Saúde
 


"A gestação do Pedro foi uma surpresa", disse a mãe, Adna Cotrim, de Canguçu, no interior do Rio Grande do Sul. Ela, que já tinha dois filhos, conta que o caçula não foi planejado, mas logo ficou feliz com a notícia. A gravidez aconteceu sem intercorrências. "Fiz o pré-natal certinho, todos os exames. Tenho mais dois filhos, e essa foi a gestação mais tranquila que tive. Os outros dois nasceram prematuros, mas o Pedro fechou as quarenta semanas certinhas", lembra.

No entanto, após o parto, o bebê começou a chorar de forma inconsolável. "Não tinha peito, não tinha nada que acalmasse", lembra. Após diversos exames, foi constatado que o bebê estava com um braço paralisado. "O raio x revelou uma 'lesão duplex braquial'. A médica disse que era 'normal' de acontecer com bebês grandes", conta. Pedro nasceu com mais de 4 kg, e havia suspeita ainda de ter fraturado a clavícula. Confira, a seguir, o depoimento completo da mãe e o que dizem especialistas sobre esse tipo de lesão.

Pedro teve lesão do plexo braquial e fratura na clavícula — Foto: Arquivo pessoal
Pedro teve lesão do plexo braquial e fratura na clavícula — Foto: Arquivo pessoal

"Com 40 semanas, as contrações vieram e fui foi para o hospital. Chegando lá, fui atendida pelo médico de plantão. Ele falou que eu estava com três dedos de dilatação, mas me mandou para casa, disse que o bebê poderia vir no mesmo dia ou em três dias, então, era para eu voltar caso sentisse qualquer coisa diferente. Voltei para casa e, na madrugada, senti a bolsa estourando. Tomei banho e retornei.

Quando cheguei, já estava com seis dedos de dilatação. Fui para o quarto de parto e deitei, estava com muita dor. O médico examinou novamente e logo cheguei a dez dedos, mas Pedro não nascia. Esses dez dedos de dilatação ficou por muito tempo, foi quando falei que não estava mais aguentando de dor. O médico disse que me daria um soro para 'acelerar o parto', mas a dor aumentou ainda mais. Até que ele finalmente nasceu. Foi uma expulsão totalmente diferente dos meus outros dois filhos. Ele saiu num 'pulo', muito rápido. Pedro chorou, o pediatra levou para pesar e trouxe para mim. Ele nasceu com 4,1kg e o médico disse que ele estava 'muito bem'.

Fui levada para o quarto e não vi mais o médico. Logo após o parto, teve uma troca de plantão. Dei o peito para o bebê e a enfermeira disse que, em uma hora, eu poderia tomar banho. Quando levantei e fui para o banheiro, tive um sangramento enorme. O banheiro ficou encharcado, eu fiquei cambaleando, muito tonta e a cama virou uma poça de sangue. Era um sangramento intenso. A médica mandou aplicar uma injeção para estancar o sangramento... e nada! Quando veio para me examinar, apertou minha barriga e sairam restos de parto. Ela explicou que o sangramento era por causa disso. Depois, o sangramento parou, consegui tomar meu banho e até então, o bebê estava tranquilo.

Choro inconsolável

No entanto, quando chegou o momento de Pedro tomar banho, ele começou a chorar e não parou mais. Minha acompanhante comentou: 'Você não está achando estranho um dos braços do Pedro? Ele não movimenta, fica sempre com um dos braços caído. Um está para cima e o outro está caído'. Mas, naquele momento, eu estava tão cansada que não notei. Ela, então, ficou com ele para eu descansar, mas o bebê só chorava. Conversei com a enfermeira, pedi para chamar a pediatra, mas ela voltou dizendo para eu 'dar um leite porque ele estava com fome'. Expliquei que eu tinha bastante leite e ele havia mamado. Mesmo assim, elas tentaram dar uma mamadeira de leite, ele não quis e continuou chorando — era um choro de dor.

Pedi novamente para que a pediatra fosse chamada. Ela não veio e mandou dar paracetamol, pois 'deveria ser cólica'. Passou uma hora, ele dormiu e, quando acordou, uma hora depois, voltou a chorar insistentemente. E foi assim até amanhecer — não tinha peito, não tinha nada que acalmasse. Na troca de plantão, veio outra pediatra, ela entrou e falou: 'Desde a hora que cheguei, estou ouvindo esse bebê chorar sem parar'. Ela examinou, cortou todas as etiquetas das roupinhas, mas ele continuou chorando. Ela, então, levou ele para verificar com mais calma. Pediu exames de sangue e falou que o braço dele não estava movimentando, estava 'paralisado'. Pediu um raio x, pois suspeitou de fratura na clavícula. Eu ainda estava fraca devido ao sangramento, então, a madrinha o levou para fazer o raio x — e ele sempre chorando. Quando tiraram a roupa, ele chorou ainda mais.

