as pessoas, de maneira generosa. Que a gente possa ser o reflexo do mundo que queremos e que a nossa luz ilumine o caminho das crianças.
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