Pedro não mexia o braço — Foto: Arquivo pessoal
Pedro não mexia o braço — Foto: Arquivo pessoal

Lesão e paralisia

Os resultados dos exames de sangue não mostraram alterações, mas o raio x revelou uma 'lesão duplex braquial'. A médica disse que era 'normal de acontecer com bebês grandes', pois ele não conseguia passar no canal do parto, então poderia quebrar a clavícula ou ter essa lesão. Eu questionei, falei que, para isso, existe a cesariana. Mas ela apenas recomendou fisioterapia. Saímos do hospital e ele ainda chorando. A fisioterapeuta, que é particular, recomendou outro raio x, pois suspeitou que ele também estava com a clavícula quebrada e decidiu imobilizar o braço para amenizar a dor.

O exame apontou uma possível fratura. Por isso, a indicação era consultar com um ortopedista com urgência. Fui, então, na Secretaria de Saúde tentar atendimento pelo SUS, mas disseram que seria 'muito demorado'. Resolvi fazer uma publicação nas redes sociais e estava quase pagando uma consulta particular, embora não achasse justo — não foi culpa minha nem do bebê. Foi, então, que após o caso repercutir, conseguiram uma consulta rapidamente. O ortopedista confirmou a lesão duplex braquial, explicou que ela causa paralisia, mas que o caso do Pedro não parecia ser grave. Falou que a clavícula dele havia quebrado, mas já estava coladinha — ele já estava com um mês de vida —, e recomendou fisioterapia para ele recuperar os movimentos.

Pedro brincando ainda com a movimentação do braço e mão esquerdos limitadas — Foto: Arquivo pessoal
Pedro brincando ainda com a movimentação do braço e mão esquerdos limitadas — Foto: Arquivo pessoal

Hoje, com 1 ano, Pedro continua fazendo fisioterapia. Ele é muito novo para cirurgia e não pode sofrer nenhum impacto no braço para não prejudicar o tratamento. Nunca mais vi o médico que fez o parto. Infelizmente, ele não explicou nada. A lesão só foi constatada depois de tanto choro e sofrimento. Ele está melhorando, movendo o bracinho cada vez mais, mas o médico disse que meu filho não vai recuperar 100% os movimentos.

Hoje, mais de um ano depois e ainda fazendo fisioterapia, Pedro já recuperou parte dos movimentos — Foto: Arquivo pessoal
Hoje, mais de um ano depois e ainda fazendo fisioterapia, Pedro já recuperou parte dos movimentos — Foto: Arquivo pessoal

Sobre a lesão do plexo braquial

Apesar de assustador, segundo o neonatologista Celso Rebello, da Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP), a lesão do plexo braquial pode acontecer, principalmente com bebês que nascem pensando mais de 4kg. "Sim, é um risco para bebês grandes, pois há uma dificuldade na passagem dos ombros pelo canal de parto, o que pode levar ao estiramento do plexo braquial com possibilidade de lesão dos nervos deste plexo, assim como possibilidade de fratura de clavícula", esclarece.

Segundo o especialista, existem outros riscos no nascimento de bebês grandes por parto normal, mas este é apenas um deles. A lesão, nesse caso, ocorre em um conjunto de nervos que conectam a medula do bebê a um dos membros superiores, quando é feita tração excessiva no pescoço durante o nascimento ou pelo uso de instrumentos como o fórceps. É mais comum no parto normal, mas também pode acontecer em cesáreas. "Em caso de fetos macrossômicos (muito grandes, geralmente acima de 4 kg), a opção pelo parto cesáreo pode ser feita pelo obstetra, após a avaliação da cintura pélvica da mãe para evitar o trauma fetal", esclareceu.

Na maioria dos casos, somente com fisioterapia, espera-se que a criança recupere os movimentos (ou a maior parte deles) até o primeiro ano de vida. No entanto, em casos mais grave, como quando ocorre o rompimento de nervos, pode ser necessário intervenção cirúrgica.

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